A gestão de conteúdo no modelo clássico e no 2.0

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Hoje, debaixo do guarda-chuva da web 2.0 cabe tudo, até elefante de sunga, tomando banho de baldinho. Vamos, portanto, separar o teclado do mouse. Primeiro, o que a Web 2.0 traz de verdadeiramente novo e diferente?

1. A possibilidade de uma comunidade de usuários criar e modificar diretamente o conteúdo dos websites.

O que nos leva à segunda grande mudança:

2. O gestor de conteúdo, informação, ou seja lá o nome que tenha, muda de lugar. De prover conteúdo, passa a gerir comunidades, que tomam o seu antigo posto.

Essa é a grande mudança, o resto é lança-perfume.

As mudanças atendem a um requisito fundamental dos nossos tempos de muita informação e pouca atenção:

1. É preciso aumentar a velocidade para a geração de informações em áreas cada vez mais mutantes;

2. Não existe, no modelo clássico, a possibilidade de uma pessoa, ou uma pequena equipe, conseguir ser rápido, amplo e preciso como milhares o são;

Ou seja, a produção coletiva não vem para criar problemas, mas solucionar os que estão aí sem solução. Assim, temos agora um novo ambiente comunicacional informacional disponível para resolver diversos problemas. Antes, em função das tecnológicas disponíveis, era preciso um carimbador-oficial de cada website: isso entra, aquilo não.

Havia um ?porteiro?, pedindo carteirinha de conteúdo na porta, o que tornava o site pesado para algumas demandas.
Agora não. Nos sites Web 2.0 puros e sem gelo, a grande marca é a demissão do porteiro para ganhar rapidez. O usuário não precisa mais passar mais pela portaria. Entra pela janela, teto, do chão, etc….

O novo ?ex-porteiro? administra a comunidade, ajuda nas regras, nas ferramentas de regulação da massa, incentiva, acompanha alguns conteúdos críticos.

Mas é muito mais um animador comunicacional e informacional, do que um gestor de conteúdo e informação clássico.

(Nós chamamos o novo profissional de gestor de comunidades com o apelido de apicultor de colméias. Ver mais detalhes no nosso livro Conhecimento em Rede, da Campus, meu e de Marcos Cavalcanti.)

Um website com comentários, notas, etc…é algo bacana interativo, mas não é Web 2.0. Ou seja, resolve alguns problemas, mas não os que a sociedade impõe cada vez mais: velocidade com qualidade.

Nesses websites 1.0 o porteiro continua lá, com o poder de decidir o que entra e o que não entra. Permite-se comentários, dar notas, mas o filé mignon quem coloca no balcão é ele, o que torna a informação pouco vibrante, estática e, portanto, atualmente, em muitos casos, sem valor.

Ou seja, a Web 2.0 veio para produzir de forma dinâmica um novo processo de gerar informação, que só funciona com comunidade interagindo e criando inteligência coletiva.

Dito isso, vamos ao segundo ponto.

Não existe um tipo só de site colaborativo de massa 2.0. Existem vários modelos, mas com apenas duas vertentes, até agora, claramente identificadas. Vejamos:

Tipo de site ?sem porteiro? no conceito Web 2.0

  • O usuário inclui conteúdo. mas não mexe no conteúdo alheio. Como característica, os usuários comentam, dão nota, etc, mas não mexem naquilo que o outro postou. (Ex: YouTube, Orkut, Fotolog blogs individuais).
  • O usuário inclui conteúdo, mas mexe no do alheio. Como característica, os usuários comentam, dão nota, etc, e podem mexer naquilo que o outro postou. (Ex:Wikipedia, blogs coletivos).

Notem que são duas possibilidades que vão se encaixar, conforme cada necessidade. Não é que uma é melhor do que outra, mas atendem a demandas distintas. E para cada uma delas exige-se um tipo de gestão.

Dentro de cada uma existem variantes, vejamos:

O usuário inclui, mas não mexe no conteúdo alheio, com direito, entretanto, a comentário ou dar notas. Ou sem direito a comentário, dando nota. Ou dando nota sem direito a comentário, etc.

O usuário inclui e pode mexer no conteúdo alheio, mas sem direito, entretanto, a comentário ou dar notas. Ou com direito a comentário, dando nota. Ou dando nota sem direito a comentário, etc.

O grande desafio agora é, diante destes modelos, responder:

  • 1. Qual é o melhor modelo web 2.0, dentro dos meus objetivos, para que eu possa ganhar agilidade?
  • 2. Como criar uma gestão nesse modelo para que consiga separar adequadamente o lixo da qualidade?
  • 3. Que tipo de profissional preciso? E com que formação?
  • 4. Quais ferramentas disponho hoje para atingir essas metas?

(Vou deixar estas questões no ar para responder nos novos artigos)

Destaquemos, porém, agora, que para administrar projetos da web 1.0, no qual tínhamos o porteiro, já temos todas as ferramentas, livros, profissionais adequados para exercer a função.

O problema ao misturar sites 1.0 com os 2.0 é de que temos a tendência de encaixar as antigas metodologias e profissionais não preparados para administrar um novo modelo, com risco enorme de fracasso.

Assim, se vamos querer ganhar as facilidades e benefícios da nova etapa da rede, é preciso compreender exatamente o que é novo e o que ainda está no modelo anterior, útil ainda para diversos problemas..

É novo tudo que não tem porteiro. Não é novo: os projetos com porteiro. A partir disso, temos caminhos bem distintos a tomar.

Portanto, se alguém chegar para você para apresentar e pedir a opinião do que você está achando do novo-mega-super-inovador-show-de-bola projeto web 2.0, sugiro que dê uma olhada na entrada da boate do website do cidadão.

Se tiver porteiro carimbando convites, alguma coisa está errada. [Webinsider]

.

Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

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7 respostas

  1. Mark,

    concordo com você, o que existe é a Web, mas note que todo novo sistema de conhecimento evolui com o tempo.

    Os primeiros livros eram caros, grandes, ruins e mal diagramados e foram se aperfeiçoando.

    Não foi de uma hora para outra que se massificaram, mas foram ganhando espaço na sociedade.

    A Web 2.0 atende à demanda de demarcar um momento antes da banda larga e depois, quando a explosão da colaboração em massa foi possível.

    Note que a plataforma é a mesma, já que se colaborava desde que a rede é rede, mas de forma massiva, realmente foi a primeira vez.

    Hoje, não luto mais contra termos, mas procuro utilizá-los para ajudar a conscientizar as pessoas sobre tudo que está aí e virá.

    Se há o espaço para falar da Web 2.0, então, falemos,

    grato pelos comentários,

    Nepomuceno.

  2. Navexx, a explicação é simples: em zilhões de sites e blogs por ai, pessoas definem Web 2.0 como a unificação de várias tecnologias (como Ajax), a utilização de Web Standards e a colaboração do público com o conteúdo do site. O Carlos apenas acredita que a única diferença é essa interação de conteúdo. O resto é firula.

    Na minha opnião, tudo isso é firula (ou lança-perfume). Web 2.0 é um maldito termo que infelizmente pegou. Web 2.0 e Web 1.0 não existem. O que existe é a Web. Mutante e dinâmica.

    O que é dito Web 2.0 na minha opnião é apenas uma evolução no uso da Internet, pois tudo o que é possível fazer hoje era possível fazer a vários anos atraz (tirando alguns fatores técnicos que com algumas adaptações era possível de se atingir coisas semelhantes). Peguem o cenário da Internet hoje e o da Internet a 3, 4, 5 anos atrás: tinhamos um público infinitamente menor, conexões e computadores pessoais com recursos limitados e internet muito cara (principalmente no Brasil).

    O cenário é outro, as necessidades são outras e as idéias são dinâmicas, mas a Internet é a mesma. Ainda temos a internet como uma aplicação via browser que comunica cliente-servidor. A única coisa que a tal da Web 2.0 fez foi liberar a área administrativa dos websites para o povão poder trabalhar em tudo, e dar um termo não técnico para que um bando de marketeiros que não entendem nada te tecnologia possam ter algo para falar.

  3. Cara,

    não entendi o seu ponto de vista:
    Essa é a grande mudança, o resto é lança-perfume.

    Pode ser me explicar?

    Obrigado
    Atenciosamente.

  4. Caro Leandro, muito bom o seu comentário, tenho estudado e visto que os sistemas abertos para a participação criam ferramentas de controle.

    Ou seja, cada usuário é monitorado pela sua atitude dentro da comunidade e se ele não se comporta bem é punido de alguma forma, os modelos de punição variam de site para site.

    Assim, em uma organização aparentemente caótica se ganha a possibilidade de produção coletiva e ágil da informação.

    Um modelo de gestão que é urgente dominarmos para podermos dar respostas às necessidades dos usuários.

    Grato pelo comentário,

    abraços

    Nepomuceno.

  5. Em primeiro lugar, parabéns pelo artigo. Muito bom.

    Minha visão estreita sempre me leva a pensar no fator humano. Tanto do lado dos profissionais que estão envolvidos num projeto, quanto no público deste projeto. E confesso quer nesse brave new world da rede, estou cada vez mais preocupado com o público; tanto como o bom – aquele que contribui positivamente com a geração de conteúdo, de acordo com a proposta do projeto – e com o mau – aquele que distorce a finalidade do sistema/estrutura/comunidade.

    Não estou me referindo às críticas, pois elas ajudam positivamente para a melhora do projeto e fornece material útil para isso.

    Bem, é isso. Até+

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