A TV digital e o mito das cavernas: luz e sombras

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Platão, esperto e sábio como poucos, criou uma bela alegoria sobre visões limitadas, fuga intencional (ou não) da realidade imediata e como algumas pessoas podem colaborar para que o bem comum ganhe.

Ou seja: a pessoa de visão, que tem uma percepção diferente do mundo, que não tem medo (ou controla o medo de forma eficaz), pode fazer a diferença ao compartilhar com todos (ou, pelo menos, com quem estiver mais próximo), a tal ?nova visão de mundo?, proporcionando assim um crescimento de todos, ou daqueles que se livram das amarras e acreditam no novo.

Ou que aquilo que sempre acreditaram ser a mais absoluta verdade não passava de sombras numa parede escura de uma caverna fria e úmida, porém confortável (notem bem, ?confortável?), já que não conheciam outra realidade, mesmo.

Como podemos saber se estamos numa boa situação se não conhecemos outras realidades e experiências?

O mito da caverna conta a história de pessoas que viviam no interior de uma caverna, desde suas infâncias, e de lá nunca saíam.

As pessoas, acorrentadas, só conheciam o mundo externo por meio de sombras que eram projetadas no interior da caverna, ou seja, a visão do mundo externo era uma visão totalmente distorcida e limitada, pois se resumia as sombras diversas.

Imagine: um pequeno rato tomava as dimensões de um terrível monstro, os homens pareciam gigantes, tudo muito diferente e aterrador.

Um dos homens resolveu sair da caverna. Construiu um artefato rudimentar, conseguiu quebrar as correntes, subiu à superfície e vislumbrou a realidade.

Após ter visualizado e vivenciado um pouco do ?novo? mundo e ter tido a certeza que a realidade era, de fato, simples, voltou à caverna e convidou todos a subirem, na alegoria perfeita da função do filósofo: mostrar a verdade, clarear as sombras.

A TV digital (ou não)

A vida, interpretada pelas sombras, traduzia uma realidade diferente da verdade.

Na TV (que não pretende salvar o mundo; na melhor das hipóteses, salvará a verba do cliente), existem diversas ferramentas e meios para comunicar conceitos, normalmente de forma visual. A utilização de diversas técnicas diferenciadas torna a televisão sofisticada, atual, moderna, ?up?.

Mas a vida segue lá fora.

Ao expressar ou recriar, seja qual for o meio, um estilo de vida diferente da maioria, ao ?agregar valor? a um produto qualquer por meio de recursos visuais bem desenvolvidos, há sempre a tendência de tirar o ser humano de seu meio real e levá-lo para outra realidade.

No final das contas, estaremos cercados de sombras, expostos em realidades estranhas às nossas, fornecendo visões deturpadas de vida para muitos, vendendo a idéia final do conceito superior, defendido como a verdade absoluta dos praticantes da profissão.

Sendo meramente estético, sem conceitos, ou cheio de significados, a televisão, em qualquer um de seus desdobramentos, é a ?ferramenta das sombras?, traduzindo regras gerais para todos, implantando conceitos de belo e feio, de moderno e ultrapassado, de funcional e inútil.

A televisão digital é o aperfeiçoamento das sombras. Agora, os acorrentados, na frente dela, terão acesso ao maravilhoso mundo das ?sombras interativas?, podendo mandar mensagens, interagir, decidir horários para a apresentação do ?grupo de sombras? favorito, que tal adquirir aquela moto-sombra fantástica? E sem sair da caverna! Parcelado no cartão! É bem verdade que você nem vai usar a moto dentro de onde está, mas, e daí? O importante é consumir!

Conclusão

Há o amor, também há o ódio, cada ação provoca uma reação normalmente contrária, muitas vezes em cadeia.

A televisão digital pode ser utilizada para melhorar a vida de todos, apresentando propostas inovadoras de programação, estimulando o pensamento crítico, facilitando o acesso para cultura e informação à todos. Mas, provavelmente, nada vai mudar.

Se, na concepção original, o mito da caverna pode ser traduzido no dilema de muitos que não conhecem a verdade, a televisão pode, na mesma proporção, disseminar sombras eternas, ou, quem sabe, lançar luzes sobre as mesmas. [Webinsider]

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Fabiano Pereira (bipereira@gmail.com) é designer gráfico (com especialização em UX design e interface design), front-end developer, wordpress developer, educador, escritor, músico, curioso de plantão.

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11 respostas

  1. Concordo plenamente com o Kleber: a TV digital vai ser a intensificação de um estímulo.

    Cá entre nós, a TV vai ser usada pelas sombras, mas também poderá ser usada em muito para o bem, imagine simulados feitos pela televisão. Imagine pesquisas de opinião feitas em tempo real.

    Como já disse no meu blog, vai ser a computadorização da TV.

    Quanto a metáfora, achei que foi um pouco extravagante mesmo e podia ser mais simples, pois não acredito ter dificuldade de entender(lol), apenas que o o texto estava confuso, mas a mensagem clara.

  2. O texto é bom e a analogia também. Adoro a história da caverna, ela é como um antídoto que nos permite manter o ceticismo saudável.

    Acredito que a TV digital, como a Internet, não vem para melhorar as pessoas, vem apenas para amplificar todos os estímulos, bons ou ruins.

    Ter um controle cheio de opções não te faz mais cidadão. A TV digital não vai tirar ninguém da caverna, vai sim aumentar a resolução das sombras.

    Tenho dó dos maníacos depressivos, vamos ter que cerrar os dedos para pararem de comprar pela TV.

    Sugestão: faça dois posts de cada vez sobre o mesmo assunto, um com analogias e metáforas e outro sem, bem denotativo para o pessoal com dificuldades de compreensão.

  3. Sinceramente Fabiano, seu contexto sobre a TV digital não está errado, mas a unica coisa que me deixa mais Put….. são pessoas como estas que não sabem analizar um texto com uma interpretação Util, não sabem fazer comparações ou analizes mais concretas sobre uma opinião própria. Sendo mais sincero ainda para quem não tem argumentos colocar uma critica de uma linha…sinceramente va cosar o saco, pois tem um pensamento a Redeas de Cavalo (pra quem e bom entendedor um pingo no i é linha) São pessoas assim, que tenho que concordar com o Denilsom, fazem nosso IDH ser o mais baixo, porque está tão viciado em tecnologia, que não sabe mais o que é bom para o ser Humano, do que adianta ser um ótimo e bilhionario programador ou Web designer se você não faz nada pela prosperidade Humana,se não você será mais um captalista idiota como a Microsoft. Para concluir um recado as próximas respostas, se você não pensa, ou tem preguiça deixe que pessoas mais criativas indiquem as soluções, ou os contras, você que fica sentado o dia inteiro na frente da TV apenas observe atitudes de pessoas que fazem acontecer, pois pelo resto de sua vida você será um telespectador, que segue nossas opiniões.

  4. Com sombras ou sem sombras, na minha opiniao, a televisao digital ja nasceu morta. Demorou demais, custa muito caro e youtube e cia sao opcoes muito melhores e mais poderosas.

  5. Olá Fabiano,

    Gostei muito do seu texto, sempre é bom filosofar ou discutir um pouco sobre os avanços tecnológicos e os impactos na vida cotidiana. Não só de saber técnico vive o ser humano.

    Parabéns

  6. oi Fabiano,,,,realmente a tv analogica já deixa as pessoas na sombra,,,,agora imagina a digital ai que vai obscurecer de vez,,,,olha o Japão é menor doque o meu estado do Pará,,,no entanto eles são a segunda economia do mundo…E porque????/pq lá eles estudam,,,,a televisão concorre com a leitura,,,lá existe uma revista em quadrinhos chamada Mangá,,,,que é tipo assim,,,da espessura da lista telefonica de São Paulo…O problema aqui no Brasil é que o pessoal é muito viciado em futebol e novela deque adianta ser campeão do mundo no futebol,,,enquanto temos um dos IDH(INDICE DE DESENVOLIVMENTO HUMANO)mais baixos do planeta,,,,até mais,,,,,,e continue pensando,,,,,nosso país precisa de pensadores,,,

  7. Eu discordo do inicio que compara a TV digital com sombras mais definidas.

    Não acho que progredir seja uma coisa ruim! Vai demorar, mas a TV digital vai ser a mesma coisa que foi do vinil para o CD, as pessoas – principalmente os brasileiros – demoram para perceber que tem que ser exigentes em qualidade.

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