Blu-ray mantém a liderança em relação ao HD-DVD

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Na guerra de formatos de alta definição entre Blu-ray e HD-DVD, deveríamos seguir uma fala tipicamente britânica que diz “wait and see” (espere e veja), pois é exatamente a atitude a ser tomada pelo consumidor de bom senso frente a esta batalha inútil e aparentemente interminável.

A cada etapa, aparecem notícias de uma guerra suja de bastidores. Em fóruns americanos, participantes suspeitos disseminavam noções de que o Blu-ray era uma tremenda fria para o consumidor, que a imagem era pior, que era muito mais caro e tantos outros argumentos.

Ocorre que Blu-ray tem mais memória por área de disco, proteção física grande no lado da gravação, roda num aparelho sem processador Intel e tem todos os codecs de áudio e vídeo em qualquer definição no mercado. Os discos abrigam filmes com 1080p, a 24 qps, e o número de leitores à venda é notavelmente maior do que o concorrente HD-DVD.

Lições de um longo conflito

Antes do lançamento do Compact Disc (CD), a Philips se investiu de diplomacia internacional ao fazer um acordo com a Sony, para depois convencer os gigantes da indústria eletrônica japonesa de que o padrão proposto deveria ser o mesmo para todo mundo. Graças a isso, foi feito o chamado “Redbook”, com as especificações que garantiram, ao longo dos anos, total compatibilidade de mídia para os leitores.

E isso não foi muito diferente no caso do DVD. Naquela época, cerca de uns dez anos atrás, foi a vez de a Toshiba fazer um acordo para que somente o disco proposto por ela fosse adotado por todos os estúdios e fabricantes de leitores. Philips e Sony, que já tinham protótipos de discos de alta densidade de dados para a mesma finalidade, cederam a vez para evitar a guerra de formatos.

As empresas que abrem mão de seus padrões, abrem mão também da cobrança de direitos de fabricação, os chamados “royalties”, e portanto esta é sempre uma decisão penosa, mas que beneficia o mercado consumidor.

Se alguém aqui ainda se lembra, na década de 1980 existiam três formatos de videocassete em uso: VHS, Betamax e Vídeo 2000. Naquela época, Sony (Betamax) e Philips (Video 2000) ficaram sozinhas no mercado. No caso do Betamax, que era considerado por muitos superior ao VHS, a teimosia maior foi a de não dar a licença da patente para outros fabricantes. Com o tempo, Betamax e Vídeo 2000 afundaram no mercado.

E então, por que cargas d?água a Toshiba não aprendeu esta lição? A empresa ignorou todos os apelos do enorme grupo industrial de suporte do formato Blu-ray, se uniu à Microsoft para tentar impor o HD-DVD no mercado, sabendo que os concorrentes já estavam à frente com um disco ótico superior em capacidade de dados e com apoio dos principais estúdios de cinema norte-americanos.

E de nada adiantou a série de apelos de entusiastas e técnicos, que não queriam esta guerra, porque com o SACD e o DVD-Audio aconteceu isso e os dois formatos acabaram não chegando a lugar algum.

Paramount e Dreamworks dão uma rasteira

Pegou todo mundo de surpresa a notícia recente de que os estúdios Paramount e Dreamworks pararam de lançar discos Blu-ray e retiraram do mercado os já existentes. Ou seja, quem comprou se deu bem e quem ainda quiser comprar vai ter que pagar uma nota sentida nos leilões do Ebay.

A falta de respeito com o consumidor é óbvia: a decisão o priva da liberdade de escolha a que tem direito. A curto prazo, é um autêntico tiro no pé, já que discos Blu-ray do mesmo título vendem numa proporção de 2:1 com relação aos seus congêneres HD-DVD. É sempre bom lembrar que alguns cineastas importantes, no caso Steven Spielberg, que é co-proprietário da Dreamworks, não toparam participar deste nefasto acordo.

A longo prazo, isso tudo vai desprestigiar o estúdio perante o mercado consumidor, porque não é a primeira vez que a Paramount toma uma atitude equivocada, atingindo o mercado como um todo. No início do DVD, o estúdio achava que o formato não era interessante para o comércio de home video americano. Mas, quando Disney e Fox, que tinham tomado atitude semelhante, saíram de cima do muro, a Paramount foi atrás. Se não tivesse feito isso, seria o único estúdio de cinema norte-americano sem DVDs no mercado.

Perspectivas do futuro imediato

Se alguém me perguntasse hoje se o formato Blu-ray tem futuro, ou se o HD-DVD ainda vai dar margem para a dúvida de muitos usuários, ou seja, se a guerra de formatos termina algum dia, eu diria, com base no que eu já vi e li, o seguinte:

Basta olhar o número de estúdios de cinema americanos que só vão apoiar o Blu-ray exclusivamente: Disney, Fox, Lionsgate e obviamente Sony Pictures, entre outros. Se este cenário não mudar, e tudo indica que não vai, o que se vai ver é o incremento paulatino dos lançamentos em disco e a entrada em novos mercados, como o Brasil, que tem um potencial enorme na área de home video.

Neste momento, pesquisas recentes indicam que as vendas de discos Blu-ray cobrem cerca de 70% do mercado de alta definição na Europa.

Não tenho a menor dúvida de que estúdios como Disney (e as subsidiárias Buena Vista, Pixar, Touchstone, Miramax etc.), quando se envolvem desta forma num formato, é porque acreditam no potencial técnico e financeiro.

O estúdio Disney aprendeu uma amarga lição com o formato DIVX (não o codec, mas o disco DIVX que era alugado nos Estados Unidos) e que sofreu uma das mais formidáveis campanhas negativas em meados do fim da década de 1990. A partir daí, o estúdio passou a ouvir o público e uma das vantagens foi a quebra daquela política de moratória, que impedia lançamento de clássicos, principalmente os de animação, em curto espaço de tempo.

Quando um amigo meu, dias atrás, me informa que está traduzindo e legendando vários títulos para discos Blu-ray, incluindo a nova versão de “A Bela Adormecida”, que sai em 2008, não resta dúvida de que o estúdio está antecipando a sua chegada ao Brasil.

Pouco me diz respeito sobre quem investe em quê, embora esteja convicto de que o HD-DVD não tem um futuro promissor, ainda mais por causa das limitações evidentes do formato e da falta de apoio na indústria.

É sempre bom lembrar que o investimento em mídia supera enormemente aquele feito no aparelho de reprodução e, num futuro mais longínquo, não será o uso de reprodutores híbridos que vai, a meu ver, resolver este problema. [Webinsider]

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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14 respostas

  1. Eu vou aproveitar a chance, antes do prazo útil deste artigo expirar no site, e acrescentar mais alguns dados, que julgo serem pertinentes, a respeito desta guerra:

    Antes, eu quero dizer que não sou uma pessoa afeita a interjeições do tipo: viu, bem que eu te disse…, e coisas assim. Mas, o que se pode falar das notícias e comentários que a gente lê no dia-a-dia da Internet?

    Aconteceu por acaso que, dias atrás, eu me deparo com o review (http://hddvd.highdefdigest.com/1110/transformers.html) da edição HD-DVD do título Transformers, que foi o pivô de uma polêmica, envolvendo Michael Bay, e que foi também o filme que muita gente achou que teria carisma comercial suficiente para dar uma sonora derrubada nas vendas do Blu-Ray.

    Mas não é no mínimo irônico que, lá pelas tantas desse review, o autor tenha se detido num aspecto técnico que derrubaria as expectativas de qualquer entusiasta de formatos de alta definição? O aspecto a que me refiro é a opção do estúdio de escolher um codec de áudio, de tal forma que não fosse preciso comprometer a qualidade final da imagem! Ora, se fosse num Blu-Ray, a Paramount não precisaria ter recorrido a este tipo de estratégia, porque o formato prevê taxas de transmissão (bit-rate) que o HD-DVD não tem.

    Diz o autor do artigo que a pergunta sobre esta limitação surgiu rápido, num evento de mídia que a Paramount realizou, ou seja, quem está atento ao que se está fazendo, quer questionar a tal superioridade industrial que a turma do HD-DVD vem alegando sistematicamente na imprensa. Ele ainda acrescenta, e com razão, que isto é apenas o prelúdio do nivelamento por baixo, com a iminente exclusão dos extras que os fãs tanto procuram neste tipo de mídia.

    O bom de se poder escrever de forma independente (como em publicações do tipo The Absolute Sound, por exemplo), o que aliás, graças a Deus, acontece comigo neste site, é que se pode assumir a responsabilidade de opinião perante o leitor, sem jamais se deixar seduzir pelos apelos comerciais e as promessas messiânicas da indústria.

  2. Oi, Nolan!

    Prazer em te ver neste nosso humilde espaço, e seria bom que você pintasse aqui de vez em quando, para expor a tua experiência nisso, porque aí são os leitores que lucram.

    Como a gente está sempre se falando, e nós ambos sabemos o que cada um pensa e/ou discorda (a discordância, no caso, é sempre saudável), eu vou aproveitar o ensejo e mencionar um artigo que eu li recentemente, escrito por James A. Moorer (e que pode ser visto no link http://www.jamminpower.com/PDF/New%20Audio%20Formats.htm), e que trata do que ele mesmo chama de Tempo de mudança, tempo de oportunidade, ao se referir ao áudio de alta resolução. Note que este senhor é, como você, um homem de estúdio, e portanto consciente das limitações do mercado.

    Mas, a questão não passa por aí, e sim pela chance que todos nós, como ouvintes, temos de aumentar a acuidade da nossa percepção auditiva (e conseqüentemente do nosso prazer musical), graças aos codecs novos, alguns dos quais hoje relegados a um nicho.

    O problema central é, no meu ponto de vista, que qualquer um que se disponha a alcançar essas mídias, poderá fazê-lo, na maioria dos casos, devido à teimosia dos estúdios de audiófilos, que insistem em tornar disponíveis coisas obsoletas, como por exemplo, o SACD ou o DAD (LPCM, stereo, 192 KHz/24 bits ou 96 KHz/24 bits). Mas, para fazer isso, só poderá fazê-lo por intermédio do uso de um disco. Isto é particularmente verdadeiro no caso do SACD, por conta de esquemas de proteção contra cópia.

    Tudo isso, é claro, vai por terra, no chamado mercado de massa, que não se interessa em banalidades como o áudio de alta resolução. Você mesmo diz, e com toda a propriedade, que o MP3 é mais do que suficiente para a maioria dos ouvintes. Então, porque se preocupar com isso, certo?

    É porque uma outra parcela significativa do público, que, você mesmo sabe e conhece, sempre esteve à margem do mercado de massa, e que procura avidamente este tipo de produto, o suficiente para manter estes estúdios no ramo.

    Porque, para este tipo de consumidor, colocar certas gravações em MP3, é muito próximo de um insulto na cara. Há um divisor de águas claro aí, que os estúdios entendem, respeitam, e suam as camisas e perdem dinheiro, para colocar qualidade em perspectiva, antes de qualquer outro fator de ordem financeira.

    No caso do Blu-Ray, é mais ou menos tudo isso, mas as chances de um produto desses chegar à massa, são infinitamente maiores, e como diz um amigo nosso, bastará que o mercado americano entre nisso de cabeça, para que todo este cenário de nicho vire da noite para o dia. Lembre-se que o DVD um dia também fez parte de um nicho de mercado, como foi o laserdisc.

    Enquanto isso não chega, nós podemos nos propor a assimilar e entender a tecnologia, como entusiastas que somos. Quanto a mim, eu não tenho nenhuma dúvida de que o futuro a médio prazo vai na direção da alta definição de vídeo, e duvido muito e faço pouco, que o grande público vá ficar restrito à programação do ar, que é massificante e em muitos casos, chata e desinteressante.

    Um abração, e obrigado pela sua participação.

  3. Apenas um adendo:
    Tomemos a industria fonográfica,

    No começo,todos os players eram mecanicos e se chamavam Fonografos,

    Depois apareceram as valvulas,e os players,mecano-eletrônicos,passaram a se chamar de
    Victrolas

    Recentemente os players se tornaram eletrônico-mecânicos e passaram a se chamar de Micro-Sistems

    Hoje(e mais ainda no futuro) os players se tornaram exclusivamente eletrônicos e passaram a se chamar
    IPods e/ou MP3.Fechou-se um ciclo…

    Não conheço nenhum player de video mecânico mas certamente quero conhecer um que seja todo eletrônico.

    Abraços,
    Nolan

  4. Oi Paulo:

    Seria eu este teu amigo que adora MP3? 🙂
    É importante que eu esponha meu ponto de vista,vendo o lado pratico do MP3 ou de qualquer outro formato audio-comprimido.Toda a nova geração já o adotou(IPods vendem cem mil players/dia e quase um milhão de musicas/mês) porque o CD está acabando,devagarzinho,mas acabando.Até as grandes gravadoras reconhecem isto.O som(preciso no minimo de 192bps) já é muito bom,e surpreendeu conhecedores,que se perderam em comparações no estudio!!!! E não esqueça,tem sempre gente(orientais com certeza) pesquizando novos codecs por aí,visando qualidade e compatibilidade.Nosso futuro será comprimido,mas com qualidade.

    O meu problema com o Blue Ray(BR) é realmente o drive.Desculpe,Paulo,mas é uma coisa obsoleta,usar pelo menos dois motores e um diafragma ótico-mecânico ,coisa criada a mais de 20 anos atrás,para ver video.E o consumo da coisa?E a portabilidade?E a confiabilidade(o teu dá uns travamentos,lembra?)Eu sei que no momento,a unica e caríssima forma que todos nós temos de assistir TVHD em casa é através de um BR,mas daí a querer longa vida para tal formato…lembro que a Apple lançou um IPod de 160 gigas,ou seja,em mais dois anos teremos uma maquininha do tamanho de um maço de cigarro com dois…teras? E quantos filmes full HD cabem em dois teras? Lembro,Paulo,que data é data,o que tanto faz guardá-la em um disco ou chip
    do IPod ou similar.Vamos pois sentar tranquilos e observar…o que o povo escolhe.Quem ele escolher,vai sobreviver.Afinal,cadê o DVD audio,cadê o HDCD? Em uso nos USA? Mas com certeza em breve eles vão fazer companhia aos betamax,aos LPs,aos DCC,aos UMatic e até aos VHS.

    Abração,
    Nolan

  5. SpeedBit,

    Você tocou num ponto muito interessante, e merecedor de uma discussão mais profunda.

    Eu, por exemplo, tenho um grande amigo meu, que é profissional de estúdio há mais de vinte anos, e se tornou apologista da mídia de memória, tipo MP3 em MP3 player. E ele advoga exatamente isso: abolir de vez os discos como mídia, e usar memória física para tocar áudio ou vídeo.

    Eu respeito o ponto de vista de qualquer um, e certamente respeitaria o dele, mas peço licença para discordar:

    A implementação de qualquer codec complexo, como aqueles usados para áudio e vídeo de alta definição, requer a implementação paralela de um player capaz de reproduzi-los corretamente. Isto é que o problema, o resto é perfumaria. A demanda de processamento é notável, nestes casos, a taxa de bitrate excede até mesmo a capacidade de banda (bandwidth) dos cabeamentos convencionais.

    Se a gente for olhar ponto a ponto a cadeia de reprodução de alta definição, vai notar que, uma vez desenvolvida a mídia, e tornando-a barata para duplicar, o resto vai ser resolvido a nível de hardware. Mas, porque usar um disco?

    Porque é fácil de duplicar. O formato de disco tem vantagens, desde que foi inventado por Emile Berliner! Note que o disco digital é controlado com competência eletrônicamente. E a ótica usada nos pick-ups digitais é assustadoramente simples e barata. E qualquer um, que se habitua a comprar peças para computador, pode verificar isso. Um drive de computador, que grava até pensamento, custa hoje menos que 100 reais em qualquer Info Shopping da esquina. E é um aparelho inacreditavelmente confiável, lê discos que aparelhos de mesa não lêm.

    Eu concordo que a mídia de disco é arcaica. Mas, ela funciona. O que não funciona direito são processadores, programas tipo firmware, e outras coisas que são implementadas nos players. Quando estes aspectos são resolvidos, as mídias (no caso, discos) tocam sem problemas, e com um mínimo de cuidado, duram bastante. Eu tenho CDs comprados em 1983, e estão tão bons quanto no dia que comprei.

    O que a indústria nos nega sempre é a política justa de preços. Toda mídia nova custa caro! Algumas outras nunca caem de preço. E o investimento maior de todo usuário é, sem dúvida alguma, na mídia!

    A memória como transporte de conteúdo para vídeo de alta definição provavelmente chegará num auspicioso dia, junto com tudo que é DRM que os estúdios têm direito. Até lá, eu sou um que não vou perder meu tempo, e me privar de ver os filmes que eu gosto, com altíssima qualidade, só porque estão em disco.

    Mais uma vez, é claro, a opinião é toda minha, e qualquer um tem o direito mais do que sagrado de não concordar!

  6. Pessoal, eu só não entendo o porque de midias???
    Se em vez destes formatos, de disco, usar cartoes de memoria somente leitura.
    PenDrives, filmes em chips, no primeiro momento mais caro, mas com uma fabricação gigantesca baretearia.

    Maior velocidade de transmição, energia economizada pelos aparelhos reprodutores e capacidade infinita.

  7. Um adendo:

    O Blu-Ray já está nos planos de fabricação da China há algum tempo. Isto foi noticiado com grande alarde pelos sites de fãs. Eu não sei que impacto isto vai ter no mercado.

    Por enquanto, o preço dos leitores só está alto aqui no Brasil. Lá fora, um Panasonic BD-10A já desceu da barreira dos 600 dólares, dependendo da revenda. Há bem pouco tempo atrás, um aparelho desses passava da barreira dos mil dólares (1300,00 em média).

  8. Dante,

    É verdade, a parte da Paramount ficou incompleta, mas se eu posso lhe dar uma desculpa sobre isso, seria a de economizar texto, por motivos editoriais deste site.

    Eu não me esqueci desta estória de que o HD-DVD é mais barato, etc. O que acontece é que esta foi a justificativa de um executivo da Paramount sobre a atitude deles.

    Mas, não convence. Porque se eles mesmos vendiam mais Blu-Ray do que HD-DVD e quem paga a conta é o consumidor, uma economia neste nível não faz o menor sentido, concordas?

    E houve gente pela Internet afora, dizendo que haviam falado com executivos da Paramount, que teriam dito que o acordo veio numa hora em que o estúdio estava sem muita grana. E isso levou a uma especulação de que a informação de que a Paramount teria embolsado 150 milhões de dólares seria verdadeira. No que nos concerne, se foi assim ou não, o fato é que isso certamente não cobre o buraco deixado no mercado pelo estúdio. E a maior evidência disso, na minha opinião, é que ambos Disney e Fox começaram a acelerar o release de títulos novos. A Fox sozinha pode dar uma chacoalhada nisso sem precedentes: basta colocar em Blu-Ray os filmes da série Star Wars, que já passaram pela master de alta definição, no caso dos títulos antigos, ou já foram rodados com câmera digital, cuja transcrição seria 1:1. Eu já vi um trailer do Star Wars III (qualquer um pode baixá-lo da Internet) a 1080i, e eu lhe digo que, comparado ao DVD, parece outro filme!

    Acho que pouca gente sabe que a Sony, anos antes do Blu-Ray, vinha usando mídia ótica nos equipamentos profissionais de alta definição. Mas a questão industrial é muito mais ampla, porque ela passa pela duplicação da mídia gravada.

    Eu acredito que para o fabricante de mídia ou para a indústria eletro-eletrônica, o DRM não interessa. Mas no momento de convencer estúdios a abraçar o formato, isto faz uma signficativa diferença, e foi por aí que a Tohsiba começou a pisar na bola. Para sorte nossa, diga-se de passagem, porque, afora o custo, o HD-DVD não tem nada de muito atraente.

    O HD-DVD foi acomodado com codecs de maior eficiência do que o MPEG-2, porque não tem memória suficiente para aguentar o que o MPEG-2 precisa, principalmente num filme longo. E acontece que o início dos trabalhos de estúdio com alta definição foi feito com MPEG-2, e se você levar em consideração o custo de remasterizar tudo outra vez, é possível entender porque o Blu-Ray tem um retorno financeiro, a nível de estúdio mais imediato!

    E foi justamente aí que começou o disse-me-disse pelos fórums da Internet. A turma que queria esvaziar o Blu-Ray, ao ver que os primeiros títulos em MPEG-2 tinham problemas, começaram a criticar a mídia.

    Ora bolas, a mídia é apenas um transporte do codec, um meio pelo qual você passa o codec para o display, mais nada!

    E, como aconteceu com outros formatos, DVD inclusive, os problemas de autoração foram resolvidos, e hoje esta turma está tendo que engolir os reviews de publicações respeitadas, afirmando que discos com MPEG-2 tem uma imagem excelente, e outros com VC-1 não tem.

    Nós que não toleramos este tipo de baixaria, sabemos que a questão do codec é irrelevante, sob muitos aspectos. Tudo depende da forma como eles são autorados. O processo de autoração é complexo. Tanto assim que muitos estúdios às vezes chamam os cineastas para supervisionar o trabalho feito, e mesmo assim, pode não dar certo. Um exemplo disso foram as várias correções de crominância ou contraste, para filmes como Lawrence da Arábia, Cidadão Kane, etc.

    A gente precisa observar todos estes fatores com calma, para não entrar no Betamax de amanhã, porque é assim que eu vejo a postura da Toshiba hoje.

    O público consumidor não é otário. Se você tem duas mídias com desempenho semelhante, mas uma delas não esconde as cartas debaixo das mangas, qual delas você irá escolher?

    Basta olhar como os leitores de Blu-Ray implementaram os codecs de áudio e vídeo. O Blu-Ray tem sinal 1080p nativo para transmissão por HDMI, e esta, amigos, é a única forma de passar vídeo desta qualidade adiante, disponível no momento. E quanto ao áudio, qualquer codec demandante tem transmissão HDMI default por LPCM multicanal (7.1), em todos os leitores Blu-Ray. Isto per se garante a integridade do sinal sem compressão, em praticamente todos os receivers capazes de processar LPCM por HDMI. Caso contrário, este mesmo sinal sai pela saída analógica (5.1 a 7.1), e assim ninguém vai sair perdendo, ou ficar esperando o dia de amanhã, para poder tocar um disco Blu-Ray na sua integridade.

  9. Concordo plenamente com o respeitável artigo do Paulo Roberto Elias, que por sinal me parece o melhor autor brasileiro quanto a tecnologia. A anos não via artigos tão bem elaborados, embasados e contendo informações tecnicas aprofundadas e relevantes, conciliadas com uma forte opinião pessoal bastante correta na maior parte dos casos.

    Fica evidente que o Blu-Ray tem uma enorme vantagem no mercado de discos de alta definição, principalmente pelo DRM e a forma com que os estúdios adoram essas proteções anti-cópia (que por sinal foi levantado no comentário do próprio Paulo Roberto Elias). Tive notícias de que a TDK conseguiu uma midia Blu-Ray de aproximadamente 200gb, o que é no mínimo algo muito promissor para lançamentos futuros, como uma trilogia, coletânea, seriado ou qualquer contéudo em alta definição usando a menor quantidade de mídias possível.

    Essa semana vi alguns testes com midias blu-ray e a proteção anti-risco das midias é espantosa, mesmo após utilizarem um cortador de pizza sobre elas, o disco continuou funcionando perfeitamente. Pode não parecer, mas considero esse um enorme avanço. Já sofri com midias que se perderam por riscos, mesmo tendo um enorme cuidado quanto a isso. Não é nada agradavel ver um DVD original, bastante raro e comprado fora do pais se estragando por conta de um problema antigo como o risco.

    Quanto a Paramount/Dreamworks, compartilhdo da mesma opinião. Erraram de forma catastrófica na escolha de exclusividade pelo HD-DVD, até porque pelo que sei assinaram um contrato de exclusividade por dois anos, ou seja, caso o Blu-Ray se torne padrão em um curto período de prazo, ficarão sem lançar títulos para o grande publico interessado. Para mim fica evidente que existe algum favorecimento muito grande por parte da Toshiba para que tomassem essa decisão perigosa, não vejo outro motivo para isso.

    Em um comentário acima foi dito que o Blu-Ray/HD-DVD perderá a batalha para o DVD convencional. Imagino que isso seja impossível, com a crescente demanda por TVs de alta definição ter uma midia HD se torna praticamente uma obrigatoriedade, apesar do bom trabalho feito pelos leitores com o upscalling do DVD convencional.

    Essa é uma guerra suja e bastante perigosa, não tomarei partido para lado nenhum até que a definição do padrão saia, o que acredito que não demore muito. Pelo que vejo, até o meio de 2008 teremos a resposta definitiva e, pelas caracteristicas dos discos, reprodutores e do próprio mercado, o Blu-Ray tem uma enorme vantagem.

  10. Creio que o formato Blue Ray vai ser o vencedor dessa batalha, tecnicamente ele é melhor, pode-se armazenar um volume maior de dados e não adianta a Microsoft e a Toshiba jogarem pesado para impor um padrão garganta abaixo dos consumidores.

    O Consumidor já fez sua escolha e hoje ela é de 2:1 e olha que o preço ainda não é muito atrativo para o nossos padrões de AL, imagina se a Sony e seus parceiros resolvem baratear a tecnologia???

    Será que a China que produz equipamentos para os grandes do mercado vai produzir um formato especifico só para o mercado Chines só porque não tem Criptografia?

  11. Aqui no Brasil vi a loja FNAC importando HD-DVD… será que a guerra vai se estender pelo Brasil também?? haha, meio dificil falta cacife pra manter a guerra.

    Paulo, você esqueceu de dizer porque a paramount e a dreamworks trocaram o padrão. O HD-DVD é mais barato, pois utiliza padrões de fabricação semelhantes ao DVD, e consegue manter com suficiência a qualidade HDTV.

  12. Allan,

    E você sinceramente acha que sem criptografia dentro dos discos, os estúdios de cinema norte-americanos, que têm paranóia com esta coisa de proteção de conteúdo, vão ficar felizes?

    Será, amigo, que já não deu para perceber que um dos motivos pelos quais o Blu-Ray ganhou muito mais apoio nesta indústria foi exatamente porque ele propõe até mesmo código de região dentro dos discos? E se esta coisa só não foi pior para o consumidor, foi porque os caras caíram na real, em relação ao tráfego de comércio nas Américas e no Japão, e colocaram todo mundo na mesma região?

    Mesmo esta coisa de proteção sendo ilusória (e no caso de ambos Blu-Ray e HD-DVD ela é), o mercado de massa não tem capacidade de assimilar, por conta própria, métodos ou meios de burlar essas coisas, motivo pelo qual, creio eu, a pirataria ainda vai vender muito disco no meio da rua.

    O problema para a eventual substituição do DVD como mídia de massa é o custo. Quando isso for resolvido (e já está sendo, com a implantanção de fábricas de discos em larga escala nos Estados Unidos e Europa), o cenário muda da noite para o dia, exatamente como foi entre o DVD e o VHS. Quem não quiser acreditar em mim, é só esperar para ver! Note que um disco Blu-Ray toca em qualquer TV que tenha pelo menos uma entrada de vídeo composto.

  13. Na minha modesta opinião, vai prevalecer o DVD mesmo. A esmagadora maioria dos consumidores (80%) não tem, nem terá, equipamento de áudio e vídeo capaz de mostrar explorar as vantagem sobre o formato antigo. Quanto aos formatos de alta definição, acredito que o vencedor será o HD-DVD, porque será adotado na China (pelo que ouvi falar, sem criptografia).

  14. Um treco que parece um CD vs Outro treco que parece um CD?

    Hum… Que tal Internet, transmitir as coisas sem meio físico, Cauda Longa…

    Assim como o Michel Lent, eu acho engraçado essas discussões sobre Blu-ray vs HD-DVD.

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