Cinemas de rua

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No filme “Dark City” (“Cidade das Sombras”), o diretor greco-egípcio-australiano Alex Proyas comenta e traça um paralelo entre a mudança da paisagem e do ambiente e a perda da memória. “Um homem sem passado e uma humanidade sem futuro” é o prognóstico dito pelo cineasta, para evidenciar a influência de uma coisa sobre a outra.

E nada mais revelador do que a visão do diretor, para explicar porque pessoas da minha geração foram vítimas de enormes traumas ao ver desaparecerem aquilo que hoje as pessoas classificam de “cinemas de rua”.

E nada melhor do que a atmosfera “noir” e gótica deste filme, num clima de pessimismo e pesadelo, para ilustrar o porquê da existência deste tipo de trauma, para inúmeros cinéfilos.

Os cinemas de rua sofreram golpes devastadores no mundo todo. O desaparecimento desses cinemas não é simplesmente um desastre cultural, ele é também a alteração paisagística que as pessoas identificam como o seu bairro ou cidade. A destruição arquitetônica é avassaladora, e poucos são os meios de que se dispõe para evitar isso. A obscuridade mental resultante é bem próxima daquela do filme de Proyas, onde o personagem principal tem dificuldades em se entender como pessoa e ser humano, ou lembrar as suas origens.

E no caso da minha própria vivência, foi no bairro da Tijuca, onde passei toda a minha meninice e adolescência, que as alterações estruturais foram mais sentidas. Para quem não conhece bem o Rio de Janeiro, é preciso esclarecer que a Tijuca foi talvez um dos mais importantes bairros da zona norte, local onde inclusive alguns historiadores acreditam ter nascido a bossa nova.

A Tijuca foi também um dos bairros com o maior número de salas de cinema: 34 ao longo de toda a sua história. Por aqui pontuaram todas as mudanças relativas ao processo de exibição, desde os chamados “cinematógrafos” até os modernos palácios, dotadas de projeção em 70 mm e som estereofônico. Só não se teve aqui o Cinerama de três películas, que ficou restrito ao também extinto Cine Comodoro, de São Paulo.

 Evolução histórica dos cinemas da Tijuca

A Tijuca é um bairro entrecortado por duas vias, em um único segmento, que são as Ruas Haddock Lobo e Conde de Bonfim, unidas pelo Largo da Segunda-Feira, para onde conflui também a Rua São Francisco Xavier. A Rua Haddock Lobo começa próxima do bairro do Estácio e vai terminar no Largo. Daí para frente, a Rua Conde de Bonfim toma conta, passando pela Praça Saens Peña, indo terminar na região da Muda. Em torno da “Praça” (como era conhecido aquele local) concentravam-se o maior número de salas, até os seus iminentes desaparecimentos.

Fazendo uma pesquisa no interessante livro “Palácios e Poeiras: Cem Anos de Cinema”, escrito por Alice Gonzaga (filha do cineasta Ademar Gonzaga), e editado pela Funarte, foi possível descobrir que os primeiros cinemas do bairro começaram na região do Estácio, mais precisamente na Rua Haddock Lobo 102: o “Cinematógrafo Velo”, aberto em 1907.

Em 1909, uma série de salas povoou as duas ruas centrais da Tijuca e as suas adjacências: Cinema Uruguai (Rua Uruguai 218), o Royal Cinema (Rua Haddock Lobo 20), o Tijuca (conhecido mais tarde como “Tijuquinha”), localizado na Rua Conde de Bonfim 344 (em plena Praça Saens Peña), o Cinema Matoso (Rua Mariz e Barros 107) o Cinema Íris (Rua Haddock Lobo 55), o Éden Cinema (Rua Conde de Bonfim 338) e o Cinema Central, na Rua Haddock Lobo 463.

A maioria dessas salas fechou alguns anos depois, mas logo a seguir, em 1910, abriram o Cinema Velo, na Rua Haddock Lobo 192, que viria a se transformar no Estúdio da Atlântida Cinematográfica, braço de produção de Luis Severiano Ribeiro, fechado em 1954. Também nesta época, abriram o Cinema Haddock Lobo, na esquina desta rua com a Rua Paulo de Frontin, que foi fechado em 1965.

Dessa época mais antiga, ainda merece destaque pessoal o Cine-Teatro Brasil, localizado na Rua Haddock Lobo 437, próximo ao Largo da Segunda-Feira. O cinema fechou em 1940, aparentemente vítima de um incêndio, mas o prédio ficou por lá por mais de uma década. E eu passava perto, mais de uma década depois, a caminho do colégio, vendo apenas as portas laterais e a sala de exibição em escombros. Um belo dia foi tudo derrubado, para a construção de um prédio com lojas, que está lá até hoje.

Foi também no Largo da Segunda-Feira (na realidade Rua São Francisco Xavier 3, que desemboca no Largo) onde funcionava um cinema pequeno, tipo “poeira”, com projeção em 16 mm, chamado de Santa Rita. Ele foi aberto em 1953 e era propriedade de um casal de certa idade, que também tinham uma papelaria ao lado, onde eu e a garotada da rua comprávamos bolas de gude. A sala era pequena, segundo o meu irmão que foi lá algumas vezes, mas acabou fechando, parece que por falta de interesse do público local, em 1954.

 A Cinelândia Tijucana

O momento cinematográfico do bairro da Tijuca começou a tomar um significativo impulso a partir de 1940: a maioria das salas foi construída em torno da Praça Saens Peña, onde os principais exibidores da cidade localizaram os seus cinemas. Em 1940 mesmo, foi construído o Cinema Olinda, que com cerca de 3500 lugares, era uma das maiores salas do Rio:

 

O Olinda e a Praça Saens Peña.

 

Mas, o Olinda era desprovido do conforto que fizeram de outras salas próximas o seu valor nos anos seguintes. Entre elas, destacam-se principalmente o Metro-Tijuca e o Carioca, que abriram em 1941:

 

Design do Metro, pelo arquiteto Robert Prentice…

…e o cinema já construído.

 

Antes e depois do Carioca: único tombado na região.

Quando vivo, o Carioca era uma obra com acabamento em mármore de carrara e design arquitetônico em art-déco, típico da época carioca:

 

 

 

 

 

Antes e depois do cinema América: só sobrou a frente.

 

Digno de nota, o cinema Metro foi construído a partir de design arquitetônico de Robert R. Prentice, assessorado pelo arquiteto húngaro Adalberto Szilard e por técnicos americanos da Loew’s Inc., acionária majoritária da M-G-M. O Metro-Tijuca, junto com seus congêneres Metro-Passeio e Metro-Copacabana, era originalmente dotado de equipamento Simplex E-7 (trocado depois por Simplex X-L), e posteriormente adaptado ao som estereofônico do CinemaScope. Seu conforto, decoração luxuosa, e qualidade de projeção, foram os parâmetros que nortearam a excelência dos melhores cinemas da região e do Rio de Janeiro.

 Derrocada e golpe mortal nos cinemas da Tijuca

Hoje em dia, quase nada sobrou dos cinemas da Tijuca. Depois de muita luta, o Carioca foi tombado, mas foi só. Só da Praça, foram 12 que fecharam. Da lista principal de cinemas que desapareceram na Tijuca, gostaria de comentar sobre os seguintes:

Cinema Madrid: aberto em 1954, o Madrid era um dos maiores e luxuosos cinemas do bairro. Situado na Rua Haddock Lobo 170, apenas a entrada do cinema (que ainda está lá) ficava neste endereço. O cinema propriamente dito ficava num terreno na Rua do Matoso, ao lado deste prédio. Era dotado de CinemaScope e excelente ar condicionado. Ao lado do cinema ficava o Bar Divino, famoso depois por ser o ponto de reunião do pessoal da chamada “jovem guarda”. O cinema pegou fogo no início da década de 1970, pouco após ter instalados projetores de 70 mm, para Cinerama 70. Depois do incêndio, o cinema foi colocado “em obras”, para nunca mais abrir. Ninguém entendeu nada! Para mim, foi um trauma apenas superado pelo fechamento do Metro.

Cine Metro-Tijuca: palco de todas as produções M-G-M e dos lendários Festivais Tom & Jerry, mesmo depois do declínio do estúdio. Resistiu como tal, até próximo da década de 1970, passando às mãos da CIC (Cinema International Corporation). Fechou e foi impiedosamente demolido em 1977, dando lugar a uma loja de roupas.

Cinema Carioca: depois de tombado, virou igreja evangélica. Da mesma forma como os outros cinemas transformados em igreja, a parte da platéia foi mantida, mas a cabine de projeção e a tela foram permanentemente removidas.

Cinema América: cinema que sofreu duas reformas, mas não resistiu ao fechamento, tendo virado loja de tecidos e depois drogaria. A parte interna foi totalmente destruída, sobrando apenas a fachada da segunda reforma.

Cinema Rio: aberto em 1965, o cinema foi depois adaptado para 70 mm – ToddAO. Fechado em 1978, teve o seu interior desfigurado para a atividade bancária.

Cine Art-Palácio Tijuca: construído pela Art-Filmes, foi aberto em 1960, e a sua data de fechamento é incerta. Sua enorme área interna foi destruída, para a instalação de um magazine de roupas.

Cinema Tijuca: construído com o nome de Eskye-Tijuca, em 1956, foi reformado anos depois, com instalações para 70 mm, herdando o nome do antigo cinema Tijuca, o “Tijuquinha”, fechado em 1966. Chegou a ser dividido em Tijuca 1 e 2, mas acabando fechando em 1988. O seu interior foi totalmente destruído, para montagem de lojas de produtos de casa.

Cine Tijuca-Palace: aberto em 1967, pela Cinematográfica Franco-Brasileira, para filmes de arte exclusivamente. O cinema foi a contrapartida do Paissandu, templo da nouvelle vague e do cinema europeu de vanguarda. Às quintas-feiras exibia o dia todo um filme escolhido pela cinemateca do Museu de Arte Moderna e ficava lotado, principalmente à noite. Depois do declínio, virou cinema comercial, dividido em 1 e 2, fechando as portas em 1982. Por incrível que pareça, as duas salas estão ainda intactas, mas apodrecendo. Alguns grupos tentaram ressuscitá-las, mas até agora nada de mais nesta direção aconteceu de verdade! Assim como o Paissandu, os proprietários se recusam a entregá-los para igrejas, e a gente agradece.

Cinema III: aberto em 1970, era para ser a contrapartida do Cinema I e do Cinema II. Fechou em 1988, sendo depois transformado em discoteca, depois em cursinho, e finalmente em igreja. Nada do seu interior ficou para contar a história.

Cine Comodoro: aberto em 1967, fechou em 1988, para se tornar igreja evangélica.

Cine Britânia: aberto em 1962, com uma sala minúscula, depois de fechado (1973) ainda se tornou Studio-Tijuca, depois Teatro Cawell e depois virou igreja evangélica.

 

Cinema Olinda: de proporções gigantescas, a sua demolição deu lugar a um shopping. Quando um dia eu contei aos meus filhos que naquele lugar existia um cinema, eles não acreditaram.

Projetores:

O grupo exibidor Severiano Ribeiro dominava boa parte da Tijuca, dando preferência aos projetores Simplex X-L (35 mm), devido à sua robustez e confiabilidade.

Os do exibidor Lívio Bruni variavam muito, mas a empresa instalou vários desses cinemas com modelos Westrex (35 mm). Nas salas do grupo com 70 mm, a aparelhagem instalada era de projetores Incol 70/35.

Os outros exibidores instalaram projetores Philips FP5 e Century. Um banco de dados não existe ainda sobre este inventário, mas espero que ele se realize algum dia. No momento, para se conseguir maiores informações, só mesmo recorrendo àqueles que trabalharam por lá.

 Rescaldos do incêndio

Trinta e quatro salas de exibição, algumas do tipo “poeira”, com assentos de madeira, outras luxuosas, com modernos sistemas de projeção, construídas a partir de 1910 até 1988, aproximadamente, viram passar dezenas de gerações de habitantes do bairro nos seus interiores.

Em torno da Praça Saens Peña, as pessoas não só iam ao cinema, mas se serviram das facilidades gastronômicas locais e de lojas de diversos tipos, em uma época em que nem se sabia o que era “shopping center”. O Café e Bar Palheta (acho que era esse o nome oficial da loja) era uma espécie de bar americano, de propriedade da indústria de café do mesmo nome. Na parte dos fundos, o Palheta servia os melhores sundaes feitos no bairro, ao alcance financeiro de qualquer estudante da época, portanto vivia cheio.

A derrubada dos cinemas não representou somente uma destruição arquitetônica no bairro, mas principalmente a mudança de hábitos de freqüência e diversão da própria Praça Saens Peña. Ela viria, a meu ver, mais cedo ou mais tarde, por culpa do aumento da violência urbana local. Não ter atentado para a descaracterização do bairro é que foi, no final, o nosso maior problema. Um único tombamento é muito pouco para reverter a adulteração ambiental resultante.

 Ai de nós se não fosse a mídia doméstica

A crise de produção de filmes teria sido incomensuravelmente maior, não fosse a comercialização e distribuição de filmes, na forma de uma mídia doméstica. Na própria, super poderosa, indústria de cinema norte-americana, só se experimentou poder e riqueza sem limites até próximo da década de 1950. Daí para frente foram anos seguidos de incerteza quanto à chance de sobrevivência de muitos estúdios. De um certo ponto para a frente desta história, uma lei americana proibiu que os estúdios tivessem a sua própria cadeia exibidora, e isso quebrou o elo entre produção, distribuição e exibição, que dava força e certeza de retorno de bilheteria aos filmes produzidos.

De algumas décadas para cá, o retorno de capital vem diminuindo muitíssimo na bilheteria dos cinemas. Estima-se algo em torno de pouco mais de 20% o retorno pela exibição nas salas. O resto é captado pela venda de mídia doméstica.

Como em tudo negativo há sempre um lado positivo, todas essas mudanças fizeram estúdios e cineastas pensarem num assunto até então sem maior importância: a preservação dos filmes e da memória do cinema!

Com o advento da mídia em laserdisc, verificou-se que era possível inserir trilhas de comentários dos cineastas e críticos, junto com a exibição da película. Isso depois se desdobrou em documentários e entrevistas, na forma dos extras que todos nós conhecemos. Em edições bem feitas, alguns desses depoimentos e análises simplesmente não têm preço, para cinéfilos, entusiastas e estudantes.

No meio da década de 1990, quando eu ainda era membro do depois mega site do “Home Theater Forum”, eu me lembro de ter comentado de que, ao gastar dinheiro para comprar uma mídia com filme, eu preferia ver isso como investimento na minha cultura. Esse meu comentário suscitou a publicação de um ensaio longo, de outro usuário, sobre a importância de colecionar filmes.

É que, antigamente, somente os mais abastados podiam se dar ao luxo de ter um projetor e principalmente de ter uma cópia de um filme em casa, até mesmo em 16 mm. E hoje, todos nós nos sentimos bem ao saber que os filmes que nós gostamos estão ao alcance de qualquer um. A revisita aos filmes se mostrou profícua, porque é possível assistir, fazer pausa, voltar e analisar cenas ou seqüências inteiras, com um toque nos controles remotos, coisa que seria inimaginável numa sala convencional ou mesmo nos cineclubes da época!

No passado recente, houve tempo em que se via a inclusão dos “extras” como “propaganda”, “autopromoção”, e coisas deste gênero, mas esta visão é muito curta. Qualquer cinéfilo gostaria de ter visto trailers e suplementos serem resgatados dos arquivos e salvaguardados digitalmente.

A mídia doméstica impulsionou a restauração digital e a telecinagem em alta definição, como formas de preservação de películas. Do início deste movimento, a partir de 1990, aos dias de hoje, muito se tem avançado e muito ainda vem por aí!

A destruição de salas de cinema é um fenômeno mundial e atingiu as principais capitais brasileiras. Destruiu memórias, a memória arquitetônica e a das pessoas. Descaracterizou bairros e regiões, como a Cinelândia, no centro do Rio. Não há cidade ou país que resista a uma violência dessas.

Nós nos distraímos e assistimos tudo passivamente, quando as salas de cinema foram destruídas. Espero que esta distração não ocorra nunca mais!

 Agradecimentos

A pesquisa que eu fiz sobre as salas fechadas no bairro foi cercada de todo o tipo de dificuldade. Eu nem tenho palavras para agradecer ao Sr. Joelson Estevão, ex-presidente do Sindicato de Operadores Cinematográficos do Rio de Janeiro, que me deu a chance de conhecer um pouco mais sobre a sua presença nesta área, e a maneira como esses cinemas eram administrados tecnicamente.

Também preciso agradecer ao pessoal da Biblioteca da Funarte, pela ajuda na leitura de livros e de revistas, contendo um inestimável material sobre as salas fechadas.

A todos que me ajudaram a levar a termo este pequeno trabalho, o meu mais sincero Muito Obrigado! [Webinsider]

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Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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12 respostas

  1. Olá. Uma correção apenas: o cinema que ficava na esquina de Haddock Lobo com Av. Paulo de Frontin era o AVENIDA (o prédio existe até hoje no número 91) e não o HADDOCK LOBO que ficava um pouco mais à frente na rua de mesmo nome no número 20.
    Jorge Carpes
    RJ

  2. Parabéns pelo trabalho. Também sou um cinéfilo e acho que tenho quase todos os clássicos do cinema. Assisto em uma tv uhd 4 k de 70 polegadas e um blu-ray 3D 4 k nativo, o que melhora ainda mais a imagem. Sou tijucano de nascimento, mas hoje moro em pilares, próximo ao norte shopping. Não frequento mais cinemas de shopping, acho a imagem muito ruim. Preferia a imagem dos cinemas de rua da Saens Pena, onde frequentei nos anos 80.

  3. Olá, Paulo Roberto,
    gostaria de verificar/ checar se você chegou a utilizar meu livro como base para esta “sua” pesquisa, já que algumas observações são muito próximas às conduções do tratamento do tema já publicadas no livro “A Segunda Cinelândia Carioca”. Caso sim, peço por gentileza que cite a obra como fonte. Obrigada.

    1. Prezada Talitha,

      Eu voltei a publicar no Webinsider e achei esta sua mensagem. Desculpe pela demora.

      Fui eu que lhe informei sobre o Cine Santa Rita. Quando o seu livro foi lançado, eu fui convidado por você para o lançamento, e isso já faz tempo.

      Eu não recebi uma cópia, e, portanto, não poderia citar o seu livro sem tê-lo lido. Caso contrário seria obrigação citá-lo no meu texto.

      Quando você menciona “sua” pesquisa, eu gostaria de te lembrar que ela é minha sim, eu vivi anos a fio frequentando os cinemas da Tijuca, inclusive os poeiras. O único no qual eu nunca entrei foi o Santa Rita, mas o meu irmão foi lá várias vezes, e por isso eu sabia que a projeção era com 16 mm. Aquele cinema não durou muito, porque toda aquela área foi demolida e no lugar construído um prédio com lojas na parte de baixo, que está ali até hoje.

      Este, aliás, não foi o único cinema próximo ao Largo da Segunda Feira que foi demolido para a construção de um prédio. O outro ficava na esquina da Rua Araújo Pena com a Rua Haddock Lobo, era muito antigo e tinha pegado fogo. Quando eu ia para o colégio eu conseguia ver partes do escombro.

  4. Grande Paulo ! Chega de te dar parabéns!!! Apenas um dedo meu para registrar a verdade. À época, nos 30 e início dos 40 a Simplex não fabricava os E-7. Portando o Metro Tijuca inaugurou em 10/10/41 com os Super-Simplex (O que havia de melhor,, na minha opinião.
    Forte abraço e ligue-me

    1. Obrigado, Ivo, vou ligar sim, a gente precisa colocar a conversa em dia. Aguarde, por favor, o meu último texto, onde faço menção à sua participação representativa (e com toda a justiça) no projeto da Caboose.

  5. Oi, Leeosvald,

    Este talvez tenha sido o melhor filme do Proyas, pelo menos o único que acabou ficando na minha memória e que tem tudo a haver com esta sanha de destruição que assola a falta de interesse em preservação da memória nas nossas praias.

    A edição em Blu-Ray que eu tenho é a americana e é excelente, porque tem as duas versões. A lançada aqui eu não conheço.

  6. Olá Paulo.

    Você comentou sobre Dark city, não conhecia esse filme,e por coincidência o vi semana passada. e me surpreendi pela sua história incrivel.

    E olha que é mais velho que Matrix,e é bem parecido, tenho que comprar esse disco em BD.
    pena que a versão nacional é a do cinema, e não a do diretor.

    Abs

  7. Oi, Honório,

    Há muitas décadas atrás, os estúdios norte-americanos se viram diante de uma situação inusitada: os filmes estocados nos depósitos, principal patrimônios dos mesmos, estavam se deteriorando e impedidos de retornar aos cinemas, por falta de espaço de exibição.

    A solução foi transferir estes filmes para a mídia doméstica, na época videodisco, que estava começando (fita magnética tipo Betamax e VHS apareceram depois). E para tal foi necessário também salvar um monte de negativos e cópias da chamada “síndrome do vinagre” e de outros problemas similares. Na prática, isto significou investir primeiro para recuperar o dinheiro depois.

    O tempo se encarregou de provar que a estratégia estava correta. O problema de distribuição e exibição aumentou com o fechamento das salas de cinema, no mundo todo. Ao invés de achar espaço na TV, os estúdios acharam espaço na mídia do consumidor, o que, ao longo do tempo, forçou o refinamento da mesma, como vemos hoje. Um dos avanços, neste particular, foi a telecinagem digital e a alta definição.

    Aqui no Brasil, muito se recupera de negativo, mas eles não encontram o mesmo caminho. Eu estava em um seminário sobre restauração de filmes, anos atrás, perguntei ao expositor qual era o destino do trabalho dele, e fiz este comentário, sobre a transferência dos negativos para alta definição. O rapaz chutou, literalmente, o pau da barraca. Disse logo que alta definição no Brasil não existia (dias antes, por coincidência, eu estava em uma exposição da SET, vendo os projetos de HDTV da Universidade Mackensie e de outros grupos).

    Por aí se vê a falta de imaginação, ausência de conhecimento e atualização, de pessoas que estão dentro do métier.

    Depois se queixam dos americanos e dos outros, por terem tomado a iniciativa. Quem passou por pós-graduação lá fora, como eu, tem que ouvir na volta acusações da gente estar querendo comparar isto aqui com o dito primeiro mundo, toda vez que cita um exemplo de alguma coisa.

    O problema é que os estúdios lá, bem ou mal, sobreviveram com as suas logo marcas e até com instalações.

  8. Dr. Paulo, este artigo esclaceu-me um sentimento de angústia que me ocasiona ao ver a produção cinematográfia moldada e dirigida apenas às grandes redes exibidoras atuais. Agora sei o porquê. É porque as gerações posteriores a nós não terão memória cultural. Tudo está sendo produzido para consumo rápido e, pior, lotar as salas padronizadas, minúsculas, esteticamente iguais para vender, junto com a entrada, a comida e a bebida. Bem diz seu artigo: bendita mídia, que nos proporciona colecionar os “tesouros” que estas gerações não conheceram.Mas isso tudo que está acontecendo faz parte do grande plano do poder capitalista em qualquer ramo da indústria e do comércio: transformar a população em zumbis; aqui, neste caso, o ser humano será considerado apenas pelo seu potencial de consumo e dirigido para esse fim. Eliminar a memória cultural, o poder de crítica é estratégia do capitalismo global.Não poderia me fazer compreender em tão poucas linhas mas, dentro de mim há essa certeza. Talvez falaremos mais sobre isso. O Sr. cita os SIMPLEX XL que já comentei ter conhecido e que eram troféus, orgulho de quem os possuia aqui pelo “interiorzão”. Detalhe: tinham cabeçote e movietone revestidos em ágata.

  9. Oi, Celso,

    Obrigado pela lembrança. Esta coluna foi uma das perdidas durante a transição do Webinsider, e eu tive até uma certa dificuldade em colocá-la de volta no lugar, porque a largura da coluna mudou e assim o design também.

    Este foi um dos textos onde eu vi até fotos copiadas. Aquela recente do América, por exemplo, foi tirada por mim lá na Praça, e um belo dia apareceu em um texto acadêmico sobre o assunto, e eu não faço nem ideia quem são os autores.

    Agora, o irônico mesmo é que, dias atrás, o prefeito do Rio anunciou um projeto de colocar placas nas ruas, indicando o local aonde os cinemas existiram. E citaram a Praça Saens Peña, porque todo mundo da minha época sabe que o maior número de cinemas por bairro aconteceu na Tijuca.

    O caso do Carioca, que está tombado e não pode ser alterado pelo pessoal da igreja, porque não recuperá-lo ao público? E o Comodoro, até a última vez que eu vi, estava na mesma situação.

    Mas, a recuperação só não basta. Em tempos idos, administrações da prefeitura do Rio não honraram um acordo de isenção de IPTU do cinema Palácio, e foi assim que o Grupo Severiano o vendeu, para pagar dívidas.

    A prefeitura tem meios de reverter isto. Resta saber se a intenção e a força de vontade política vão prevalecer.

  10. Bom dia, Paulo,
    Gratas lembranças lendo seu texto.
    Aqui em Avaré, cidade paulista com 90.000 habitantes, ainda temos cinema de rua.Não temos shopping. Equipamentos simples, nem som digital tem.
    Infelismente, há anos já não frequento a única sala em função de exibição apenas em cópias em película, dubladas.
    Abraço.

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