Domínios .qualquercoisa são mesmo uma boa idéia?

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Quando você vai se apresentar a um novo cliente, geralmente entre os dados de contato, indica também o seu endereço na web. Mesmo que você ainda não o faça, talvez seu novo cliente ou prospect já possa “fazer idéia” de onde encontrá-lo na internet, e uma das maneiras simples de verificar isso é o ato de digitar na barra de endereços do navegador o nome da sua empresa seguido do sufixo “.com.br”.

Hoje, há uma relação direta na ligação do nome de uma empresa com a sua terminação em domínios que estão “na cabeça” das pessoas (inclusive daquelas que sequer utilizam a web, como a minha mãe).

No Brasil, os websites com terminação “.com.br” representam mais de 90% dos registros existentes, mesmo que haja mais de cinqüenta outras terminações permitidas pelo Registro.br – o órgão que gerencia o registro de domínios no país. Entre tantas, há as também conhecidas “.org.br” e outras como a “.slg.br” (destinada a sociólogos, com atualmente 21 registros).

No último dia 26 de junho, o ICANN (Internet Corporation for Assigned Names and Numbers), que é a organização mundial que regula e organiza a concessão de domínios, divulgou a notícia de que está preparando a liberação de centenas de domínios para utilização e amplificação do uso da internet.

Entre as características previstas nessa liberação, está a permissão de registro de domínios “.qualquercoisa” (como o nome de uma cidade, uma marca, ou qualquer coisa mesmo) e a aplicação de caracteres “não-inglês” na criação de domínios, o que facilitaria a expansão da internet na Ásia e Oriente Médio.

Restrita aos vinte e um “top-domains” que têm aprovação atualmente, a ICANN parece estar disposta a flexibilizar bastante a criação dos novos domínios. Apesar de ser um plano que só será efetivamente aplicado a partir de 2009, já é certo que haverá uma espécie de submissão dos novos domínios (que poderão ser enviados por qualquer entidade, em qualquer lugar do mundo), para uma candidatura que será “aprovada” pela entidade.

Entretanto, como a própria ICANN já adiantou, não está previsto nenhum tipo de reserva de domínios para marcas. Mesmo que admitam que domínios de grandes marcas  – como “.disney” – prevaleçam para seus reais proprietários, outros domínios podem abrir uma enorme discussão (o “.apple” pode dar uma bela briga da empresa de Steve Jobs com associações de produtores de maçãs que falam inglês, por exemplo).

Além disso, há a ruptura com padrões já mundialmente conhecidos, que é o caso do “.com.br” aqui no Brasil. Visto a quantidade de informações que geramos diariamente, “desorganizar” a web parece, ao mesmo tempo, necessário e arriscado.

A flexibilização poderá diminuir a atual dificuldade no registro de um domínio novo, e permitir que as próprias empresas ou governos passem a gerenciar a estruturação dos seus conteúdos na rede – a Coca-Cola, por exemplo, seria beneficiada por um domínio próprio para agregar o conteúdo produzido no mundo inteiro pela empresa. Ao invés de utilizar o “cocacola.com” pra centralizar a informação da marca, seria factível um domínio de melhor assimilação, como o “world.cocacola”.

Por outro lado, há um risco em modificarmos os modelos mentais que estão aplicados à sociedade, e que geralmente são conceitos resistentes. Mas não só neste sentido: também crescerá a quantidade de registros de uma marca, para que não fiquem “brechas” passíveis de má utilização. Utilizando a Coca-Cola como exemplo, para atender às diversas línguas, seriam necessários registros como o “mundo.cocacola”, “mondo.cocacola”, “welt.cocacola” e até um “svijet.cocacola” para os croatas.

Na argumentação da ICANN, esse é o caminho para integrar mais a internet à necessidade das pessoas de diferentes culturas a longo prazo. Será mesmo? [Webinsider]

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Moisés Ribeiro (contato@moisesribeiro.com) é arquiteto de informação do time de user experience da Globo.com.

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11 respostas

  1. Como foi dito em outro comentário, o altíssimo preço a ser pago para obter um .qualquercoisa já se torna um fator determinante para que poucos tenham essa regalia. Sendo assim, apenas empresas grandes teriam condições de usar esse recurso, e aí a responsabilidade é delas na hora de descobrir se isso vai dar certo ou não. Porém se o preço de um registro como esses baixar, aí sinceramente acredito que a Internet vai acabar ficando um tantinho mais bagunçada.

  2. Acho que vai acabar virando bagunça, mas como o Ronaldo comentou, o custo (bem alto) para quem quisesse ter um .minhaempresa vai barrar de início o modismo.

  3. A verdade é que empresas com sites world.minhaempresa também manterão seus dominios .com, .com.br, etc.

    No início será uma grande salada com certeza mas acho que deve cair nas graças dos usuários com o passar do tempo.

  4. É fato que, medidas deverão ser tomadas, uma vez que haverá uma falta de domínios no mundo.com. Não vejo a liberação do qualquercoisa.com como uma bagunça generalizada. Acredito que, domínios como o .com e .com.br ainda prevalecerão (lembrança da marca – marca/empresa.com.br!), mas opções, domínios complementares, serão muito bem-vindos, principalmente para o pessoal de marketing e publicidade, com suas campanhas, hotsites etc. mirabolantes!
    Abraços!

    Eric Ouchi
    Fandangos da Web 2.0
    http://yellowp.wordpress.com

  5. É bom mesmo refletir sobre uma possível confusão, mas sem deixar o conceito de modelo mental servir como um bloqueio à inovação do meio. Do contrário, um site como o del.icio.us jamais seria achado. Claro, .us é uma extensão até comum, mas não é tão evidente quanto delicious.com. Mesmo assim, vejam no que deu 😉

  6. Muito oportuno o teu questionamento, Moisés! Acredito que a maior dificuldade será no controle da criação e uso destes domínios, devido à infinidade de possibilidades que representam. Para isso haverá uma necessidade de regulamentação rígida: quem pode usar, qual domínio e sob quais circunstâncias. Do ponto de vista dos modelos mentais existentes, não vejo nada que uma boa comunicação integrada de marketing não resolva. Se marcas mudam de nome, domínios também poderiam, em tese.

  7. Penso que os .com.br são sempre os melhores. Tenho alguns clientes que escolheram .ESP.Br e .PRO.Br e tem sempre problemas pelo telefone e material impresso… o povo teima em digitar .COM.Br.

  8. Faltou citar o custo para ter uma extensão própria, que é em torno de US$ 100.000,00. Logo somente grandes empresas terão suas próprias extensões.

  9. Em alguns casos pode ser útil, como citado, mas tenho meus receios. Acho que virá mais como uma modinha: O site da big-empresa não será mais big-empresa.com, mas big.empresa. O que vai ter de operadora de celular e banco saindo na mídia falando que é a primeira a fazer isso vai ser brincadeira…

    Também acho que vai causar muita confusão na cabeça dos usuários. Hoje quando penso em visitar o site de alguma empresa, já digito o nome-dela.com de uma vez e sei que em 80% dos casos, vou acertar. Agora não sei mais se será o nome-dela.com, nome.dela, algo.nome-dela, http://www.nome-dela... Vai saber?

    Entretanto, acho que só virá a ser usado por big-empresas, que poderão bancar um registro que provavelmente será beeem mais caro que o convencional. Agora, se o preço desse registro não agir como um moderador de quem pode e quem não pode criar seu .com, vai ficar ainda mais difícil achar o que se quer na net…

  10. Sabes que a tendencia é terminarmos indo para este lado, até porque (me parece) que faz muito mais sentido. Mas o ambiente anarquico da www, juntamente do fácil acesso e reprodutibilidade do conteúdo gera uma inconstancia e risco altíssimo de chegarmos ao caos num click.

    Acho que, em primeira instanci,a o ICANN deveria dar uma controlada no .qualquercoisa, ou a própria sociedade virtual deve terminar investindo na disseminação de informação. Espero que o coletivo tenha um mínimo de noção do risco que pode ser gerado com esta liberdade e buscar alertar os usuários sobre o custo benefício…

    Mas acaba sendo tudo pouco relevante uma vez que alguma medida deverá ser tomada num futuro breve (em relação a falta de domínios disponíveis) e o anseio e receio da sociedade em relação às mudanças que implicam diretamente em nossa rotina. É esperar para ver.

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