Espaço, a fronteira final

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Aproveitando os 40 anos do homem na Lua escrevo sobre um tema que não é minha especialidade ? mas que me apaixonou, por isso, peço desculpas pelas eventuais imprecisões técnicas.

O tema é internet interplanetária. Ok, o assunto não é novo: a Wired publicou matéria sobre isso em sua edição de janeiro de 2000, mas… UAU!

E por que UAU e por que falar sobre isso agora? Simplesmente porque as coisas estão saindo da teoria e tornando-se realidade: no final do ano passado, a NASA revelou que os primeiros testes de transmissão de dados com o novo protocolo DTN (idealizado e criado por ninguém menos que Vinton ?Vint? Cerf) foram bem sucedidos.

Parenteses rápido: Vint Cerf é para muitos considerado o pai da internet (mas segundo o próprio ?um dos e não O pai?), por ter inventado o protocolo TCP/IP, que é responsável pelo envio dos pacotes de informação que fazem a internet funcionar. Fecha parênteses.

Enfim, o principal desafio para comunicação interplanetária é que se usarmos o protocolo padrão da internet (TCP/IP), os dados além de levarem minutos para chegar ao seu destino – e não milisegundos como na Terra ? ainda correm o risco de se perderem no caminho. Por isso atualmente toda transmissão é feita através de satélites, que atuam como intermediários entre a Terra e o destino final.

Como suplantar isso? Criando uma estrutura (backbone, no jargão técnico) que sustente essa comunicação e seja responsável por sua distribuição. Como é a internet que conhecemos hoje. Essa infra-estrutura será responsável por uma padronização nas comunicações, de forma que esses dados não se percam no caminho, cheguem a seu destino de modo correto e possam ser entendidos por quem os recebe, independente de nacionalidade. Novamente: como é a internet que conhecemos hoje. Dessa forma será possível uma comunicação direta ? entre planetas ou espaçonaves-  sem que ela passe por satélites ou pela Terra.

Ainda em 2007 Vint previu que ?nos próximos 20, 30, 40 anos teremos um backbone interplanetário que permitirá a troca de dados entre a Terra e outros planetas e espaçonaves?. Ah, sim: ele também afirmou na ocasião que ?caberá ao Google organizar toda essa informação?. Outro parênteses: Vint Cerf foi contratado pelo Google em 2005 como Chief Internet Evangelist. Fecha parênteses.

O Google, aliás, comprou as ideias de seu CIE ao patrocinar o Google Lunar X Prize, que irá distribuir trinta milhões de dólares a quem pousar um veículo robô na Lua, andar por sua superfície por pelo menos 500 metros e ser capaz de enviar imagens e dados para Terra, entre outras atividades.

Na verdade são três prêmios: vinte milhões de dólares para quem cumprir a tarefa até 2012, cinco milhões para o segundo colocado e mais cinco milhões de bonus. A partir dessa data o prêmio diminui ano após ano para quinze milhões de dólares para quem cumprir a proeza até 2014, quando se encerra o concurso. Importante ressaltar que para participar os concorrentes devem ter 90% de seu financiamento vindo da iniciativa privada.

Mas voltando ao nosso tema: como falei no início, o primeiro teste da internet no espaço foi bem sucedido graças ao DTN (Disruption-Tolerant Networking), um novo protocolo desenvolvido por Vint Cerf, que permitiu uma transmissão de dados entre um ponto na Terra e uma nave localizada há 32 milhões de quilômetros de distância.

O próximo passo será dado no segundo ou terceiro semestre do ano que vem, quando um novo teste será realizado, agora com a participação da Estação Espacial Internacional.

Recentemente, tive o privilégio de ver ao vivo uma palestra de Vint Cerf falando sobre esse tema. Sua presença é carismática e a paixão com que transmite suas idéias realmente nos faz sentir privilegiados por vivermos em um momento de transição tão importante na história da humanidade ? o momento em que o mundo passa de analógico para digital.

Muitas vezes não nos damos conta da revolução que a internet está trazendo a nossas vidas. É preciso pessoas como ele para nos lembrar disso e também para nos mostrar o caminho a seguir.

Ah, uma curiosidade muito importante sobre Cerf: ele é um trekkie confesso (nome dado aos fãs de Jornadas nas Estrelas). Talvez isso explique seu fascínio pelo espaço, a fronteira final… [Webinsider]

.

Marcelo Sant'Iago (mbreak@gmail.com) é colunista do Webinsider desde 2003. No Twitter é @msant_iago.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

4 respostas

  1. Enquanto isso estamos com uma internet com virus agressivos, micróbrios e bactérias, também chamados de spam. WiFi gratuitas com os vírus também gratuitos. Mensagens pornográficas……

    Eu gostei de seu artigo, tanto que vou acompanhar esse movimento internauta e interplanetário.

    Bom noite

  2. O tema não deixa de ser interessante. Mas é completamente despropositado antes de toda a população deste próprio planetinha de merda ter conexão à web. Antes disso, não faz sentido. Seria muito mais produtivo usar este dinheiro (sim, pq Cerf recebe, e deve receber bem por isso) para democratizar o acesso.

  3. A Internet é talvez a maior revolução do século XX.

    É o instrumento mais democrático para acesso e compartilhamento do conhecimento produzido pelo homem. E a Internet interplanetária levará isso além.

    No futuro, colônias humanas em outros planetas se comunicarão com as pessoas aqui na Terra e vice-versa utilizando essa tecnologia, ou algo mais avançado derivado desta.

    Não é ficção, é o que está acontecendo. Por isso, ou nós brasileiros levamos a educação a sério neste país, para formarmos cidadãos pensantes, ou estaremos fadados a sermos meros coadjuvantes na evolução humana.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *