Feedbacks: uma relação de amor e ódio

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Pablo Picasso, Moça Diante do Espelho, c. 1932

“Feedback é um procedimento que consiste no provimento de informação a uma pessoa sobre o desempenho, conduta, eventualidade ou ação executada por esta, objetivando orientar, reorientar e/ou estimular uma ou mais ações de melhoria […]” – Fonte Wikipedia, em 19 de outubro de 2012

Quem não se derrete em vaidade ao ouvir um elogio sincero? Por vezes, a falsa modéstia entra em cena para abrandar a embriaguez de orgulho próprio. Porém, por minutos, horas ou até dias depois, aquelas palavras de afago ainda continuam a reverberar na mente do elogiado. Ele cultiva o doce momento do reconhecimento, para que o sabor perdure na memória e no coração.

Com a mesma intensidade, mas em direção oposta, as críticas também despertam emoções. E que emoções! Há casos em que os criticados se transformam em muralhas intransponíveis, com tropas prontas para contra atacar. “Como ousa falar de minhas fraquezas e destruir o pouco que resta de minha autoestima?”, parecem dizer.

Feedbacks provocam amor e ódio entre pessoas, pois provocam amor e ódio na relação consigo mesmo. Afetam diretamente a autoestima. Entretanto, não há como viver sem eles. O nome chique dado pelo mundo corporativo apenas reporta um fato natural: a vida é um constante feedback.

Recebemos feedbacks a todo o momento. Há feedback na frase ofensiva ou amigável, no olhar reprovador ou admirador, no fato de ser acidentalmente ou deliberadamente ignorado por alguém, no sorriso sincero ou forçado, nas vaias e nas palmas. Tudo é feedback, pois vemos significado em tudo.

“O que você pensa sobre mim não vai mudar quem eu sou,
mas pode mudar o meu conceito sobre você”.

Dr. House

Atualmente, vê-se a premissa de que, para sermos felizes, devemos ignorar as críticas. A citação do Dr. House é repetida e enaltecida por milhares de pessoas nas mídias sociais. Com tantas expectativas familiares, críticas profissionais e um conjunto de instruções e regras de como se deve viver, é de se esperar que as pessoas fiquem cada vez mais avessas a qualquer interferência em sua maneira de pensar e sentir o mundo.

Mas será que devemos ignorar as críticas? Será que esse é realmente o caminho para sermos mais felizes? Será que esse é o melhor modo de aumentarmos nossa autoestima?

“Ao lidar com pessoas, lembre-se de que você não
está lidando com seres lógicos, e sim com seres emocionais”.

Dale Carnegie

Ninguém é perfeito. Todos concordam com isso, mas racionalmente. Emocionalmente, são poucos os suficientemente fortes ao ponto de encarar os próprios defeitos. De modo geral, as pessoas sentem a obrigação de ser “acima da média”, ser referência, líder, admirado por alguém. Isso às coloca na busca pela quase perfeição. Trata-se de algo comum e pregado como “normal” em um mundo onde TV, revistas, outdoors e todo tipo de mídia evidencia alguém supostamente e superficialmente perfeito.

Racionalmente, temos clara consciência de que as belas moças na revista são arquitetadas em computadores e que os homens de sucesso adicionam doses heroísmo às suas histórias. Porém, o inconsciente, o lado emocional, absorve essa baboseira mercadológica. E, felizmente ou infelizmente, o inconsciente determina grande parte de quem somos e de nossas escolhas e atitudes.

Como efeito, surge o desejo pela perfeição, em diferentes graus de intensidade e em diferentes áreas da vida. Forma-se uma fantasia, uma ilusão essencialmente emocional construída pelo indivíduo e alimentada continuamente pela mídia.

“Alguns ensinamentos espirituais dizem
que todo sofrimento é, em última análise, uma ilusão, e isso é verdade”.

Eckhart Tolle

Ilusão é ver algo fora da realidade. Como constata Eckhart Tolle, a causa da tristeza é a ilusão, uma visão desconexa da realidade que, quando se torna consciente, provoca dor e desapontamento.  Desilusão e tristeza são etapas de um processo de despertar, de integração à realidade, de perceber que a perfeição não passa de uma fantasia infantil e infundada.

“É mais fácil enganar pessoas, do que convencê-las
de que estão sendo enganadas”.
Mark Twain

Os feedbacks negativos são um chamado para a desilusão. Ocorrem quando alguém ou algum fato revela uma ideia ou comportamento que não condiz com a realidade, com a lógica racional. A reação instintiva do criticado é defender a ilusão. Afinal, ela é o alicerce das atitudes tomadas, dos planos sonhados, do conforto da mente. A fantasia explica tudo o que foi feito e o que foi dito. Sem ela, há somente o rigor e a invariabilidade dos fatos. Os fatos são difíceis de explicar, chatos de lidar e duros de engolir.

Então, será que devemos continuar apenas devaneando e cultivando os feedbacks positivos? Certamente não. Isso apenas aumentaria a ilusão emocional de que somos suficiente perfeitos. Aumentar a ilusão é aumentar a tristeza.

“Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, acorda”.
Carl G. Jung

O medo da crítica e sua consequente tristeza são reflexos da vaidade e do orgulho próprio. Vaidade e orgulho são visões distorcidas de si mesmo. São técnicas de adaptação que a mente desenvolve para lidar com um ambiente hostil. Uma vez que, em algum momento da vida, o indivíduo enxerga em si mesmo uma pessoa incapaz de lidar com os problemas a sua volta, passa a projetar outro “eu”, mais belo, mais forte e mais inteligente.

Quando o indivíduo não está pronto para receber críticas, tende a responder com agressividade. Essa agressividade pode eclodir, por exemplo, na forma de uma crítica contrária (“Olha quem fala! No mês passado você fez o mesmo.”). No entanto, o fato da resposta ser verdadeira não elimina a veracidade da crítica. Essa é uma falácia comum que todos usam para se livrar da culpa e reduzir a tensão, mas que acaba por destruir uma oportunidade de reflexão e aprimoramento.

As criticas não enfraquecem, mas fortalecem! Elas ajudam a destruir as ilusões. Fazem com que surjam visões cada vez mais completas e confiáveis da realidade e das próprias competências.

As críticas machucam, mas ajudam a evoluir. Quando a crítica é aceita e processada, há aprendizado. Aprender é perceber como a realidade é de fato e, em um segundo momento, como influenciá-la em prol de um objetivo, respeitando os próprios valores éticos. Com o tempo, há o acúmulo do aprendizado e, por consequência, o acúmulo de escolhas e atitudes acertadas. Esse acúmulo, como um efeito dominó, leva o indivíduo ao encontro de seus objetivos.

No entanto, é importante lembrar que os feedbacks da vida possuem formatos nem sempre fáceis de entender. É necessário interpretá-los, encontrar sentido nas entre linhas. Isso não é simples e demanda reflexão e análise dos fatos e pistas. Comece analisando suas conquistas e falhas recorrentes. Se há recorrência, então é provável que você seja o culpado. Não questione os fatos e os resultados, pois eles são sua referência do que é real.

O que pode ser mais gratificante do que atingir objetivos? Aceitar feedbacks, sejam eles positivos ou negativos, e confiar em si mesmo para analisá-los, identificando os próprios pontos falhos, certamente é um caminho mais concreto rumo à felicidade.

“Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”.
Sócrates

[Webinsider]

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Daniel Rodrigo Bastreghi é sócio administrador e Consultor de Marketing na DRB.MKT.

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Uma resposta

  1. Depois de citar: “Ao lidar com pessoas, lembre-se de que você não está lidando com seres lógicos, e sim com seres emocionais”. Dale Carnegie

    Não é mais preciso falar nada.. rsrs..

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