IE 8: vai começar a discussão sobre privacidade

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No ano passado discutiu-se no Senado e na Câmara o projeto da Lei Digital, que substituiria as anteriores. A parte mais polêmica desta lei era a que tratava do comprometimento da privacidade das pessoas que usam a internet.

O primeiro projeto obrigaria o registro de informações por pelo menos três anos aos provedores, servidores e cybercafés, que foi modificado para obrigar os provedores de internet a denunciar possíveis condutas ilegais de seus usuários. Ou seja, a privacidade não teria vez na internet brasileira, lembrando que a palavra privacidade foi esquecida no texto da nossa constituição de 1988. Muitos são contra, e muitos a favor; a queda de braço ainda prossegue no Congresso.

Internet Explorer 8

Mas eis que chegam novas tecnologias e põem tudo isso a perder. Pelo menos é o que promete o IE 8, próxima geração do browser Internet Explorer da Microsoft. Com um módulo de privacidade, ele permite que a pessoa limite a quantidade de informações sobre o que ele faz e onde ele faz.

Em 30 de julho passado, de acordo com os achados do blogueiro australiano Long Zheng, a Microsoft entrou com duas patentes:

  • CLEARTRACKS – IC 009. US 021 023 026 036 038. G & S: computer programs for accessing and using the Internet and the world wide web; and computer programs for deleting search history after accessing websites.
  • INPRIVATE – IC 009. US 021 023 026 036 038. G & S: computer programs for accessing and using the Internet and the world wide web; computer programs for disabling the history and file caching features of a web browser; and computer software for notifying a user of a web browser when others are tracking web use and for controlling the information others can access about such use.

Estas aplicações trabalharão eliminando os dados dos sites visitados e informando aos usuários o que os sites estão fazendo para acompanhar suas visitas, além de eliminar os cookies de navegação que os sites gravam em cada visita.

O lançamento do IE 8 esta previsto para o final de 2008, apesar da versão ?trial? já estar disponível. Na fase beta já foram encontrados algumas falhas que comprometem esta opção de privacidade. Pesquisadores já conseguiram restaurar o histórico de navegação e o IE 8 ainda falhou em deletar o cache do PC, onde, para ser mais rápido no acesso a certos sites, existe muita informação privativa.

As opções de privacidade para o IE 8 serão:

  • InPrivate? Browsing – permite que você controle onde o IE salvará ou não seu histórico de visitas, cookies e outros tipos de dados.
  • Delete Browsing History ? permite que você apague seu histórico após a visita a determinado site, de uma maneira mais fácil que a atual.
  • InPrivate? Blocking ? informa sobre o conteúdo de terceiros que possa capturar informações sobre sua navegação, bloqueando este conteúdo.
  • InPrivate Subscriptions ? permite aumentar a capacidade de bloquear ou permitir informações a um site por meio de lista de subscrição. Neste caso você delega ao browser a tarefa de selecionar os conteúdos que poderão ser feito download na página que você esta navegando.

O fato é que, mesmo com falhas atualmente, cada vez mais os browsers vão trabalhar para que a privacidade da navegação seja mais forte. Outros browsers, como o Firefox 2 e 3 e o XeroBank, já possuem recursos de proteção.

E como isso irá nos afetar?

O futuro com a privacidade em alta

Para que não ficarmos na mesma situação de nossos legisladores, onde a tecnologia é mais rápida que a publicação de novas leis, vamos imaginar as possibilidades que poderemos enfrentar:

  • Se esta facilidade for usada pela grande maioria dos visitantes de nossos sites, teremos um problema grande na área de métricas para identificar visitantes novos e os já freqüentadores, entre outros, já que o uso de cookies será restrito.
  • O IE 8 também irá monitorar, e apagar, conteúdo externo que não pertença ao domínio que está sendo mostrado. Ou seja, isso terá impacto quando colocamos um vídeo do YouTube ou imagens do Flicker em nossas páginas. O mesmo vale para os web analytics e adservers que se utilizam de uma imagem transparente de 1X1 pixel para coletar os dados que serão analisados.
  • E como ficarão as campanhas que prometem o uso de behavioral targeting? Provavelmente terão um forte impacto, já que não será possível comparar o comportamento deste visitante. Imagine isso para os negócios do Google!
  • O mesmo vale para sites de e-commerce que se utilizam do comportamento anterior de compra para promover outros produtos que tenham afinidade com o que já foi comprado anteriormente.

Tudo isso ainda está no campo da especulação, já que o IE 8 ainda não foi oficialmente lançado. Não temos como saber do comportamento e, portanto, o uso deste recurso por parte das pessoas em suas andanças pela web. De qualquer maneira, já deve está ligada a luz vermelha nos laboratórios das empresas de web analytics e de adservers.

O poder passa para a mão do usuário – ele vai decidir que tipo de informação nós vamos receber. Isso me faz lembrar da máxima do cadastro de um site – o usuário só se cadastra quando percebe que vai receber algo em troca de sua informação. Se nossos serviços de métricas não acompanharem esta revolução, podemos ficar sem informações dos clientes se não dermos algo em troca. Quem sabe isso melhore muito os serviços prestados pelos sites.

Vamos aguardar os próximos capítulos. [Webinsider]

.

Ruy Carneiro (ruy.carneiro@waconsulting.com.br) é sócio da WA Consulting, consultoria em web analytics e análise de métricas, e diretor do comitê de Web Analytics da IAB Brasil.

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9 respostas

  1. Mais uma vez um brilhante post, Ruy Carneiro.

    Mas pensemos.
    Até onde vai a importância da privacidade dos usuários, para a Microsoft? Será que o foco desses possíveis recursos do IE 8 é realmente preservar a nossa privacidade? Ou seria apenas uma estratégia para atrapalhar Google e Yahoo! ?

    Não quero alimentar nenhuma teoria conspiratória, mas acredito que você tenha resumido bem: …Se nossos serviços de métricas não acompanharem esta revolução, podemos ficar sem informações dos clientes se não dermos algo em troca.

    Ruy, fantástico o trabalho do ebook sobre Web Analytics. Certamente abrirá caminhos para todos que o lerem, como aconteceu comigo.

    Até os próximos posts.
    Abraços.

  2. Eu considero uma ótima ação da Microsoft em função do internauta. O que tem que ficar claro é que antes de fins humanitários, eles querem é barrar boa parte dos planos do Yahoo e do Google em relação a monitoramento de navegação, AdWords e publicidade segmentada na internet.

  3. As carências no InPrivate Browsing são tantas que é engano pensar que ficaria protegido utilizando as ferramentas que o IE 8 irá oferecer, já na versão beta ele demonstrou varias fragilidades, como o fato que a ferramente InPrivate Browsing não limpa a memória cache onde também são armazenados dados importantes, sem contar as ferramenas forenses que já existem no mercado que recuperão de forma fácil esses dados. Vale pensar também que o própria Microsoft declarou que esse recurso é feito para proteger usuários de outros usuário que tente recuperar informações, mas não é funcional para profissionais de segurança.

    A forma mais segura de não ter dados revelado é a criptografia de alta segurança.

  4. Cris,
    obrigado pelo comentário.

    William, Felipe e Eduardo,
    eu acabo usando tanto o I.E. como o Firefox indistintamente, não saberia nem dizer qual uso mais :-). Mas o fato é que quando o líder de alguma área muda sua forma de trabalhar o impacto é muito grande em todas as áreas, e mais, faz com que os demais players procurem novos modos de se diferenciar. E neste caso afeta outras indústrias, como a de métricas e publicidade online, vamos aguardar para ver o que acontece.

    Abraços.

  5. O Safari no Mac OsX já tem controle de privacidade há um bom tempo.

    Mais uma vez aí MS chega com um novidade não tão nova assim.

  6. Eu não gosto muito desse jogo de especulação que acontece antes de algum novo produto ser lançado, mas por se tratar de microsoft, se eles implementarem pelo menos html válido já fico feliz.

  7. ::A internet é a pura plasticização do pensamento, via tecnologia. O mundo físico não consegue acompanhá-la e se o fizesse, seria o caos inflacionário de leis, normas, medidas etc. Ah, se isso ocorresse na Câmara e no Senado, aonde os políticos ainda se dão ao luxo de aumentar seus salários, fazer recessos e ainda por cima ganhar dobrado quando trabalham em período de férias.
    A web é incansável e deve continuar assim, para limpar o mundo da preguiça! O duro é que muitos que nem tem acesso acabem sendo afetados sem ao menos dizer o que pensam.
    Com relação à métrica, sem dúvida as inovações vão surgir.
    Só me enculca o fato de um mero IE 8.0 trazer tanta celeuma. O Firefox, a meu ver, desbanda os IEs e isso já seria um contrapondo para a Mozila driblar de outro modo essa instabilidade.
    @_@?
    ? ?

  8. O poder passa para a mão do usuário

    Mil vivas para a internet que vira o mundo de cabeça para baixo!! E a revolução só está começando…

    Bacana o artigo! Obrigada pelas informações 🙂

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