Inteligência artificial, Watson e o último xeque-mate

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A Inteligência Artificial (IA) é uma área de pesquisa ao mesmo tempo fascinante e misteriosa, contaminada pela ficção científica a tal ponto que para muitos é impossível saber o que representa a verdade e o que é fruto da imaginação de escritores e diretores de Hollywood.

O tema reencontrou a mídia recentemente, quando o computador “Watson” da IBM, uma máquina de “perguntas e respostas profundas” (DeepQA ), participou do programa de TV norte-americano Jeopardy! vencendo seus dois concorrentes humanos. O programa foge do lugar comum ao submeter respostas aos participantes, que devem descobrir a pergunta correspondente.

Watson é na verdade um conjunto de 90 servidores, 16 Terabytes de memória e capacidade de processamento de 180.000 Gigabytes por segundo! A mais bela e pura força bruta paralela da computação atual. Esta não é a primeira vez que um “deep” vence um ser-humano numa competição. Em 1997, “Deep Blue” (você deve se lembrar) um computador enxadrista da IBM venceu o então campeão Garry Kasparov. Estaríamos vivendo o início de nosso declínio, nossa submissão diante de máquinas mais inteligentes do que nós, seres-humanos?

Felizmente ainda não. Em ambos os casos, estamos falando de máquinas especialistas, computadores capazes de realizar, de forma eficiente, probabilística e extremamente rápida, a análise e ponderação de milhões de possibilidades e, por meio de um conjunto de algoritmos, tomar a decisão menos desfavorável.

Se no início das pesquisas em IA os cientistas desejavam reproduzir as leis do pensamento e construir uma máquina espelho do ser-humano, hoje a abordagem é diferente. Isto porque o objetivo de se chegar a uma máquina com a habilidade de aprender, contemplar, pensar e raciocinar mostrou-se muito além de nossa capacidade.

A complexidade desta tarefa reside no fato de que a inteligência não pode ser definida e compreendida somente por uma área do conhecimento, mas pela soma de diferentes áreas tais como biologia, filosofia, psicologia e matemática. Entre as novas abordagens a conexionista tenta aproximar os processos computacionais do cérebro humano por meio das “redes neurais” enquanto a simbólica está por trás dos sistemas especialistas.

Hoje, a IA tem focado muitos de seus esforços na simulação de capacidades cognitivas humanas como a simulação e entendimento da linguagem natural, o reconhecimento de padrões e a aprendizagem.

Entretanto, ainda estamos longe de criar uma simulação perfeita do cérebro humano e consequentemente produzir algo que possa ser considerado fruto da inteligência, mesmo que de uma inteligência rudimentar. Talvez porque o computer – aquele que conta ou ordinateur – aquele que põe ordem, classifica, seja ainda, apesar de todos os avanços da tecnociência, uma espetacular máquina de calcular e contar, somente isto.

Talvez porque ainda não houve o encontro da genética com os bits, a fusão essencial capaz de dar luz ao primeiro andróide pensante, que de geração em geração, irá criar novas máquinas capazes de evoluir de simples fazedoras de ferramentas para construtores de sociedades complexas. E, com o tempo, elas serão capazes de simular não só a inteligência, mas outras capacidades humanas tais como o sentido estético, o juízo moral, a amizade e as emoções, transformando o que antes era artificial em natural. O último xeque-mate. [Webinsider]

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Ricardo Murer é graduado em Ciências da Computação (USP) e mestre em Comunicação (USP). Especialista em estratégia digital e novas tecnologias. Mantém o Twitter @rdmurer.

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7 respostas

  1. Ricardo,

    Como você sabe, gostei muito do tema e vou fazer um resumo do que acabei lhe enviando.

    No filme 127 horas, em que o alpinista Aron Ralston fazia mais uma de suas escaladas nas montanhas de Utah, Estados Unidos, quando acabou ficando com seu braço preso em uma fenda. Sua luta pela sobrevivência durante mais de cinco dias, ou 127 horas, retrata o quanto a determinação de uma pessoa pode salvar a própria vida.

    A questão de que uma pedra o seguia e que ele criara aquela situação até que ambos se encontraram fazendo-o parar para refletir sobre a própria vida, e principalmente seu comportamento diante das pessoas, o quanto ele se importava por quem se importava por ele, relações familiares etc. A lei da causalidade chega com força total, porém o ponto crucial pode ser a maior oportunidade de mudar a própria vida. E se considerar que se uma pedra o impede de viver, então o que fazer com esse obstáculo, render-se a ele ou superar a dor extrema para continuar a viver?

    Quem tem um objetivo ou vários a curto, médio e longo prazos, tem uma missão. E essa missão movimenta a nossa vida, fundindo esse ideal com o do universo. Então qual é a sua missão?

    Existe um brilhante trabalho evolutivo das criações humanas, porém como está o ser humano no sentido humano de fato? De que adianta investir tanto no encontro da genética com os bits, se ainda temos uma utilização precária do meio ambiente baseado no consumismo exagerado e desenfreado, e muitas vezes sequer conseguimos enxergar de fato as pessoas que nos rodeiam e fazem parte da nossa história?

  2. Watson, se visto por um ângulo mais crítico, não representa necessariamente um avanço da IA. Ele é um monstrengo, cujo cérebro se particiona em múltiplos servidores e processadores. O que se busca para a consolidação do futuro da IA é a o oposto: mentes artificiais contidas em circuitos lógicos e codificações computacionais executados em dispositivos não maiores que o próprio cérebro humano. Se não maiores, porém muito mais capacitados do que o órgão natural. Este é o ideal. Por isso acredito que o futuro mais promissor da IA há de seguir a via da computação quântica (quando está também se desenvolver), única capaz de garantir uma grande capacidade de processamento com minuaturização dos equipamentos físicos.

    Uma visão um pouco humorada (porém não menos reflexiva) pode ser encontrada aqui:
    http://gatosepapos.blogspot.com/2011/03/humanamente-artificial.html

    Abraço.

  3. Ricardo Murer,

    Mais uma vez voce apresenta com brilhantismo questões que já fazem parte do nosso cotidiano nesta era da informação.Imagino eu, totalmente leigo no tema IA, que não será possível ao ser mecânico invadir a praia do ser humano, na medida em que aquele decorre da inteligência e capacidade deste. Portanto, que venham os Watsons e os Deep Blues.

    Abraços

    Forssell

  4. Muito bom !

    Um ponto importante que os computadores não iriam conseguir se equiparar à nós,pelo meu ver, é pelo fato de tentarem descobrir o “caminho melhor”. Mas, nem sempre o caminho melhor irá criar novos aprendizados, novos questionamentos, e esta “genetica” ou este “feeling”, não é racional, não é programável, isso que nos torna geniais e únicos!

    Um Grande abraço,

    Marcelo Mordoch

  5. Ótimo texto, Ri.
    Tomando por base a minha área, fotografia, eu acho muito difícil que um dia a IA tome o nosso lugar. Para exemplificar com mais clareza, a IA das câmeras fotográficas fazem ótimas fotos, mas dificilmente produzirão uma fotografia com a sensibilidade do olhar (pensamento) humano.
    Sempre faltará emoção, na hora de decidir.
    Abraço e parabéns pelo trabalho

    1. Ele ia responder isto: “Toda ação gera uma reação. Você tem que criar a reação antes da ação, e assim desencadearia uma série de problemas que você humano tem que solucionar!”

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