Menos profecias, mais estudos bem feitos

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Profeta é um cara que recebe a luz.

Do nada, em algum lugar, ele vê.

E o futuro se descortina.

E ele prescreve ações.

O mundo digital está cheio de profetas, que tudo sabem, tudo apontam, mas não mostram a memória de cálculo.

Sabe por quê?

Não as têm.

Eles vêm o futuro baseado nas observações do presente.

No que os filósofos chamam de visão empírica.

O problema que se basear em intuições, num mundo que não tem tempo e dinheiro a perder, é um jogo de roleta russa na casa da mãe joana do tiroteio de cego.

É o empirismo na veia do qual ficamos completamente viciados nas últimas décadas.

Os projetos de redes sociais corporativas estão sendo prescritos por profetas, cuidado!

Digo mais: é tempo da ciência, que  precisa nos ajudar, urgente!

A diferença de um profeta e de um cientista é: um procura calcular, o outro adivinhar para se chegar as conclusões de forma mais consistente.

O profeta não tem cálculos, apenas intuições.

O cientista precisa de dados, causa e efeito para chegar, a partir de parâmetros, no caso, de uma Revolução Cognitiva do estudo do passado.

Marilena Chauí nos ajuda da seguinte maneira.

Diz que é preciso para o desenvolvimento das teorias partirmos do princípio da razão suficiente, que é a procura de causa ou motivo para tudo que acontece.

Na razão suficiente há duas possibilidades: as causas acidentais ou causais, que ocorreriam apenas uma vez, para um determinado momento particular, ou aquilo que é universal e necessário, que se repetiria, por razões a serem estudadas, ao longo do tempo.

A maior parte dos estudos sobre mídias sociais, internet, redes sociais digitais, etc. parte do princípio que tudo é novo, ocorre apenas agora, que é a primeira, que é algo completamente novo e que não temos repetições, algo que vem do passado.

Mais e mais temos pensadores que vão, entretanto, em outra direção.

Estão seguindo a linha de Lévy que analisam a internet como mais uma mudança radical nas tecnologias cognitivas de plantão e que isso não ocorre pela primeira vez, mas já aconteceu no passado e sobre ele temos que nos debruçar para entender melhor.

Ou seja, reduzir nossa taxa de profetas e aumentar a de cientistas.

Digo mais.

Nós estamos habituados com profetas, pois estamos em um mundo intoxicado por crachás, celebridades e mitos criados pelos poucos canais de validação das pessoas.

Reagimos emocionalmente quando vemos alguém que é “nacionalmente ou internacionalmente conhecido”.

Ou seja, aquele cidadão vale pelo local em que aparece e não pelo que, de fato, é, pensa, colabora com a sociedade.

Nestes parâmetros, a Xuxa tem mais valor do quem um Ferreira Gullar, que vai precisar um Nobel para ser conhecido por mais gente.

Vivemos de levantar a bola de um cara ou uma cara, porque a mídia reconhece com todos os interesses atrelados que isso implica.

Quando um profeta apresenta um cenário, sem cálculos, na verdade, ele pede que você acredite nele pela força do poder da mídia que tem por trás e quase nunca pelos argumentos apresentados.

A verdade é por aquele que diz (sua força na mídia ) e não pela lógica embutida.

E isso é algo que reflete essa passagem de um mundo de ideias controladas, que alguém precisa filtrar o outro para que aquele outro tenha seu valor reconhecido.

Quem aparece na Tevê é reconhecido por alguém como uma pessoa importante e quem não aparece, não é.

Isso se reflete AINDA nos gurus digitais de plantão. Eles valem por quanto aparecem, mas não pelos seus argumentos.

Convencem-nos, assim, pela emoção, pela fé, pelo credo. E não pela razão.

E assim estamos encarando esse mundo 2.0, com a intoxicação da falta de argumentos lógicos e gastando dinheiro na emoção dos profetas intuitivos, mas pouco eficazes.

Por isso, que sugiro ao invés de comprar tecnologias, compre velas – para rezar!

É preciso um banho de desintoxicação para que possamos olhar tudo isso de forma diferente.

Que discutamos argumentos e não coelhos da cartola!

Chega de velas, santos e profetas!

Que dizes? [Webinsider]

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Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

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Uma resposta

  1. Digo que seu argumento é bom, e válido.

    A escrita foi de fácil compreensão, porém a analogia usada para contextualizar não se aplica.

    Um profeta não tem nada a ver com o que foi dito.

    Não tem a ver com:

    – Prever o futuro (o que na verdade é adivinhação)

    – Coelhos em cartolas (na verdade associado a prática de truques de mágica)

    – Santos, velas e orações (na verdade são dogmas religiosos)

    – Filosofia, Marketing, Mídia

    Profetas sempre dirigiam palavras as pessoas, mostrando ao menos 2 futuros possíveis, baseando-se em sua vivência no presente.

    Mostrando sempre que um futuro ruim advém das escolhas ruins das pessoas. Ou seja consequências… Ação e reação…

    Tirando-se o fato da ação e intervenção divina, todo o resto depende da ação humana.

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