O firmware

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O firmware nada mais é do que um software (programa de computador), gravado num microchip chamado de EEPROM (Electrically Erasable Programmable Read-Only Memory), que é um circuito dotado de memória capaz de ser apagada e regravada sucessivas vezes.

Ela é também uma memória classificada como “não volátil”, isto é, não apaga quando o circuito é desligado. Este tipo de memória é também chamado de memória Flash, que talvez seja a maneira como a maioria dos usuários a conhecem, por causa da disseminação das memórias de câmera, pen-drives, MP3 players, etc. Na realidade, a memória Flash é apenas um tipo de EEPROM, mas isto a gente deixa de lado, para explorar um pouco mais o lado prático dessa coisa.

A minha experiência com firmwares vem de longa data e foi marcada por incidentes que eu vou me dar a liberdade de contar para o leitor.

O assunto, até uns anos atrás, era tabu para a maioria dos fabricantes de drives e principalmente de leitores de DVD e foi com estes últimos que eu comecei a minha própria débâcle. Tudo aconteceu porque eu havia resolvido comprar um leitor de DVD dotado de saída com vídeo componente. Pode hoje até parecer estranho, mas naquela época esses aparelhos eram raros e muito caros. A Philips havia lançado no Brasil o modelo Q50, na faixa de dois mil reais mais ou menos, e eu, a princípio, achei um exagero e não comprei. Mas depois saíram os modelos Q40 e Q35, este último já pela metade do preço, e então eu fui à luta.

Dali para frente, o resumo da ópera foi o seguinte: o Q35 nunca funcionou direito, engasgava com vários discos, não lia menus, travava quando menos se esperava, em suma era um desastre. Alguém abre um aparelho desses e só acha três componentes importantes lá dentro: um drive de leitura, uma placa decodificadora de áudio e vídeo e uma fonte de alimentação. E quando se leva numa autorizada, o técnico troca um desses módulos, de acordo com o defeito.

Ora, depois de várias visitas à autorizada, trocando o que era possível, nada mudou e então a Philips jogou a toalha: me ofereceu para trocar por um Q50, a preço subsidiado. Eles achavam (e eu também) que o Q50 era muito superior (embora houvesse relatos pela internet, dizendo que ele travava com alguns discos), e eu então paguei para receber um.

No dia que o Q50 chegou à minha casa, a primeira coisa que eu notei é que ele não obedecia aos comandos do teste THX Optimode, e aí eu comecei a temer pelo pior. Mas, durante a madrugada que se seguiu, eu achei na internet uma alma caridosa, um cidadão australiano, que havia passado pelo mesmo problema e, generosamente, ensinava a identificar o processador do Q50 e trocar o firmware do mesmo. A seguir, dava um link para a versão do firmware correta para cada leitor e eu baixei e atualizei o meu. Resultado: problema resolvido e nunca mais eu precisei atualizar mais nada!

A Philips é uma dessas empresas que fabrica o mesmo aparelho, com versões distintas para cada país, e elas são identificadas no modelo com uma barra seguida de um número. O leitor pode reparar que as versões montadas no Brasil terminam quase sempre com a numeração “/78”, como, por exemplo, DVP-5980K/78. Dentro do aparelho, o processador principal pode ser diferente, motivo pelo qual nunca se deve atualizar a versão do firmware, sem saber que tipo de processador é usado lá dentro.

O firmware é um programa, e como tal ele pode perfeitamente conter bugs (erros) de programação. Idealmente, o firmware habilita comandos que melhor exploram as qualidades do chipset usado no leitor de DVD ou congênere, assim como os drivers da placa-mãe do nosso computador pessoal otimizam a performance do sistema operacional em uso. Quando um aparelho dotado de firmware não funciona como pretendido, a troca de versão do firmware é o procedimento mais recomendado.

Na época em que os eventos que eu descrevi acima aconteceram, a palavra “firmware” sequer era conhecida nas autorizadas, e empresas como a Philips fugiam do assunto como o diabo foge da cruz. Se a postura tivesse sido outra, alguma solução para o Q35 teria eventualmente sido achada. Trocar peças, como eles trocaram, não resolveu nada e eventualmente a própria Philips abandonou o modelo.

Hoje em dia, é muito comum os sites de fabricantes já darem o firmware mais atual para download, e na grande maioria dos casos, a atualização é recomendável. A atualização é fácil de fazer (mais embaixo eu dou algumas dicas), mas a operação em si não é desprovida de riscos, e por causa disso é normal o fabricante oferecer a atualização gratuitamente ou a preço combinado com o cliente, nas autorizadas.

Fazendo-se a atualização em casa, alguns cuidados devem ser tomados: primeiro, seguir as orientações do fabricante quanto à mídia a ser usada. Caso haja omissão desta informação, eu recomendo queimar um CD-R/RW (este último é melhor porque pode ser apagado depois) em modo ISO 2 – Extended Architecture (ISO 9660 Mode 2/XA no menu de opções) e para o nome de arquivos usar o padrão ISO 9660 + Joliet.

Geralmente, o número de caracteres usado é o padrão do DOS (8 no nome e 3 na extensão), mas se necessário pode-se mudar para nível 2, com um máximo de 31 caracteres. A tabela de caracteres também deve obedecer ao padrão ISO 9660.

Antes de levar o disco gravado para o seu destino, use um desses utilitários gratuitos, para conferir se a mídia e a gravação estão corretas. Quem usa o Nero, por exemplo, pode usar o Nero DiscSpeed, ou baixá-lo do site, mesmo sem usar o programa.

Depois de gravar o CD e colocá-lo no leitor de mesa, siga as orientações do fabricante de forma fanática. Estas, geralmente, falam que o usuário não deve interferir no processo de atualização, ou seja, não acione nada nem toque em tecla alguma enquanto a atualização não terminar! Se for possível, ligue o leitor em um no-break, porque falhas de energia durante a atualização costumam tornar o leitor inoperante. Mas, se isso acontecer, não entre em pânico: tente atualizar de novo e se não der certo, leve na autorizada, que eles regravam o firmware usando métodos aos quais o usuário não tem acesso.

A atualização do firmware comporta riscos. É possível que uma versão mais recente seja pior do que a anterior, mas, via-de-regra, é exatamente o oposto, e por causa disso, eu sou um que me acostumei a atualizar o firmware sempre. Recentemente, eu fiz isso com o meu Panasonic BD-10A umas três vezes.

A não atualização de leitores de Blu-Ray implica em não conseguir tocar vários tipos de discos e por isso a maioria dos estúdios coloca uma nota dentro do disco chamando a atenção do comprador para a possibilidade do disco não tocar por conta do firmware desatualizado.

Por outro lado, a velha máxima “se não está quebrado não conserte!” também se aplica aos firmwares. É possível que o usuário compre um aparelho já devidamente atualizado, portanto é importante verificar a versão do firmware antes de qualquer outra medida. Os fabricantes mais conscientes com o usuário final têm por hábito fazer uma lista dos problemas consertados por versão.

A atualização do firmware, se corretamente feita, evita aquela tradicional dor de cabeça de levar o aparelho para as oficinas autorizadas, pagar (se for o caso) e ficar esperando por alguma coisa que o usuário pode fazer em casa. Mas, como sempre, existem oficinas que entendem o problema e são competentes para fazer isso de forma transparente, quando o usuário não souber fazer ou tem receio de fazer errado. [Webinsider]

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Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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11 respostas

  1. Iram,

    Desculpe o mau jeito, mas eu não sou técnico de informática, por isso aceite a minha opinião com as devidas reservas.

    Em primeiro lugar, se você iniciou um disco multisessão com um determinado drive, não há garantias de que ele seja reconhecido como tal com outro drive.

    Se o Nero reconhece o drive da LG, então, em princípio, não há motivo para duvidar dele. Para saber se o seu drive tem problemas, eu sugeriria fazer um teste munido de um DVD-RW confiável: inicie uma multisessão, e depois coloque mais arquivos em sessões distintas. Em todas essas etapas, o computador deverá ser capaz de ler o conteúdo do disco. Observe se, quando o Nero inicializar o disco, ele indica se há uma sessão aberta e quais os arquivos que estão nela. Neste momento, o Nero também deverá indicar quais os arquivos novos a serem gravados nas respectivas pastas, na sessão seguinte.

    É possível que o seu drive esteja com defeito, ou com firmware desatualizado, mas como ele é novo, neste caso eu lhe sugeriria uma troca ou uma proposta de teste com a revenda e depois uma troca, se for o caso.

    Sinto muito não poder lhe ajudar mais.

  2. Bom dia,

    Meu problema é o seguinte, meu drive gravador de DVD da LG não quer ler discos multissessão quando colocados no Nero para add mais arquivos, quando abro o Nero para gravar mais dados, o Nero mostra como se ele fosse um DVD virgem.
    Quando apenas faço a leitura do DVD, ele lê os dados normalmelte. O problema será no Nero?
    Comprei o drive a uma semana apenas.

    Abraço.

  3. Caro Paulo,

    Eu lamento muitíssimo, e lhe peço desculpas, mas nós não damos assessoria a certos problemas de manutenção. Eu não conheço seu aparelho nem o código ao qual você se refere, portanto dar palpite seria leviano da minha parte e poderia lhe prejudicar.

    O que eu posso lhe dizer, entretanto, é que, via de regra, o firmware é armazenado em memória não volátil e portanto não apaga tão facilmente. O maior problema com firmware é quando o usuário resolve gravar um novo e para no meio do caminho, por qualquer motivo, ou então coloca uma versão errada ou de outro aparelho.

    Nesses casos, o usuário é obrigado a levar o equipamento numa autorizada. Se você não quer fazer isso por enquanto, existe ainda o recurso de procurar apoio de outros usuários na Internet, que tenham o mesmo aparelho que o seu.

  4. Bom Dia…CAro amigo,tenho um mp7 aconteceu o seguinte problema atravez do codigo*#3646633# para configuraçoes ele desligou e naum liga mais portanto acho que deletei o programa dele sera que tem como vc me ajudar…sera que deletei o firmware…

  5. Olá, Rodrigo,

    Este problema de inserir um dispositivo USB no micro e não acontecer nada é muitas vezes um mistério, mas a solução que se tem encontrado e que tem resolvido muitos desses casos é inserir o dispositivo num hub externo, dotado de fonte de alimentação própria.

    Esta fonte de alimentação externa parece compensar a deficiência de alimentação elétrica no barramento USB da placa mãe. Repare que o mesmo dispositivo funciona em outros computadores e não funciona em outros.

    Note que o fato do seu dispositivo não funcionar no seu micro não significa que eles não tenha sido reconhecido. Uma sugestão, se você me permite, para verificar se isto aconteceu é baixar um freeware chamado USBDView, dado pela Nirsoft: http://www.nirsoft.net/utils/usb_devices_view.html

    Este software não precisa de instalação, e ele monitora todos os dispositivos USB instalados no micro (XP e Vista, somente), e ainda te permite removê-los com segurança do sistema.

  6. Boa noite , muito interessante td q vc explicou acima .

    Mas estou com problemas , pra atualiza , o firmware , de um MP4 , foston FS-68 pois quando ligo no pc ele, simplesmente não ocorre nada , o pc não reconhece ,Ja troquei de cabo , de porta do pc e nada . O que pode estar ocorrendo ?

  7. Oi, Marcello!

    Muito prazer em tê-lo como comentarista nesta coluna. Queria aproveitar o ensejo e comentar também o seguinte:

    De fato, você tem razão quando fala com entusiasmo do PS3, e eu não tenho a menor dúvida que este aparelho ajudou, e muito, a derrubar o HD-DVD.

    Porém, quanto a ser future-proof, eu te peço licença para discordar. Se, por um lado, o PS3 é capaz de decodificar internamente todos os codecs avançados lossless (Dolby TrueHD e DTS-HD MA), ele é incapaz de mandar os respectivos bitstreams para a saída HDMI, apesar de já ter um transmissor HDMI versão 1.3. E a explicação para isso é simples: a Sony usou um chip no transmissor que não tem capacidade de fazer isso, e no caso, para corrigir por firmware não dá, eles teriam que mexer no hardware também.

    Quem tem hoje um receiver capaz de aceitar esses codecs como bitstream, e quiser usar um PS3, ele só vai recebê-los na forma de LPCM multicanal, o que, aliás, já é um avanço, porque muitos dos equipamentos que fazem isso usam às vezes os cores dos codecs, no lugar do codec integral, ou seja, é uma decodificação interna pela metade.

    Abraços do
    Paulo Roberto Elias.

  8. Paulo, caro,

    parabéns pelo artigo.
    Um addendum: O PS3 é por enquando talvez o único reprodutor de Blu-Ray future proof. O PS3 é uma plataforma sofisticada e desenhada para funcionar em rede, assim as atualizações são mais intuitivas — já fiz 2 com sucesso. A Sony vem escrevendo bem os upgrades de seu sistema + firmware, e se preocupa com a satisfação do usuário final.

    abç marcello.

  9. Fabio,

    Eu não sei quanto à ajuda dos leitores, mas na minha opinião se trata de um problema de calibração do pick-up ótico, que, em princípio, nada tem a ver com firmware.

    Mas, como eu também não sou técnico, acho que a melhor solução seria levar o seu aparelho numa autorizada, relatando esta mensagem de erro, porque no manual de serviço costuma existir uma lista de erros e a solução dos mesmos.

  10. Prezados leitores,

    Desde que esta coluna foi escrita, até a data de sua publicação (que aconteceu ontem), alguns fatos novos, parcialmente referidos no texto, aconteceram, o que me compele a atualizá-los, de forma a beneficiar quem de direito:

    Algumas edições novas, todas da Universal Pictures, lançadas em Blu-Ray, e com trilha sonora codificada com DTS HD Master Audio, não tocam corretamente em alguns leitores de Blu-Ray.

    O problema é causado pela incapacidade de decodificação da trilha DTS-HD MA, produzindo um som alto e bastante distorcido.

    No caso específico do Panasonic DMP-BD10A, que eu uso atualmente na minha casa, é necessário atualizar o firmware para a versão 2.5. Esta versão foi disponibilizada logo após a saída dos discos. Ela pode ser baixada neste link:

    http://panasonic.jp/support/global/cs/bd/download/bd10/index2.html

    Os discos afetados são, no momento, The Mummy e The Mummy Returns.

    Já li alguns relatos pela Internet, que dão conta do mesmo problema, afetando o PS3, mas eu não sei dizer se existe alguma solução para o mesmo.

    De qualquer forma, se não for possível atualizar o firmware, existe ainda a solução temporária, de desabilitar a decodificação dos leitores, para este codec. Para fazer isso, deve-se alterar os ajustes no setup do leitor, na parte de saída digital, passando, por exemplo, de PCM para bitstream. Com isso, apenas o core do codec, que é na realidade DTS convencional, é reproduzido, e sem problemas.

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