O futuro das empresas

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carlos-nepomucenoConvivo com o Carlos Nepomuceno desde antes do computador pessoal, quando trabalhávamos como jornalistas no jornal Computerworld. Desde 1997 ele escreve para cá e assim acompanho o pensamento dele, por escrito e também em ótimas conversas com sabor de café.

Com o tempo, Nepô foi se aproximando da Filosofia, de forma a entender historicamente o que representa a internet, e ensina o que sabe para ajudar gestores de empresas a se prepararem para as profundas mudanças que estão em curso, das quais já vemos alguns sinais.

– Para onde vai o mundo pós-internet?

– Analiso que o ser humano é outro depois da internet.

As tecnologias têm a capacidade de mudar o humano, pois somos uma espécie tecnológica dependente. Quando surge uma nova tecnologia precisamos nos adaptar a ela e ela a nós, em uma tensão de ajustes.

O processo de mudança de uma tecnologia cognitiva é ainda mais profundo, pois modifica muito mais coisas nos humanos, a forma de aprender, filtrar, conhecer, se relacionar, informar, produzir, colaborar.

Ou seja, estamos criando uma nova espécie de humanos e estamos agora no início do processo de mutação de uma para outra espécie, que será mais adaptada para um mundo com 7 bilhões de habitantes.

Vamos levar algum tempo, talvez décadas, para que possamos criar organizações que sejam mais parecidas com o que estamos mudando dentro de nós. O processo será de desintoxicação do atual modelo, experimentação do novo e luta contra os que vão resistir bravamente para manter o atual.

Em algumas décadas seremos uma sociedade completamente diferente da atual.

– Qual dificuldade teremos para nos adaptar?

– Se olharmos a outra mutação desse tipo, a chegada da prensa, que permitiu a criação do homos-impressus (da rede social do papel impresso) tivemos um longo processo, pela ordem, o questionamento da figura de Deus, do modelo de governança da sociedade, da criação de um novo modelo social, político e econômico (revolução científica, francesa e industrial) e a consolidação do mesmo e sua decadência, até a chegada da Internet.

Temos adaptações de toda ordem, primeiro de cada um, cognitiva/emocional, dos grupos e depois da sociedade, tudo isso envolto no poder e nos interesses de quem usufruía do ambiente cognitivo passado, através do controle das ideias e da produção.

Teremos um longo ciclo de conflitos, experimentaremos diversas formas de nova governança para, só então, começar a consolidar e tornar o novo modelo hegemônico, estamos entrando num período de renascença filosófica para revisar o mundo humano e depois vamos entrar, como já aparece aqui e ali, na fase das revoluções reintermediadoras, não será um período light.

– Onde já podemos ver o futuro agora?

Há nesgas de futuro. Novos modelos sociais, políticos e econômicos, tais como a colaboração de massa para consumo, como o carro compartilhado, a troca de aposentos na casa de desconhecidos. A constituição colaborativa da Islândia, as inquietações políticas na Espanha, Argentina, EUA, Itália e agora no Brasil com a proposta da Rede. E no âmbito econômico as experiências ainda de gestão de um novo modelo como o Google, o Taxibeat, a Estante Virtual, o Mercado Livre, ainda com tecnologias novas, mas sem ainda uma nova Governança.

Já há vários pensadores de negócios, destaco Gary Hamel e Peter Senge que percebem esse movimento, sugiro ver o que eles andam produzindo.

– Você apresenta cursos e seminários com suas ideias. O que está discutindo agora e quem costuma participar?

– Sim, tenho vivido de palestras, cursos e consultorias. Tenho procurado ajudar as organizações a fazer essa passagem para esse novo cenário, mas temos tido alguns problemas:

  • As organizações estão muito intoxicadas com o modelo atual e estão sem ferramentas estratégicas para perceber a grande mutação;
  • Os concorrentes não adotam o novo modelo e isso cria um cenário falso de tranquilidade, pois o concorrente hoje não é o atual, mas são garotos pensando em novos modelos de negócio que surgem do nada e levam de roldão antigos mercados;
  • As prioridades são as do dia a dia, o que é normal, mas estamos em um cenário muito instável e difícil, o que dificulta um trabalho mais conceitual como o meu, pois estamos muito pragmáticos em um mundo que exige um pensamento mais estratégico, filosófico, teórico e de cenários.

Por isso, tenho me esforçado a formar uma nova geração para que possa atuar nesse trabalho de persuasão, através de argumentos lógicos nesse cenário emocional, principalmente em grupos de estudos, via Skype pela Internet, isso pode ser visto no meu blog.

Tenho um novo canal do Youtube para passar as ideias e divulgar meus serviços.

Temos muito trabalho pela frente, apesar da maioria dos clientes e prestadores de serviços, que lidam com o mundo digital não terem ainda se apercebido disso. [Webinsider]

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Vicente Tardin (vtardin@webinsider.com.br) é jornalista e criador do Webinsider. É editor experiente, consultor de conteúdo e especialista em gestão de conteúdo para portais e projetos online.

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