O Linux está pronto para o desktop? Sim e não.

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Acompanhando o mundo open source bem de perto, percebi que uma declaração deixou a comunidade muito agitada. Há algumas semanas atrás, o CEO da Red Hat, Matthew Szulik, sugeriu que os usuários continuassem usando o Windows nos computadores desktop, pois, segundo ele, o Linux não está pronto para isso.

Vindo da Red Hat é de se estranhar. Até a sua última versão oficial – Red Hat Linux 9 – a empresa defendia o Linux no desktop. Investiu em facilidade, beleza, estabilidade. Mas pouco depois do lançamento disse que não disponibilizaria mais a “caixinha” para os usuários comuns, já que estes a baixavam da internet e que algumas empresas compravam diretamente dela.

Depois disso tudo, a Red Hat diz que não fará continuará a série – Red Hat Linux 9.1 ou 10 – e que estaria passando o núcleo do sistema para o Projeto Fedora*, que continuaria o desenvolvimento e seria sustentado financeiramente por ela. Dessa forma, a Red Hat se dedica com exclusividade ao segmento que mais lhe traz benefícios, o corporativo.

Isso quer dizer que ela usará o Fedora Linux como base do Red Hat Linux Enterprise, que será fornecido com suporte e serviços de valor agregado. Terá ainda compatibilidade e parceira com terceiros, como a Oracle.

Como dissemos, a declaração do CEO causou um reboliço, pois as facilidades trazidas pela empresa e complementadas por outros ajudam a atingir o desktop.

Certa vez, os criadores do Ximian defenderam que o Linux está pronto para o desktop corporativo, mas não para o micro doméstico, que possui uma infinidade de configurações e aplicativos feitos exclusivamente para os sistemas proprietários. Sim, exatamente esse joguinho que seu filho ganhou no dia das crianças.

Agora, como toda generalização é incorreta, o Linux pode atingir esse segmento se houver um esforço conjunto de diversas empresas. Não basta fornecer a ISO via internet. Deve–se fazer mais InstallFests**, vender a máquina com a distro pronta para usar, mais tutorias, mais artigos e How–tos, desenvolver aplicações específicas etc.

Há usuários que apenas usam seus PCs para navegar na internet, ler e–mails, conversar via ICQ (MSN ou AIM, ou que você quiser), escrever textos, fazer planilhas, escutar música e quem sabe ver um DVD ou DivX***. Esse usuário poderia usar Linux ou qualquer outro sistema operacional, pois o que importa é a aplicação.

Uma pesquisa feita na Alemanha descobriu que as pessoas conseguiam executar as suas tarefas em um tempo muito próximo no Linux e Windows XP. Isso prova que as interfaces dos sistemas estão ficando parecidas e com boa usabilidade.

Hoje, as pessoas que possuem dificuldades em determinada aplicação no Windows possuem também dificuldades no Linux. Ou seja, gravar um CD com suas músicas preferidas é tão fácil em um quanto no outro.

Devemos entender que há aplicações que têm seu nome associado a seus objetivos. Em outras palavras, é editor de texto e não Word; é planilha eletrônica e não Excel; é cliente de e–mail e não Outlook; é software de manipulação de imagens e não Corel ou Photoshop.

Onde quero chegar? Há substitutos. Conheça o OO.org (Um Office open source, veja ao lado), o Ximian Evolution o Mozilla Thunderbird ou o Gimp. Todos eles tentam usar a maioria das características de seus correspondentes proprietários.

Entusiastas da Microsoft procuram fazer seu marketing sobre as frases “mal ditas”. O CEO da Red Hat está visando o segmento corporativo de servidores. Exatamente isso que você leu, servidores. É aqui que o “pinguim arrebenta a janela”. Sejam servidores web, banco de dados, impressão, arquivos etc.

Se você quer usar o Linux como desktop ou servidor mas não quer pagar pelo suporte, existem diversas distros – veja o primeiro artigo da série. Os que mais facilitam o uso no desktop são o Fedora 1.0 e o SuSE 9. Este último, pertence à SuSE, empresa alemã, recentemente adquirida pela Novell com a ajuda da IBM. Sendo que a Novell comprou a Ximian há menos de três meses. Vamos ver onde ela quer chegar.

Já a IBM semana passada liberou uma apresentação na qual mostra que o Linux está pronto para o desktop corporativo. A IBM primeiramente classifica os tipos de desktop de acordo com as tarefas executadas por seus usuários: jogos, aplicações cientificas, aplicações multimídia, navegar na web, entre outras. Depois, defende qual segmento terá facilidade de adoção das alternativas open source. Pelo visto ela sabe onde quer chegar…

Conclusão: o Linux está pronto? Sim e não. Acho que os advogados diriam: depende. Só o tempo poderá nos dizer.

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* Um tipo de chapéu. Alguns dizem que é o estilo do Indiana Jones.

** Festival de Instalação de Linux. Geralmente grupos de usuários fazem este evento em suas regiões. Eles instalam e deixam configurados, pronta para usar, qualquer distribuição. Seja o Kurumin, Debian, Slackware, Conectiva, Fedora ou Red Hat. Depende do Grupo de Usuários Linux (GUL) que fizer o festival.

*** Um formato de vídeo que acomoda um filme inteiro em um CD comum. [Webinsider]

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Alexandre Figueiredo (alfigueiredo@gmail.com) é formado em Ciência da Computação e possui especialização em Rede de Computadores.

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