O livro digital evolui: nova forma de ler, novas interações

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Uma recente pesquisa da Verso Advertising sobre os hábitos de consumo de livros, tanto em papel quanto os digitais, afirma que o número de leitores resistentes a adquirir um e-reader aumentou de 40% em dezembro de 2009 para 52% em dezembro de 2011.

Esta e outras afirmações da pesquisa desta empresa norte-americana do ramo editorial levam a um questionamento que tive recentemente: será que já se chegou ao ponto de saturação no mercado de e-books?

Ou é apenas um sinal de que as pessoas, o público consumidor de livros e de cultura, de forma geral, espera por novas e mais estimulantes formas de se aproveitar a leitura?

Porque, eu suponho, se é para ir além e experimentar o novo, investir em uma nova tecnologia que inclui não apenas a compra do hardware necessário, mas também o tempo de aprendizado desses novos gadgets, é preciso que o retorno também vá além e compense.

Afinal, “virar” a página num livro digital pode ser bastante diferente de “virar” a página num livro tradicional, de papel – e há aqueles que consideram, com alguma razão, muito mais cômoda essa última opção. Logo, se for apenas isso, para quê mudar? Fica a provocação…

Não posso afirmar aqui que o modelo de negócios da Amazon, no caso de seus livros digitais via Kindle, está condenado ou prestes a desaparecer. Não posso. No entanto, com base em minhas percepções de mercado e uma extensa pesquisa que venho fazendo, após lançar meu primeiro livro de maneira tradicional e, em seguida, na versão digital (para o Kindle), parece que setores de todas as partes envolvidas no negócio do livro digital atualmente – autores, editoras e leitores – começam a mostrar-se muito mais inclinadas a apostar nos e-books com mais interação e que misturem outras mídias, como videos, animações, áudio etc do que na pura adaptação do conteúdo em papel para qualquer formato digital, seja EPUB ou o PDF.

Para mim, é algo a se observar com gosto. Ou seja, tal como acontece com livros lançados recentemente, em formato de apps para tablets, tanto para iPad como para Android (embora, neste último, em menor escala), parece começar a fazer sentido a ideia (melhor, a “cair a ficha”) de que se trata de outra plataforma, uma nova mídia para a publicação de conteúdo, não apenas uma versão do conteúdo impresso previamente publicado.

E isso significa muito, já que as possibilidades para a interação justificariam, possivelmente, o envolvimento dos leitores ao livro digital, ampliando e fortalecendo esse tipo de mercado.

iBooks Author ajuda a montar um livro interativo

No caso específico do tablet da Apple, o iPad, a empresa lançou no início do ano aquele que, até o momento, ao menos para mim, é o melhor aplicativo para produção de livros digitais interativos, o iBooks Author.

Com simplicidade, qualquer um pode se tornar um autor da noite para o dia. Embora seja voltado, de acordo com a empresa, primeiramente à produção de livros didáticos, na verdade pode-se criar qualquer tipo de livro, manual, guia ou que mais possa existir em termos de publicação.

Parece por acaso, mas eu acredito que foi uma jogada proposital da Apple, atuando não apenas na área educacional, ainda incipiente nesse mercado digital, como também na área editorial e de entretenimento. E com o exposto acima, é uma visão e tanto.

Por outro lado, a criação do mesmo tipo de livro no formato EPUB não encontra a mesma simplicidade, pois não há qualquer aplicativo semelhante para esse formato. Mas é perfeitamente possível a criação de algo mais desenvolvido também.

A diferença é que, caso se queira criar um e-book altamente interativo em EPUB, precisamos, no mínimo, de dois ou três softwares, como o Calibre e o InDesign. Ou aprender HTML5, uma ótima evolução em termos de programação para ambientes digitais, embora exija algum conhecimento prévio sobre desenvolvimento web. Além disso, podem-se gastar horas até que se chegue à formatação ideal.

Mesmo com todos esses fatores, já existem bons livros digitais nesse formato que vão além do texto.

Com tudo isso, na minha humilde opinião, seja qual for a plataforma escolhida, acho que chegou o momento de ir mesmo além da reprodução do texto em papel para algo que de fato aproveite todo o potencial de interação e de imersão num livro digital possibilitado pelas novas tecnologias de publicação, não apenas pelo lado dos softwares existentes, mas também por aquilo que os hardwares possibilitam.

Ou seja, não apenas “escrever e colar” o texto, na página branca da tela, mas ir além, inserindo imagens interativas, videos, áudio e atividades que repassem o conteúdo. E outros widgets, esses pequenos elementos interativos que podem dar um sentido único a qualquer e-book. Existem diversos exemplos por aí, além de muitas ideias que valem a pena ao menos conhecer.

Acredito, de fato, que o limite é a própria imaginação, porque livros e a arte de contar ou apresentar uma história são coisas intrínsecas, que só existem lado a lado. E se pararmos para refletir, a forma de contar histórias mudou há alguns anos e vem mudando a cada dia (basta lembrar, por exemplo, como os filmes são contados hoje em dia, com diversos conteúdos em várias mídias, ou histórias transmídia que, embora também se apliquem perfeitamente aos livros, já teríamos outro tema, aqui).

Ou seja, particularmente, consideraria muito pouco, caso o editor fosse eu, que o livro do meu autor mais vendido fosse uma mera reprodução do conteúdo impresso no papel. Apostaria em novos formatos, pediria novas interações, conteúdos extras etc.

Isso seria não apenas uma evolução do ponto de vista editorial, mas também o próprio entendimento do mercado e seus novos desafios no mundo de hoje, onde os antigos formatos e conceitos passam (ou passarão), inevitavelmente, do tradicional para o digital. [Webinsider]

Sobre livros digitais, leia também:
1. Como escrevi meu e-book e publiquei na Amazon
2. Conhece a revista Orsai?
3. Livros digitais: agora sim um produto interessante

Alexandre Bobeda (@dezbloqueio) é redator, professor, designer instrucional, autor publicado. Criou o dezbloqueio conteúdo & ideias.

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2 respostas

  1. Muito bem posto. O mercado editorial pode ser revolucionado, mas faltam passos importantes ainda. O próprio conceito de escritor (sua atividade, seus conheciments e aptidões, etc) está sendo modificado (será que já há termos mais adequados? Ou surgirão?).

    Fico curioso para saber mais..

    Abraços

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