O propósito do marketing pessoal e o valor do coaching

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silvio_celestino Tivemos uma conversa com o consultor de carreiras Silvio Celestino, que lida com tema subjetivos como desenvolvimento humano e marketing pessoal.

Silvio Celestino é colunista sobre Carreiras e Profissões no site do jornal O Globo e é autor dos livros “Conversa de Elevador – Uma fórmula de sucesso para sua carreira” e “Diversity in Coaching – Working with gender, age, culture and race”, escrito em parceria com Jonathan Passmore na Inglaterra, em 2009.

Tem experiência executiva em TI e há 10 anos dedica-se exclusivamente ao coaching. Neste período treinou executivos de grandes grupos empresariais no Brasil, nos Estados Unidos, em Angola e na Suíça.

– O que é marketing pessoal?

Silvio Celestino. – Marketing Pessoal é toda ação que gera uma possibilidade de sucesso para a pessoa. Mas subentenda-se toda ação de marketing, ou seja, é necessário que a pessoa esteja vendendo algo para que possa fazer seu marketing pessoal: uma ideia (caso seja um investidor), um produto ou serviço (caso seja um empresário) ou suas aptidões profissionais (caso seja um empregado ou autônomo).

Portanto, toda ação que alguém faz para ser bem-sucedido é uma ação de marketing pessoal – o mais difícil que existe. Não se pode falar de marketing, se não há uma venda associada.

– Mas marketing pessoal não tem a ver com a capacidade de a pessoa falar e se vestir bem?

SC. – Essa é a simplificação que a maioria faz. A sua imagem, fala e postura devem estar alinhadas ao seu propósito. Não se espera que um executivo em uma empresa tradicional tenha piercing, exiba sua nova tatuagem e fale coisas “tipo assim” adolescentes. Também ninguém espera que um vendedor de material para a prática de surf esteja de terno, gravata e trate seus clientes como “senhoras e senhores praticantes do surf”.

Cada contexto requer uma consciência da sua imagem, fala e ação, ou seja, de qual experiência você proporciona nas pessoas que o cercam. Se ela for alinhada com o que deseja, tudo bem, senão você terá de construí-la em acordo com seus propósitos. Por isso o Marketing Pessoal é o mais difícil que existe, pois deve estar alinhado ao seu propósito, não ao que você gosta, acha ou pensa.

– Mas, eu não estarei sendo falso diante das pessoas? Não estarei manipulando as pessoas?

SC. – Se você tem um propósito, isso não é manipular. É ser autêntico. A pessoa autêntica é aquela que faz o que tem de fazer para preencher seus propósitos. Por exemplo: se você deseja ser gerente em uma empresa, tem de falar, vestir-se e comportar-se como um gerente. Pois é assim que um diretor na sua presença vai viver a experiência de que está diante de um gerente. E são os diretores que escolhem os gerentes.

– E a competência? Eu não estaria colocando a competência em segundo plano?

SC. – Não basta você ser competente, você tem que parecer competente. Assim, se diante de alguém que possa promovê-lo você não souber falar, se vestir e se comportar, outra pessoa talvez menos capaz que você é que será preferida. O verdadeiro profissional é capaz de falar de modo simples sobre temas complexos, são os amadores que fazem o contrário. As pessoas competentes precisam se interessar na “embalagem” da sua competência e ela é expressa na sua imagem, fala e ação.

– Por que o livro se chama “Conversa de Elevador”?

SC. – O nome original do livro era “Vamos em frente”, uma expressão que uso muito ao final de meus e-mails e artigos, mas, ao apresentá-lo ao editor, ele ficou muito interessado em um trecho do livro que menciono a conversa de elevador no mundo empresarial; e o título foi sugerido pelo comprador de uma livraria que deu sua opinião após ler o livro ainda em desenvolvimento.

Ela é uma conversa marcante, relevante e inspiradora, de curta duração, que você tem com alguém a ser conquistado para que você consiga seu novo emprego, venda sua ideia, produto ou serviço. Só que você tem somente o tempo equivalente ao de entrar no elevador com esta pessoa até o andar de destino dela – daí o termo conversa de elevador ser algo muito sério no mundo empresarial, por se tratar de uma linguagem pragmática, direta, mas ao mesmo tempo pitoresca e curiosa, capaz de envolver seu interlocutor.

Se você for bem-sucedido, ele irá lhe dar mais tempo para desenvolver a ideia em um local e momento apropriados. Conheço pessoas que já fizeram contatos importantíssimos dentro de um elevador (eu inclusive), mas o importante é capturar a atenção e o interesse da pessoa que é relevante para você.

– Como surgiu a ideia de escrever o livro?

SC. – Trabalhei por 17 anos na área de Tecnologia da Informação, até que em 2000 ocorreu a crise das empresas pontocom, que atingiu em cheio os meus clientes e, consequentemente, a minha empresa.

Entre 2000 e 2001, fizemos, eu e meu ex-sócio, tudo o que conhecíamos para permanecermos na área, mas a queda das Torres Gêmeas foi a “pá de cal” em nossos negócios. Percebi que a crise seria de duração indeterminada e entramos em muitas dívidas a partir de outubro de 2001.

Em 2002, fui aos Estados Unidos e fiz um curso de desenvolvimento humano em uma instituição chamada Landmark e tive o insight de que não precisava, necessariamente, me manter na área de TI, poderia fazer algo totalmente novo. Desenvolvimento humano, marketing e marketing pessoal, em particular, sempre foram temas que tive como hobby e, então, comecei a dar aulas a respeito.

Entretanto, um amigo identificou em mim um enorme potencial para atuar como coach e convenceu-me a ingressar na área – fiz alguns cursos nos Estados Unidos e um curso de formação no Brasil e passei a desenvolver-me como coach de líderes empresariais.

Como comecei a atender a empresas, fiquei sem tempo para os cursos abertos ao público e, por isso, resolvi colocar todo o material do curso de Desenvolvimento Humano e Marketing Pessoal em um livro. Foi assim que surgiu o livro.

– O livro fala então sobre marketing pessoal?

SC. – Sim, o propósito do meu trabalho é fazer com que pessoas bem preparadas se interessem em ocupar posições relevantes nas empresas, nos governos e no mundo.

Para isso, precisam construir um propósito. Minha ideia é que as pessoas tenham primeiro um elevado grau de desenvolvimento humano. E, a partir dele, encontrem, optem ou desenvolvam um propósito para si que lhes seja inspirador.

E por último, usem as ferramentas do marketing pessoal para atingir o sucesso, guiadas por seu propósito. O mundo está cheio de pessoas vazias, mal intencionadas ou despreparadas que, por saberem operacionalizar bem seu marketing pessoal, chegaram a postos importantes em empresas e em governos – com consequências desastrosas para o mundo. Se incentivarmos pessoas bem preparadas e com propósitos elevados a operacionalizarem o marketing Pessoal, teremos pessoas certas nos lugares certos. Penso que o mundo precisa disso.

– O que é a fórmula de sucesso? Existe isso?

SC. – Não da forma que as pessoas imaginam, ou seja, não é uma fórmula mecânica, mas de possibilidades: como gerar possibilidades de sucesso. Preciso dar um exemplo para que você entenda que a fórmula do sucesso não é inventada, ela é observada.

Vamos supor que você tenha um propósito, que pode ser simplesmente ser escritor. Esse é o primeiro elemento da fórmula: você mesmo. Então você pesquisa, tem inspiração ou algum outro fundamento para escrever um livro. Ao escrever, surge, então, um segundo elemento – o livro (neste caso um produto) –, que gera um significado a você perante o público (escritor de um livro). Só isso é suficiente para que você seja bem-sucedido como escritor? Não!

É preciso que alguém o reconheça como escritor. Nesse caso, o editor e, o mais importante de tudo, uma pessoa de grande credibilidade frente ao público que possa falar sobre você e seu livro. Portanto, uma pessoa de grande credibilidade é um elemento multiplicador de seu sucesso (nesse exemplo, a venda do livro).

Se você tem uma aptidão profissional, o que você precisa é, além de estudar muito e ser competente, de alguém que possa influenciar a pessoa que irá contratá-lo como engenheiro, gerente comercial ou o cargo que almeja.

Essa é a fórmula e não me parece que seja muito difícil de percebê-la, mas, sim, de operacionalizá-la. Por isso que falo tanto sobre desenvolvimento humano, pois se seu propósito não lhe for inspirador, não terá a energia necessária para fazer o que for preciso para ser bem-sucedido.

– O que é o desenvolvimento humano?

SC. Desenvolvimento humano é um tema muito complexo e com significados diferentes para áreas diferentes. Sob o ponto de vista de liderança – e todos nós somos líderes de nossas vidas –, considere como possibilidade que uma pessoa com elevado desenvolvimento humano é aquela que possui grande capacidade de estar na presença de outros seres humanos. E esses têm um grande desejo ou se sentem à vontade na presença dela.

Por exemplo: Dalai Lama é capaz de ficar diante de milhares de pessoas sem se sentir constrangido ou ameaçado por isso. Do mesmo modo, milhões de pessoas têm vontade de estar na presença dele e isso não representa uma ameaça a elas.

Esta é uma condição importante principalmente quando o assunto é liderança. Entretanto, para se desenvolver, o indivíduo precisa sair de si mesmo, arriscar, passar por experiências que possam elevar seu nível de consciência, responsabilidade e maturidade perante a si mesmo e ao mundo.

O livro apresenta algumas sugestões de ações para que a pessoa chegue lá, baseadas na observação de indivíduos bem-sucedidos. Fala sobre temas como a aquisição permanente de conhecimento e o interesse em educar-se financeiramente.

Aliás, o mundo e as pessoas estariam em melhores condições, se fossem educados financeiramente. A publicação também contempla outros temas.

O preparo psicológico: o mundo é desafiador demais para você querer desenvolver-se sem um apoio profissional de um psicólogo ao menos uma vez na vida. A importância de se ter a mentalidade, integridade e determinação de um esportista. Saber descansar realizando um sabático – somos “seres humanos” e nos comportamos como se fôssemos “fazedores humanos”. Ter metas e utilizar um processo de coaching de vida ou executivo para atingi-las com desempenho e equilíbrio. A aventura como processo fundamental para o amadurecimento e, finalmente, a maturidade espiritual para lidar com as questões relativas à nossa transcendência.

Tudo isso são sugestões para seu desenvolvimento humano que leve você a um propósito elevado.

– Tenho de fazer tudo isso para chegar lá?

SC. – Provavelmente, sim. Só observei que pessoas que chegaram lá fizeram uma ou mais dessas ações. Se você conseguir criar mais uma e tiver sucesso, conte para nós. [Webinsider]

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Adriana Azevedo (@AdriAzevedo) é jornalista, PR e subeditora do Webinsider.

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