O relacionamento entre agências e freelancers

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Não é de hoje que o relacionamento entre agências e freelancers é conturbada e mais parece um casamento, tendo em comum até as fases de namoro, lua-de-mel, acomodação as reclamações e o divórcio.

Mas o que será que leva algumas agências a dependerem tanto destes profissionais e tantos destes profissionais a abandonar projetos no meio do caminho?

Por parte da agência

Cada vez mais as agências vem se posicionando como “full service”, 360, ou seja lá qual for o nome do momento. Em bom português, significa que a agência joga nas 11, faz tudo.

Até aí, nenhum problema, a não ser pelo fato de não haver dinheiro suficiente – ou fluxo de trabalho regular o suficiente – para que se mantenha uma estrutura completa, com profissionais qualificados e que realmente saibam o que é e o que não é possível.

É aí que surgem problemas como um PSD para um site que chega com sangria, por exemplo.

Outro ponto determinante para que as empresas dependam de freelancers é a péssima qualidade dos gerentes de projeto no Brasil, especialmente os que trabalham em agências. Acredito que se fosse feito um teste com uma única pergunta, “Cite dois grupos de processo no desenvolvimento de um projeto”, poucos conseguiriam saber a resposta.

Por conta disso, promessas absolutamente equivocadas são feitas aos clientes e pela falta de profissionalismo, o objetivo do gerente de projeto se torna basicamente agradar o cliente e manter a conta em casa pelo máximo de tempo possível, o que gera mais atrito que simplesmente dizer “neste tempo que você está me dando, não dá para fazer tudo que você quer”.

O escopo geralmente vem absurdamente grande e o prazo, absurdamente curto. A única solução é trazer um recurso extra para atender esta demanda pontual.

Pelo lado do profissional

Basicamente existem três tipos de freelancers:

1. Eu vivo disso:

São aqueles que realmente decidiram se tornar “freelancers profissionais”, não possuem emprego fixo, renda fixa e não desejam mudar de vida a curto prazo.

2. Eu preciso disso pra viver:

São aqueles que precisam deste tipo de trabalho para complementar a renda ou para alcançar um objetivo maior, seja uma viagem, um carro ou qualquer outra coisa.

3. Eu preciso de algo diferente:

Claro, nem todo mundo está satisfeito com o trabalho que realiza no seu próprio emprego; então, muitos procuram nos freelas uma alternativa para realizar trabalhos mais criativos ou que os satisfaçam em algum sentido.

O problema comum aos lados

A grande questão deste tipo de trabalho é que tudo é muito sensível. Em geral, pelo padrão adotados pelas agências, o prazo é sempre curto e o risco é alto. Ou você já viu algum freelancer receber uma proposta para um trabalho que tem folga na produção?

Aliado a isso, ainda pela falta de educação nas relações entre agência e cliente, é certo que o material vai atrasar, as aprovações vão demorar e o prazo não vai se mover.

É básico da gestão de projetos: tempo, escopo, custo. Combine-os e tenha a qualidade final. Se o tempo encurtou, você definitivamente precisa mexer nas duas outras variáveis a não ser que não se importe em perder qualidade. Se o escopo aumentou, vai ser necessário mexer no tempo e provavelmente no custo, e se o custo é baixo… aí existe um problema sério.

Trabalhe de graça, trabalhe por um preço justo, mas nunca, nunca trabalhe barato.

Se você trabalha barato, as pessoas acreditam que podem exigir mais do que o combinado, pelo fato de estarem pagando e você, provavelmente não vai saber dizer não.

Em todo caso, risco alto, prazo curto e o freelancer ali no meio do caminho. O material do projeto atrasou, o cronograma – quando existe um – está absolutamente de cabeça para baixo e o freelancer desiste do projeto.

É como uma bomba para a agência; a relação com o cliente que já não era uma beleza, vira uma guerra. Mas, afinal, a culpa é de quem?

A agência vive de um modelo que se perpetua há tempos, o cliente nunca foi educado a respeitar prazos e receber “não” como resposta. E o freelancer?

Se estamos falando do profissional que vive disso, não dá para dizer que ele está errado em dizer “Ok, você me contratou para x tempo/escopo e isso mudou, não posso seguir a partir daqui, tenho outros compromissos”.

Se estamos falando dos outros dois casos, é pressuposto que ele tem um emprego fixo e que a agência sabe disso; logo, ele desistir é parte do risco assumido pela agência; afinal, ele provavelmente vai dar prioridade às demandas de seu emprego fixo e não ao seu freela.

Claro que há aqueles freelancers que aceitam um projeto que simplesmente não podem fazer, uma tecnologia que não dominam ou algo do tipo, mas o processo para seleção deste profissional deveria ser tão rígido quanto a seleção de um profissional fixo.

A conclusão é que, a partir do momento em que as agências passem a investir na profissionalização de seus gerentes de projeto e aceitarem que vão perder um cliente hoje para ganhar uma relação mais saudável com os outros amanhã, o freelancer – como existe nos modelos brasileiros – não será tão necessário.

As agências sempre dizem “sim” aos clientes e esperam o mesmo daqueles que os atendem. Será mesmo que esse é o caminho? [Webinsider]
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Bruno Ribeiro é creative technologist brasileiro, ex-gringo, ex-unit9 e atualmente trabalhando Los Angeles pela Haus. Veja Portfolio.

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7 respostas

  1. Belo artigo. Porém discordo em alguns aspectos, inclusive no qual fala sobre o compromisso dos freelas em relação as agências, pois sim há aqueles que pegam o trabalho por necessidade, e acabam fazendo mais por menos, ou prometendo algo que não dominam realizar. Porém isso é de responsabilidade dos ditos “profissionais freelas” que na ansiedade de construir um repertório de clientes acaba topando tudo… e de certa forma isso foi generalizado no artigo como sendo de senso comum.

  2. Parabens pelo artigo Bruno. Você conseguiu abordar bem os dois lados da moeda de maneira bem imparcial. Além da capacitação dos gerentes de projeto, acredito que buscar novos formatos empresariais é fundamental para melhorar o relacionamento entre contratantes e contratados independente do tipo de negócio em questão.

  3. Eu concordo com o Rafa.

    Eu percebo que é muito difícil profissionalismo na comunicação. O mercado é dominado por “achismos” ou situações empurradas com a barriga. Até para ler um artigo bacana da Websinder tá complicado…

    O que eu achei infeliz do artigo foi como lidar com as mudanças pertinentes no projeto: “Se estamos falando do profissional que vive disso, não dá para dizer que ele está errado em dizer ‘(…) não posso seguir a partir daqui, tenho outros compromissos’.
    Se estamos falando dos outros dois casos, é pressuposto que ele tem um emprego fixo e que a agência sabe disso; (…)ele provavelmente vai dar prioridade às demandas de seu emprego fixo e não ao seu freela.”

    A questão é: escolha pessoas que você possa apertar no prazo? A recusa de continuar um freela que mudou (e fica mudando) o projeto é independente da necessidade dele. É neste momento, parafraseando o Rafa, em que você separa o profissional (que assume suas responsabilidade perante o cliente) ou não

    Abraço!

  4. Bruno bom dia tudo bem?
    Queria primeiro começar comentando aqui que acho que você nunca trabalhou em uma agência, nem com uma agência de publicidade.
    Você simplesmente generaliza minha carreira como minha empresa como uma empresa de merda que esta empregando funcionários incapazes e incompetentes.
    Primeira coisa que não citou ai é a irresponsabilidades dos freelas em aceitar um trabalho fora do seu prazo. Cada pessoa é cada pessoal, seja ela de criação, tecnologia, produção etc. Ou seja, cada um tem um seu prazo. Se você é freela e aceita um prazo do gerente do projeto já esta errado.
    Ou coisa que cita neste artigo, é o gerente de projetos aceitar o “sim” do cliente. Dois erros ai: Primeiro, a função do gerente de projetos, como o próprio nome diz, é gerenciar o projeto, não é falar com o cliente, muito menos aceitar prazo ou algo do tipo. Se você tem essa visão, mude-a pois esta errado, gerente de projetos não fala com o cliente.
    Agora não entendo como você pode falar tão mal de agência sem ao menos conhece-lá? Cite exemplos, pois sua opnião não serve pra nada, afinal, você é formando em gerencia de projetos, ou algo do tipo?
    Pelo contrário, as agências estão cada dia mais implementando processos gerenciais para melhorar o fluxo de trabalho, não só as agências on-line, como as agências off e 360º (conceito ultrapassadinho hein!), como a implementação de scrumm, pmo e kanban (esse acho que você nunca ouviu falar se não nunca teria feito este artigo).
    Bom achei uma irresponsabilidade sua fazer este artigo, sem exemplos, sem argumentos e acho que não é bem por ai. Vale rever seus conceitos e suas teorias e estamos abertos para discussão.
    Valeu.
    Obrigado.

    Rafa Vieira
    OBS:Faço freelas pra agências e vivendo nelas posso discutir melhor minha situação como tal.

  5. Ae Tatuí… tá ficando bom nisso hein…

    Vc conseguiu resumir bem essa caótica relação. Os freelancers muitas vezes levam a herança ruim de ter trabalhado em agência e por já saberem do perrengue e, como vc disse, do total despreparo dos GPs já imaginam que tudo pode mudar no meio do processo e isso os leva a desistir do job.

    mandou mt bem!!!

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