Social media é para profissionais, não para o sobrinho

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“Isso mostra que você não entende nada de social media e nem de Facebook”, me disse há pouco tempo um leitor aqui no Webinsider, após eu comentar que determinado artigo era uma das maiores bobagens que li nos últimos tempos.

Não. Não, entendo mesmo.

O fato de eu ter algumas centenas de amigos no Facebook, o mesmo volume de contatos no LinkedIn e pouco mais de mil seguidores no Twitter não me faz um especialista no assunto. Assim como o fato do Tarcísio Meira ter feito dezenas de novelas não o faz um especialista em televisão.

Eu sou apenas uma pessoa que usa bastante as redes sociais para fins pessoais e profissionais. Não me julgo, não pretendo, nem nunca disse que sou um especialista no assunto.

Mas isso não me impede de emitir uma opinião, baseada em meus mais de 20 anos de carreira em publicidade, 16 deles na publicidade online: o mercado de social media no Brasil precisa mais do que nunca de profissionais e não de sobrinhos.

Sim, sobrinhos, este personagem que assola o mercado de internet desde os seus primórdios.

– Precisamos fazer um site!
– Chefe, tenho um sobrinho que é bom nessa coisa de internet.

Lembrou?

– Nosso site não aparece no Google!
– Chefe, tenho um sobrinho que é bom nessa coisa de internet.

Conhece esse?

– Precisamos de uma página no Facebook e de um perfil no Twitter!
– Chefe, tenho…

Entra ano, sai ano e os sobrinhos continuam por aí, assombrando o mercado.

Sobrinho, caia na real: o fato de você ter entre 18 a 25 anos e muitos amigos no Facebook e Twitter não faz de você um especialista em redes sociais. Muito menos um consultor.

Aliás, quem tem de cair na real são as empresas que, em sua maioria, ainda estão contratando sobrinhos, netos, primos e similares para cuidar de sua imagem e comunicação nestes ambientes. Quando na verdade deveriam estar buscando profissionais de comunicação, publicidade, relações públicas e afins.

Durante alguns meses tive entre meus clientes uma empresa norte-americana da área de social media. Ela recentemente foi vendida por estimados 300 milhões de dólares a uma grande corporação. O serviço que eles prestam é algo que as empresas brasileiras com mais fãs no Facebook e seguidores no Twitter ainda não adotaram.

Aqui só se fala em comprar campanhas no Facebook e acompanhar o que estão dizendo sobre você no Twitter. Mas a gestão do conteúdo ainda é feita de forma manual e arcaica, sem uniformidade na estratégia, o que proporcionaria métricas mais eficientes.

Poucas semanas depois deste meu cliente ter sido vendido, seu maior concorrente foi adquirido por outra empresa por 689 milhões de dólares. Ambas transações saíram no AdAge, no Business Insider e em diversos sites especializados, tanto de publicidade como de tecnologia. Mas nem uma linha em nossos grandes veículos.

Enquanto o brasileiro ainda se preocupa em oferecer desconto para conseguir mais fãs no Facebook e seguidores no Twitter, isso já deixou de ser prioridade em mercados mais avançados.

Por aqui o gerenciamento ainda é feito de forma manual, site a site; nos EUA e Europa, a estratégia é pensar todas as redes sociais de forma coordenada e com a garantia de que o acesso ao conteúdo será perfeito via qualquer plataforma.

No Brasil, a presença das empresas em redes sociais ainda é vista como novidade e os veículos do trade colaboram, ao noticiar que tal empresa agora tem página no Facebook (desde quando isso é notícia?). Lá fora, as empresas já pensam em ROI, pois presença nas redes sociais é obrigatória e deixou de ser novidade faz tempo.

Enquanto lá eles usam uma plataforma para o gerenciamento eficiente, aqui a maioria ainda usa sobrinhos.

Claro, há exceções e uma preocupação real de agências em anunciantes em busca da profissionalização. O Meio & Mensagem publicou um artigo com um quadro interessante, que mostra como o mercado publicitário está se movimentando e se estruturando para atender a crescente demanda do setor.

Não se enganem: sobrinho é um estado de espírito e independe da idade; conheço muitos na faixa dos seus 40-50 anos. Assim como há grandes e talentosos profissionais com seus vinte e poucos anos.

Biz Stone disse em um evento: “Eu criei o Twitter, mas não sou especialista em social media”.

E você aí se achando, né sobrinho? [Webinsider]

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Leia também:
A profissionalização da social media
Tuíto, logo posso ser gerente de mídias sociais

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Uma versão preliminar deste texto foi publicada na revista ProXXIma.

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Marcelo Sant'Iago (mbreak@gmail.com) é colunista do Webinsider desde 2003. No Twitter é @msant_iago.

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6 respostas

  1. Chega a ser engraçado este tema pois é o que mais acontece hoje na internet. Pessoas lotando perfis de redes sociais através de SPAM e softwares que automatizam ações de curtir, seguir e etc…

  2. Enfrento este desafio diariamente. É complicado explicar para muitos profissionais e mesmo os de comunicação que trabalhar digital não é pura tática.
    Trabalhar bem nos meios digitais é trabalhar estratégia de marca que utiliza as ferramentas digitais, seja pra fazer um site, um blog ou qualquer perfil em mídia social. Só faz sentido se corroborar com a construção da marca.

  3. gostei deste artigo, preciso de uma empresa que saiba desenvolver minha pagina na internet e nas midias, tenho uma mina de ouro e estou perdido, alguem pode me ajudar?

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