O software é free, mas nada é de graça

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Outro dia, na lista de discussão WI Intranet, um dos participantes mostrava interesse em iniciar uma intranet em sua empresa. O problema é que a empresa não estava lá muito interessada em uma intranet, então nosso amigo pensava em construir uma sem gastar nada, até que sua utilidade fosse comprovada e obtido o apoio corporativo.

Para isso contava com a importante base de software open source, teoricamente a custo zero.

É antiga a discussão sobre a utilização ou não de software free, ou open source, em projetos de portais corporativos.

Dentre as vantagens e desvantagens, muita água rola debaixo dessa ponte e com alguma experiência de trabalho em empresas software house, integradoras e de e–business, levantei alguns pontos para ajudar o colega que queria desenvolver um projeto interno. Achei que seria interessante focar em uma visão mais ampla da questão, voltada para negócio.

A idéia inicial é sempre gastar pouco. Isto está claro e estampado na testa de muitos gerentes nas empresas. Para quem não tem muito envolvimento com o assunto, bate uma sensação de que aquele portal corporativo pode ser finalmente viabilizado a um custo praticamente zero, “se baixar na internet meia dúzia de softwares free e pedir ao pessoal de TI para instalar”.

Há dois lados da moeda, o do cliente e o do fornecedor.

O lado do fornecedor. Desenvolvedores de menor porte procuram abocanhar uma fatia de mercado que hoje vem sendo dominado pelos grandes players do mercado (Microsoft, IBM, CA e etc.) com seus respectivos softwares “teoricamente” caros. Não há nenhum mal nisso.

No caso de portais corporativos e mesmo em outros projetos web, o conceito de software free é uma ilusão, pois a customização e implementação destas ferramentas sempre vão acarretar em custos para a empresa. É possível implementar um software free para desenvolver um portal? Sim, claro. É totalmente grátis? Claro que não.

Não tem milagre: se você fizer isso internamente com o pessoal de TI, pode pagar caro por isso… :–). E se fizer fora, também vai ter que desembolsar uma graninha…

Por outro lado, no caso dos softwares “teoricamente” caros dos big players, além do custo da ferramenta, existe ainda o custo de customizá–la (desenvolver adaptando para suas necessidades). Meu colega interpelou citando um tal software chamado Zope. Expliquei que em um “software” free como o Zope isso também acontece. Aliás, o Zope é um servidor de aplicação, ou seja, ele apenas “serve” uma aplicação. Aplicação esta que tem que ser desenvolvida de acordo com as necessidades do cliente e que da mesma forma, caímos no problema do custo de desenvolvimento, mesmo ela sendo baseada em num servidor grátis.

Sobre a vantagem do software free ou open source, onde qualquer um pode mexer à vontade, não é bem assim, é preciso ter cuidado com isso.

Existe uma coisa importante em engenharia de software, que é o controle de versão. Se você implementa um sistema com algumas funcionalidades e depois mexe nele para adaptar as suas necessidades sem um controle especial, ponto! Você acaba de perder a capacidade de fazer upgrade para as futuras versões do código original.

Nesses casos um sistema de um único desenvolvedor ou empresa leva vantagem. É preciso manter um controle, senão você perde o fio da meada e, no final, vai ficar com um murundum de código que vai custar caro para evoluir e provavelmente vai te dar problemas… e daí começa o troca–troca de fornecedores… putz… muita ralação ou muito trampo com fornecedores… (como se diz na ponte aérea Rio–Sampa)

Pelo lado do cliente. Podemos também analisar friamente a questão pelo lado do cliente (aquele que está pagando o seu trabalho).

Em muitos projetos, dependendo da empresa, a necessidade de se ter uma marca forte por trás de uma solução é primordial. Quem está comprando está “pagando” para não se aborrecer, pois se algo sair errado, facilmente culpa–se o fornecedor e pronto. Isso é normal no mercado e estes softwares são “teoricamente” caros porque também existe embutido neles essa liability.

Nos casos do software free, se ele não funcionar ou der algum problema, de quem é a responsabilidade? De quem o escolheu talvez e provavelmente essa culpa vai recair sobre essa pessoa. Dependendo da gestão da empresa esse é um ponto sério a se considerar.

É claro que os clientes hoje tentam viabilizar seus projetos baixando os custos de implementação das soluções. É a crise. Mencionei para meu colega que existia um caso em que poderíamos diminuir ao máximo o valor do investimento, mas que sempre existiriam algumas conseqüências. É a história do cobertor curto.

Sugeri a ele procurar no mercado uma solução que ofereça o máximo de funcionalidades já prontas. É o chamado software “out–of–the–box”. Significa que você “tira ele da caixinha” e já sai funcionando. Claro que não é tão fácil assim. Como já tinha dito anteriormente, não tem milagre. Mas os custos de botar o bichinho para funcionar são bem menores, lembrando que em contrapartida ele teria que ficar limitado a implementar as funcionalidades que o software oferece. É isso o que barateia um bocado as coisas. Se o projeto permite, é um caminho a se considerar.

Lembrando o lado dos fornecedores, chegamos à conclusão que o mercado está em crise. Muitos concorrentes na disputa de clientes que querem pagar pouco. O software free pode ser uma boa saída, se o cliente não tiver grana ou quiser encarar a responsabilidade de um código aberto.

Mas concordamos que os fornecedores devem manter os clientes informados das conseqüências e que se um fornecedor resolver vender um software free como sendo seu, ainda alterado ou melhorado, que ele esteja pronto para dar todo o suporte necessário e manter um programa de upgrades e prestação de serviços. Se não, logo logo o cliente fica insatisfeito e vai trocá–lo pelo próximo que bater na sua porta.

Software free é muito legal e o conceito democratiza o acesso às novas tecnologias digitais. Uma ressalva que faço para alguns colegas fornecedores é que avaliem sempre se o seu cliente já está preparado para migrar para uma solução mais profissional, com um grande player, aonde ele também poderá se tornar um parceiro de alto nível, aumentando o seu conhecimento e se habilitando a futuras oportunidades com clientes maiores também.

Só pra terminar, tanto o software free como os softwares “teoricamente” caros podem funcionar bem para qualquer empresa. Alguns pontos já foram levantados acima, mas basicamente, um trabalho de definição de escopo do projeto tem que ser muito bem estruturado antes de se pensar em qualquer ferramenta ou solução.

A partir deste dever de casa podemos ter uma idéia de que tipo de solução melhor se adequa ao seu problema de negócio e se assim será a mais vantajosa. [Webinsider]

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Igor Broseghini (igorbros@facemedia.com.br) é diretor da Facemedia Marketing Digital e professor.

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