O uso de aplicativos na condução de veículos automotivos

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Android Auto

Com a recente liberação do Android Auto para veículos fabricados no Brasil, eu tive a chance de trocar o meu carro e ver no novo modelo o console redesenhado para suportar o uso do programa, que na realidade é um gerenciador de funções, oriundas de outros aplicativos instalados no telefone celular ou tablet do usuário.

Com a entrada do Android Auto em operação, os fabricantes de carro se livraram de um problema crônico em alguns dos navegadores instalados no painel do carro: a atualização de mapas!

O custo de uma única atualização no meu último carro me custou a bagatela de 140 dólares, sem a garantia de ter nela as informações necessárias para navegar para onde eu quisesse com segurança. Esta atualização foi confiada à Here Maps, depois de dois anos do carro ter sido fabricado.

O resultado prático disso foi eu ter me perdido em terreno desconhecido, e reparar que nos terrenos que eu conheço o trajeto proposto estava totalmente errado! Dependendo de onde você esteja, o uso do GPS nessas circunstâncias pode ser potencialmente perigoso.

Quando eu adquiri o primeiro carro com GPS incluso no console eu me dei conta de que sem esta atualização o GPS ficaria inútil na maioria dos destinos. Se levarmos em consideração os acidentes de uma cidade onde seus administradores estão fazendo obras que implicam em modificação das vias o tempo todo, a atualização de mapas se torna imperativa para quem usa o GPS. Sem falar nos famigerados radares de velocidade, que criminosamente fomentam uma indústria de multas que de educativa não tem nada!

A solução de quem passou por uma situação dessas no passado foi a de adquirir um GPS por fora e instala-lo no vidro do carro. O meu foi um TomTom modelo Via 1535M. Os fabricantes de GPS se preocupam em disponibilizar mapas e serviços por um custo baixo ou inexistente, bastando que para isso o usuário instale um programa que lhe permita atualizar o aparelho automaticamente.

O TomTom 1535M me ofereceu atualização vitalícia de mapas e radares de velocidade gratuitos por um período preestabelecido de tempo, e depois disso por assinatura anual de custo reduzido.

A mudança de plataforma nos aplicativos

Existem hoje pelo menos três preocupações com quem dirige o seu veículo nas metrópoles e rodovias: tráfego excessivo, multas absurdas com perdas de pontos na carteira, e o descobrimento do melhor caminho para chegar ao destino. Este último quesito é tão mais crítico quanto mais mudanças urbanas são feitas rotineiramente nas vias por onde se anda.

Com a fabricação dos celulares que funcionam com sistemas operacionais sofisticados, os chamados “smartphones”, e ainda com o aperfeiçoamento dos microprocessadores, somados ao aumento da memória interna (RAM + armazenamento), foi possível tornar um aparelho destinado a fazer ligações convencionais em uma máquina de comunicação muito próxima das estórias de ficção científica.

Este aperfeiçoamento corre tão rápido, em função da miniaturização dos chips, que a maioria de nós não consegue se dar conta do aprimoramento de funções embutidas no telefone.

Entre esses aperfeiçoamentos está nada mais nada menos do que um chip GPS extremamente potente como receptor. O usuário nem precisa ter carro. Ele usa um aplicativo dedicado para achar o seu trajeto e as lojas ou locais de interesse.

Um celular com um plano de dados 3G/4G na assinatura, mínimo que seja, pode permitir o uso em campo com enorme eficiência, desde que haja disponibilidade de sinal nas adjacências. E mesmo que não haja existem várias maneiras de contornar isso.

A presença em grande escala do Android

O Android é um sistema operacional originalmente criado para o uso em câmeras digitais, quando então seus criadores perceberam que a aplicação de mercado era muito restrita. Ao passar para sistemas móveis eles tiveram que enfrentar uma enorme concorrência, mas o tempo lhes ajudou não só pelo lado financeiro, mas também pela estratégia de torna-lo um sistema aberto a contribuições de terceiros. A base operacional do Android é a do kernel (núcleo) do Linux, o que facilitou a adesão de muitos programadores.

Um dos seus maiores agentes contribuintes foi o Google, a tal ponto que se tornou quase impossível adquirir um celular ou tablet com Android instalado e não ver lá a suíte de aplicativos desta empresa.

Ora, a associação Android-Google foi o que, em última análise, teria permitido desenvolver o Android Auto.

Android Auto

Simultaneamente, o Google Maps foi inserido neste contexto, com o objetivo de se tornar o navegador padrão do sistema. E se não bastasse isso, a Google comprou os direitos do aplicativo Waze, tornando-o parte da navegação padrão do Android Auto.

Notem que o Android, uma vez direcionado a aparelhos móveis, foi formado com base nas premissas do consórcio aberto de dispositivos móveis OHA (ou Open Handset Alliance), formado por várias empresas. O Android Auto, coerentemente, foi desenvolvido por consórcio similar, que levou o nome de Open Automotive Alliance (OAA), a partir de 2014.

Como ele roda?

O Android Auto roda (sem trocadilho) quando o celular é ligado diretamente por porta USB no console do veículo. Bem que ele poderia operar com outro tipo de conexão, mas o principal objetivo aqui é garantir que a conexão entre celular e console não seja interrompida por algum tipo de interferência do ambiente. Com o uso do cabo a transmissão de dados é mais segura, a não ser que o cabo esteja fisicamente danificado.

Uma vez rodando, o Android Auto assume as funções do telefone celular e alguns dos aplicativos que rodam nele, que podem ser, por exemplo: Whatsapp, Skype, Spotify, etc., e mais a conexão com o telefone propriamente dita, permitindo fazer ou receber chamadas. O uso de aplicativos junto da navegação fica dependendo de que os mesmos estejam instalados no celular do usuário.

Android Auto

Os ícones do sistema estão dispostos na parte inferior da tela da central multimídia do veículo. O usuário assimila rápido as funções de cada um deles. O ícone da navegação é o primeiro da esquerda para a direita. Uma vez acionado ele dá a opção de uso do Google Maps e do Waze.

Ambos têm vantagens e desvantagens: O Google Maps, por exemplo, é um excelente navegador, mas não está ainda com informações sobre radares de velocidade, essencial para quem dirige em qualquer canto, rodovias principalmente, quando então ninguém te avisa por placas que ali o usuário está sujeito a multa. O Waze tem este recurso e funciona muito bem, mas na versão atual não permite o uso off-line, ou seja, tem que operar com o uso de dados do celular o trajeto todo.

Google Maps e Waze usam muito bem o GPS do celular. Ambos os aplicativos coletam informações que são enviadas via Internet para um super servidor, que por seu turno orienta o usuário em tempo real.

O Google Maps permite que o usuário pesquise a localização ou mapa, faça download dos mesmos, e os use para navegar depois. O programa é inteligente e usa esses mapas sem usar o volume de dados do celular, ou seja, ele roda “off-line”. Se o celular perder a conexão com a Internet, a navegação, que agora independe deste recurso, continua usando o GPS do celular para se guiar.

É possível trocar Google Maps por Waze e vice-versa durante a navegação. O que o Android Auto não permite é o uso das mãos para digitar endereço ou mudar de rota, quando o veículo está em movimento, por motivos de segurança. Nesses casos, basta que o usuário diga em voz alta “Ok, Google” e a central do veículo se prepara para receber comandos de voz.

Com o veículo em movimento, todo e qualquer outro aplicativo que exija digitação terá que ser acionado por voz. Por exemplo, usuários de Whatsapp, se receberem alguma mensagem, serão avisados por voz (a central lê a mensagem com o uso de voz sintetizada) e se quiser responder, o usuário terá que ditar a mensagem para o console.

O controle de tráfego do Google Maps que eu testei me deixou impressionado. De propósito, eu ignorei este aviso em um trajeto recente e rapidamente me dei conta de que o trajeto originalmente proposto era infinitamente melhor, o que constatei ao retornar de forma desajeitada ao mesmo!

Os mapas baixados pelo Google Maps antes do percurso têm duração curta (semanas ou meses) no armazenamento do telefone do usuário. Mas, ao escolher o download das novas versões para o modo automático eles serão substituídos no background assim que estas atualizações estejam disponíveis, ou seja, passa tudo transparente para quem usa.

Já o Waze por enquanto trabalha diferente. Os mapas são atualizados em tempo real (“on the fly”), as informações de tráfego e radares idem. No futuro é possível que ambos Google Maps e Waze usem recursos um do outro, o que seria ótimo.

Para desligar o Android Auto basta desconectar o cabo USB ou desligar o telefone, mas é possível acionar o retorno do comando à central multimídia do veículo, através do toque no último ícone inferior da direita. Neste caso não é preciso desconectar o cabo USB da central, o programa continua no sistema e pode ser acionado de volta a qualquer momento.

E o GPS tradicional, morreu?

De forma alguma. Eu montei o GPS TomTom modelo Go 60B, super moderno, recém lançado oficialmente no mercado brasileiro. O aparelho se integra com o celular também, mas de maneira diferente do modelo anterior (1535M) que eu usava:

GPS Tom-Tom

Ao parear o telefone por Bluetooth sem fio, usa-se um recurso do mesmo chamado de Bluetooth Tethering, que se refere ao compartilhamento do sinal de Internet (3G/4G) recebido pelo celular. O comando para tal é encontrado na configuração do telefone, nas opções ON/OFF. Uma vez colocado em ON o compartilhamento se dará com os equipamentos pareados por Bluetooth.

O objetivo desta conexão é poder fazer uso dos serviços disponíveis pela TomTom para o GPS. Tal como o Google Maps e o Waze, a TomTom usa também um super servidor dedicado ao monitoramento do tráfego e outras informações, coletadas em tempo real de outros usuários, criptografadas, e posteriormente enviadas a todo mundo. Um serviço dentro dos satélites similar é usado para comparação das condições de tráfego.

Quando se compra um GPS TomTom mais moderno o usuário é instruído para instalar imediatamente um programa chamado de TomTom MyDrive Connect. Nele o proprietário abre uma conta no servidor referido acima, e através dele atualiza o equipamento, faz uma backup do conteúdo atual, etc.

Esta mesma conta é depois usada no aplicativo TomTom MyDrive, que pode ser instalado em celular ou tablet. Ou então se acessa direto o respectivo site pelo navegador em uso (veja na tela abaixo uma captura do site). Dentro do MyDrive, faz-se login na conta e a partir daí é possível escolher endereços como favoritos, ou então visualizar um certo roteiro de viagem. Se este for o escolhido tem-se uma opção de mandar este roteiro para o aparelho que está desligado em qualquer outro local (dentro do carro, por exemplo).

Nas configurações de instalação do 60B abre-se um campo para o usuário entrar com o mesmo login da sua conta, mas neste caso o aparelho se lembra do mesmo toda vez que for ligado. Apenas um reset de fábrica obrigará o usuário a entrar de novo com os dados dessa conta novamente.

Uma vez ativados os serviços do servidor da TomTom no GPS a rota originalmente mandada para o aparelho é anunciada no momento em que ele é ligado e pareado com o telefone celular, que compartilha todos os dados da Internet (vindos do servidor da TomTom, neste caso) com o GPS.

Não é preciso repetir tudo isso. Toda vez que se pesquisa um endereço ou localização desejada, envia-se do aplicativo para a conta do servidor e desta para o GPS quando ele for ligado da próxima vez.

A ausência da necessidade de se achar um dado endereço

Os programas e aparelhos mais modernos todos, sem exceção, dispensam a digitação do endereço do destino. Na minha opinião, um ótimo recurso! É um tremendo avanço em relação aos aparelhos de GPS antigos, inclusive porque nestes, ao se começar a digitar qualquer coisa, ele escondia as letras seguintes, exceto as que constam do banco de dados de endereços conhecidos. Em outras palavras, limitado e irritante, quem passou por isso é que sabe!

Nos atuais bancos de dados esta chatice acabou, o teclado permanece ativo com todas as letras e caracteres disponíveis para digitação. A pesquisa pode ser feita pelo nome do local. Por exemplo, se eu digito “Basílica de Aparecida” aparece uma lista de todas as basílicas com o nome Aparecida. Eu escolho a que eu quero e o endereço daquele local é automaticamente inserido no aparelho.

No 60B brasileiro o comando de voz foi retirado. Desse modo, o aplicativo MyDrive quebra um grande galho, toda vez que alguém precisar sair de casa. Se eu sei onde eu quero ir, mando o endereço para o aparelho com antecedência e saio depois despreocupado com isso. Posso ver se existe tráfego pesado na tela do computador, marcado em vermelho, se eu quiser sair naquele momento:

GPS Tom Tom 60B

Em resumo: aplicativos de toda sorte tornam agora mais fácil (ou menos penosa, se quiserem) a vida do motorista. Pena que ainda não é possível dispensar o carro e sair voando por cima do tráfego conturbado e potencialmente perigoso das cidades e das estradas. Hoje isso pode ser ficção científica, mas não esqueçamos que ficções semelhantes saíram da imaginação dos autores e viraram realidade. Eu aposto que Dick Tracy, que usava um rádio no relógio, nunca imaginou que um dia um telefone móvel faria tanta coisa que nunca antes se propôs a fazer. [Webinsider]

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Leia também:

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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4 respostas

  1. Verdade Paulo. Queria ressaltar que aparelhos populares básicos (não profissionais) de GPS de diversas marcas, estão com vendas em declínio nos último anos. As pessoas estão tão dependentes do celular, visto que estes estão se tornando um “canivete suíço” e por isso compram um suporte veicular, e transformam o smartphone em um GPS de carro. Já em relação as centrais multimídia só os modelos mais novos agregam a função do GPS, mas tem o problema que citou, precisa “pagar” para baixar os mapas oficiais atualizados, e instala-lo manualmente (tarefa que não é nada prática), pois não possuem o recurso do modem 3g/4g ou conexão Wi-Fi que permita se conectar na internet. Diante desta realidade não sobra outra possibilidade, a não ser colocar o celular para desempenhar sua função, acrescentando que já existem smartphones que recebem 4 tipos de satélites de GPS ( A-GPS, GLONASS, BDS, GALILEO), um super GPS digamos.
    Abraços

    1. Pois é, Rogério, essa ambição de sugar dinheiro do usuário com um serviço de satélite sem custo acabou chegando ao fim, e da forma mais inusitada, assim como a evolução para aplicativos com recurso de navegação offline está restringindo a cobrança abusiva da Internet 3G/4G com pacotes de dados.

  2. Olá Paulo tudo bem ?

    Eu já estava utilizando o Tom Tom Go Brasil (baixado na Play Store) no meu celular de tela grande (6 pol.), e aposentei meu GPS Powerpack iGo 8, tela de 4.3 que rodava no antigo Windows Mobile 5.0. O APP é muito bom e com informações de transito também. Ele deixa você baixar os mapas que desejar de qualquer região do Brasil. O melhor de tudo funciona off-line. Na minha opinião o melhor mapa para celular/tablet com Android
    Abraços

    1. Olá, Rogério,

      Obrigado pela colaboração e pela lembrança. As opções realmente são mais interessantes no celular quando é possível baixar os mapas antes. Eu não cobri mais opções para não me alongar demais no assunto. Eu tenho conversado com pessoas amigas sobre isso, várias das quais não têm central multimídia no carro. Um suporte decente para celular resolve tudo isso, não é mesmo?

      Abraço,
      Paulo Roberto.

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