Office, Linkedin e Skype juntos para mapear a nós todos

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Logotipo WebinsiderTwitterFacebookAlphaTumblrRss Se��es|Tags|Sobre|Autores|Consultoria|Anuncie|Contato [ Tecnologia ] 0 0 Office, Linkedin e Skype juntos para mapear a nós todos 28 de julho de 2016, 16:58 Word, Excel, Outlook, LinkedIn e Skype integrados dão à Microsoft o poder de capturar dados individuais de bilhões de usuários.

Word, Excell, Outlook, Skype e Linkedin:  big data sobre vocêQue tal criar uma mega e avassaladora plataforma “tudo-em-um”?

Que tal construir uma espécie de vestíbulo digital com a força de atração de um buraco negro e que reúna, em sua órbita gravitacional, praticamente todas as aplicações essenciais de uso profissional acessadas em nosso planeta?

Em síntese, que tal possuir uma unidade de atração que faça convergir para si praticamente todas as funcionalidades de serviços de interação, comunicação e desktop demandadas pelo usuário? Que tal um “tudo-sobre-todos”?

Pois esta ousadíssima ambição é nada mais nada menos do que uma das explicações mais eloquentes para a recente e multibilionária aquisição do LinkedIn pela Microsoft.

Um projeto que, se executado (e tudo indica que já está em curso), irá representar a concretização de um fenômeno superior a tudo o que os analistas previram como consequência da terceira plataforma para o atual decênio.

Com seus 1,2 bilhão de desktops já cativos e extremamente ativos, em termos de acesso diário, através do ambiente Microsoft Office, a Microsoft pretende agora integrar o fantástico e consistente tesouro de perfis profissionais do LinkedIn com as suas capacidades cada vez maiores de aquisição de dados e mapeamento das ações e perfis de atitude do usuário do Office.

Tudo isto de forma online e com poderosos sistemas analíticos capazes de correlacionar dados díspares em alta velocidade.

Office + Skype + Linkedin = Big big data

Nas declarações públicas do CEO da Microsoft, Satya Nadella, fica ainda patente a decisão de encapsular nesse sistema todo tipo de dados e metadados que puderem ser extraídos – também de forma integrada e simultânea – através dos sensores de áudio, vídeo, texto, arquivos anexados e vínculos relacionais dos milhões de usuários do Skype.

Eis aí um aspecto impressionante desse projeto que associa, além de muitas informações de perfil, uma inédita capacidade de associação de informação biométrica (voz, texto, iris, padrão facial, cabelo, sotaque etc).

De acordo com Satya Nardella, uma das vantagens inegáveis desse sofisticado hub cibernético está em que um usuário do LinkedIn poderá ter seu perfil analisado e mapeado, de forma online, enquanto ele ainda digita um projeto com o apoio de suas ferramentas Office.

Segundo ele, uma inteligência robótica baseada em dados do Office, do LinkedIn e do Skype poderá utilizar este insight do usuário para oferecer a ele desde informação (arquivos ou links) de apoio, até a disponibilização de um assistente (humano ou humanoide) para a supervisão do projeto ou troca de informações relativas ao trabalho que ele desenvolve.

Assim a super ferramenta é, talvez, algo até mais uniciente do que o “Grande Irmão” de George Orwell.

Capacidade preditiva

Até porque sua capacidade preditiva pode colocá-lo à frente da ação dos usuários, tal como já acontece de forma banal nas ferramentas de chat, que “adivinham”, com grande taxa de acerto, a palavra que ainda não foi digitada durante uma troca de mensagens.

E aí, amigos, tudo bem, tudo mal, ou tudo mais ou menos? Difícil uma resposta segura, mas podemos dizer, sem titubear, que tudo isto é inevitável… ou “inexorável”, como preferem os mais rigorosos com nossa língua pátria.

Desde o início dos anos 90, os órgãos de inteligência dos EUA já vinham implementando a ideia do sistema “Carnivore”, uma espécie de super aranha que iria dominar o centro da teia mundial (a famosa www), funcionando como um filtro obrigatório para qualquer informação sensível na internet. Hoje, Carnivore não só existe, como já está superado pela indústria de ponta.

Daquele tempo – nem tão distante assim – para cá, a realidade cibernética e tecnológica já suplantou em muito a concepção futurística daquele dispositivo e hoje estamos vivendo o pleno domínio da conectividade e dos big data em movimento.

Não existe meio de escapar dessa enorme capacidade de sensoriamento, acompanhamento e insight que o CEO da Microsoft celebra. Da mesma forma, são inegáveis os benefícios que tais insights podem representar em termos de melhoria do nosso desempenho, da nossa experiência de usuário e na maior objetividade dos nossos inputs e outputs.

Eles estão ampliando a velocidade e a qualidade do trabalho desenvolvido pelas pessoas que fazem parte deste ecossistema de trabalhadores da informação, os “information workers”.

Informações particulares não estão seguras

Fica, porém, aquela certeza de que tudo isto se traduz em vulnerabilidade para cada um de nós, no que se refere aos nossos dados pessoais, nossas atitudes na rede, nossos interesses absolutamente particulares, nossas informações críticas de negócio.

Todo este conjunto de informações deixa de ser estritamente privado e é – de certa forma e em algum nível – compartilhado. O conceito de privacidade carece de revisão.

É extremamente difícil ao usuário do LinkedIn ou do Skype criar restrições significativas em relação a seus dados e – principalmente – metadados, que envolvem informações indiretas, tais como de GPS, históricos de navegação, padrões linguísticos etc.

É claro que tais restrições virão a ser permitidas, nos sistemas de adesão e termos de conformidade, quando o que aqui chamamos “hub” se apresentar de modo formal. Mas é altamente provável que, quanto maior a restrição, mais limitado também será o direito de uso das facilidades e serviços oferecidos do assinante.

“Para que esta funcionalidade seja ativada é necessário permitir o acesso à sua localização geográfica.” Aí está um argumento bastante plausível e uma razão efetiva para que o usuário dê o seu consentimento a que o aplicativo ou dispositivo tenha acesso à sua localização.

Localização esta que em muitos casos já é fornecida – de forma gratuita – para que a câmera do telefone possa “marcar” as fotografias com o local em que foram tiradas.

Sigilo vulnerável

No que toca especificamente ao Office, o que deve nos preocupar mais não é só a possibilidade de sermos espiados e monitorados instante a instante, mas também a vulnerabilidade de sigilo para informações, que vão do simples nome de indexação até o conteúdo integral ou parcial de arquivos e – em medida maior – as nossas interações de e-mail que, sem dúvida, serão filtradas, farejadas e classificadas roboticamente para ajudar nas composições dos algoritmos do referido “Grande Irmão”.

Resta, como resposta da indústria de privacidade e segurança, a proposta de popularização de ferramentas criptográficas capazes de impedir a franquia plena e irrestrita de nossos dados. E aqui não me refiro unicamente ao Outlook, este que é um dos componentes mais essenciais do Microsoft Office, mas também a todas as demais ferramentas de e-mail, cujos dados e metadados estão completamente expostos aos sensores e monitores de dados para detecção, classificação e análise.

Criptografia

Uma forma simples de manter algum controle sobre as informações que possuímos, é utilizar ferramentas e plataformas descomplicadas que permitam, de forma fácil, o uso da criptografia como uma função corriqueira.

Criptografar as mensagens, bem como os metadados relacionados a uma dada mensagem, desde o emissor até o destinatário da mesma. Esta é uma medida importante e será cada vez mais.

Sentimos e percebemos que a necessidade de criptografar os arquivos e os caminhos de acesso a programas ou bases de dados críticas deixará, em breve, de ser uma demanda corporativa para ser uma demanda pessoal imprescindível para qualquer pessoa consciente da nossa vulnerabilidade.

E assim, criptografados, certificados e protegidos contra o assédio comercial, contra a clonagem e contra a super exposição aos “analytics”, poderemos, pelo menos em parte, comemorar a aquisição do LinkedIn pela Microsoft como uma promessa de novos serviços e melhorias para todos nós, usuários.

Ou pelo menos negociar a “venda” de nossas informações pessoais de uma forma em que, ao menos, o nosso lucro seja maior. Já que nós somos o produto, é justo que recebamos algo – muito positivo – em troca de nossas informações.

A definição do casamento

Outro desdobramento possível que podemos vislumbrar como reflexo da aquisição do LinkedIn pela Microsoft e pelas diversas outras consolidações que ocorrem no setor é a integração de todo este mundo de informações.

Novas descobertas sobre cada um dos usuários poderão ser coordenadas de forma muito mais abrangente, robusta e articulada com o grande número de detalhes que se pode saber sobre cada um de nós nas redes sociais.

Muitos dizem que ao utilizar os aplicativos de redes sociais e de comunicação instantânea os usuários experimentam uma enorme solidão em grupo.

O que vimos acontecer agora é a acumulação desses fenômenos. Isto é, desta chamada solidão massificada e coletiva, oferecida pelas redes sociais e pelas ferramentas de comunicação instantânea, com o que discorremos acima sobre o fim da privacidade, tal como a conhecíamos, a partir das novas possibilidades à disposição da Microsoft e do Google.

Não podemos, assim, nos furtar à admiração quanto ao conteúdo profético de Nelson Rodrigues, e entender que talvez a Microsoft e o Google estejam, de certa forma, rivalizando com alguns aspectos do matrimônio, genialmente analisado por ele: “O casamento é o máximo da solidão com o mínimo da privacidade.”

[Webinsider]

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Leia também:

Fernando Neves é presidente da RPost do Brasil.

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