Pesquisa e ensino pedem mudança cultural

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O reconhecimento do Brasil como país em expansão na área de Ciência e Tecnologia (C&T) cresce a cada dia devido a excelência de suas pesquisas em genética, saúde e saneamento, produção agrícola e industrial, educação, habitação, preservação ambiental, entre outras.

Estudos realizados em instituições e laboratórios espalhados pelo país, capazes de lidar com a mais alta tecnologia, são destaques em diversos meios de divulgação científica de grande impacto.

De acordo com o Institute for Scientific Information (ISI), o número de artigos aceitos em publicações indexadas subiu de 800, em 1974, para 1,8 mil em 2003. Aqueles que divulgam a utilidade das pesquisas brasileiras, através de artigos e notícias, mostrando uma ciência em que todos têm direito de se beneficiar, retratam a construção do conhecimento fundamental para o desenvolvimento do país. Com isso o interesse pela Ciência e Tecnologia está se espalhando.

Consta no livro 50 Anos do CNPq, organizado por Shozo Motoyama, que hoje o Brasil possui 11.700 grupos de pesquisa, formados por 48.781 pesquisadores, trabalhando em 41.539 linhas de investigação das diversas áreas do conhecimento. O país possui universidades e institutos consolidados, nos quais pesquisas sociais e de inovação tecnológica sugerem os desafios e as possíveis soluções para o desenvolvimento nacional sustentável.

Destaca–se o trabalho de entidades como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por exemplo, que financiam pesquisas, investem em capacitação técnica, concedem bolsas de estudo, enfim, apóiam pesquisadores estimulando a investigação científica em todas as áreas de conhecimento.

Por tudo isso Ciência e Tecnologia são tratadas de forma estratégica pelo governo, que atualmente investe em esforços para que instituições de ensino, de pesquisa e de incentivo se multipliquem e potencializem seus vínculos.

Mas ainda faltam muitos recursos financeiros para o fomento de pesquisas e para a estruturação das instituições de ensino, de seus laboratórios e bibliotecas, com materiais que permitam inovação. É necessário oferecer aos cientistas condições mais propícias para que concretizem pesquisas com nível de competitividade mundial.

O investimento em Ciência e Tecnologia valoriza a educação: é através do acesso ao saber e à ciência, através da formação, que todos podem participar no processo de desenvolvimento nacional. Mas muitos estudantes não sabem como funciona uma universidade, nem o significado de trabalhar com pesquisa. Neste sentido, a utilização de modernas técnicas de comunicação e a imersão de estudantes em ambiente educacional não–formal incentivam a compreensão dos desafios e das oportunidades da carreira técnica e científica.

A promoção do ensino/aprendizagem da C&T em todos os níveis e a democratização do acesso à informação estimula a formação de profissionais qualificados. É o investimento na atualização desses recursos humanos que possibilitará a capacitação para que eles apresentem soluções inovadoras para acelerar as pesquisas científicas, o desenvolvimento e a produção nacional. É o que ressalta José Fernando Perez, ex–diretor cientifico da FAPESP, em recente entrevista à revista Pesquisa FAPESP: “Formar gente para depois gerar inovação tecnológica em empresa é um mecanismo usado no mundo inteiro”.

Perez defende a necessidade de uma mudança cultural definitiva, como dizer para o pesquisador que quer fazer tecnologia que ele precisa da empresa e alertar esta sobre o grande potencial para seu desenvolvimento tecnológico numa relação com a universidade. Apesar do desafio de introduzir a prática de pesquisa no ambiente empresarial, a realização desta para a renovação de produtos tem estimulado a integração entre academia e empresas.

As incubadoras de empresas também incentivam esta integração. Espalhadas pelo país, elas são pontes fundamentais entre estudantes e o mercado de trabalho, pois oferecerem, por exemplo, infra–estrutura, consultoria de serviços e apoio à participação de eventos.

“Elas contribuem de forma decisiva para consolidação das empresas”, afirma Décio Siborne Júnior, coordenador da Companhia do Pólo de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec). Das empresas incubadas neste local, 70% são formadas por estudantes que buscam oportunidade para desenvolver pesquisas. Hoje a Ciatec abriga 22 empresas com iniciativas como a da EcoSigma que, preocupada com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, produz componentes orgânicos provenientes de reciclagem de resíduos da coleta seletiva da Prefeitura Municipal de Campinas.

Os profissionais do setor produtivo, com base na C&T, oferecem cada vez mais soluções alternativas para as necessidades do cotidiano. Ainda segundo o ISI, a produção nacional vem aumentando a cada ano. Tecnologias para incorporação dos cerrados no sistema produtivo, desenvolvidas através do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), tornaram a região responsável por 40% da produção brasileira de grãos, uma das maiores fronteiras agrícolas do mundo. A soja foi adaptada às condições brasileiras e hoje o país é o segundo produtor mundial. Além disso, como consta no site oficial da Embrapa, tecnologias e sistemas de produção foram organizados para aumentar a eficiência da agricultura familiar e incorporar pequenos produtores no agronegócio, garantindo melhoria na sua renda e bem–estar.

Governo, iniciativa privada e sociedade se conscientizam cada vez mais sobre a importância de investir na área de Ciência e Tecnologia para que o país potencialize o desenvolvimento de tecnologias que possibilitem o crescimento econômico e também a criação de ferramentas para a superação da pobreza, para a inclusão social, para a defesa dos direitos humanos, para a preservação e conservação de recursos naturais, enfim, para melhoria das condições de vida da população.

Ressalta–se ainda a importância do investimento na área de cooperação internacional através do intercâmbio de informações e profissionais. A ampliação desta articulação pode colaborar para resolver desafios globais e incentivar o exercício da cidadania. [Webinsider]

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Fontes:

Companhia do Pólo de Alta Tecnologia de Campinas – Ciatec

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo –
FAPESP

Ministério de Ciência e Tecnologia

MARCOLIN, Nelson e MOURTA, Mariluce. “Um roteiro de abertura à sociedade” in Revista Pesquisa FAPESP. São Paulo, nº107, p. 12–17, janeiro de 2005.

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Alessandra de Falco (alessandrafalco@ufsj.edu.br) é professora de Jornalismo Online e Planejamento Visual Gráfico na Universidade Federal de São João del-Rei-UFSJ. Tem experiência profissional nas áreas de Jornalismo Científico e Tecnológico e Comunicação Organizacional. Faz parte da Rede de Pesquisa Jornalismo e Tecnologia (JorTec).

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