Pinterest e o Empreendedor Mínimo Viável

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Com Carlos Matos *

No início deste ano tivemos um grande hype do Pinterest em todo o mundo e a rede virou notícia em vários veículos especializados e até na mídia de massa.


Do modo como surgiu e se espalhou rapidamente, o Pinterest deu a impressão de ser uma mídia social que veio “do nada” e com um pouco de sorte subiu ao palco, ganhando um papel de protagonista no grande teatro das mídias sociais.

Contudo, a escalada da rede rumo à posição dos Top 10, com mais de 30 milhões de usuários, não foi fácil e não poderia ter dado mais trabalho aos seus fundadores, cuja perseverança levou ao sucesso após muitos meses de esforços e tentativas que aparentemente não geravam retorno.

A importância do MVE no sucesso do Pinterest

O conceito do MVE – Empreendedor Mínimo Viável ou Minimum Viable Entrepreneur – foi fundamental para o sucesso do Pinterest. Vários fatores atentam contra a viabilidade de empreendedores. A visível falta de dedicação ao negócio, a carência de iniciativa, o domínio de apenas uma única disciplina, entre outros.

Voltando ao conceito de MVE, vamos a sua definição:

“MVE é o conjunto de características e perfis mínimo de um ou mais empreendedores, que oferecem aos investidores ou a si próprios a segurança mínima de que um modelo de negócio será desenvolvido, de modo a gerar um plano de negócios sustentável e que gere retorno financeiro.”
André Telles – Carlos Matos.

O Pinterest foi idealizado pelos americanos Paul Sciarra e Ben Silbermann, este último anteriormente funcionário e entusiasta do Google. Ben se sentiu dividido em sua experiência no Google – estava em uma empresa grande e inovadora, que sonhava alto, mas sentia-se desmotivado por não poder empreender por conta própria.

Crise financeira

Poucas semanas após deixar o Google, renovado e otimista, Ben viu a economia americana entrar em colapso. O empreendedor tentou levantar capital para tocar suas ideias, mas naquele momento específico investidores estavam apreensivos diante das incertezas da economia.

Foi então que Ben resolveu se unir a Paul Sciarra, com o objetivo de criar algo novo. Durante algum tempo que precedeu o projeto Pinterest, desenvolveram aplicações mobile e apps sem sucesso, entre elas o Tote, uma espécie de catálogo via mobile.

Reuniões sem fim com potenciais investidores terminaram em negativas, apesar dos esforços.

Eventualmente, Ben conseguiu algum capital junto ao investidor Brian Cohen, que também se tornaria mentor da dupla.

Só mais um produto?

“Trabalhei em produtos nos quais ocorriam quedas do site no meio da noite e ninguém percebia”, lembrou Silbermann, sem muita saudade, em entrevista para o Business Insider.

E, de fato, em seus primeiros meses no ar, o Pinterest parecia ser apenas mais um desses produtos. Silbermann contou, na entrevista, que após nove meses no ar o site possuía pouco mais de dez mil usuários e muitos deles não utilizavam a rede em base diária.

O empresário disse que alguns poucos amigos e conhecidos mantiveram o site vivo. Os primeiros cinco mil usuários foram praticamente contatados por ele de modo pessoal – para muitos, deixava seu celular e mantinha contato frequente.

Os dois sócios não desistiram ao longo dos difíceis doze primeiros meses do projeto e investiram tempo e dedicação obsessiva, especialmente em relação ao design e à plataforma do produto. “O site não virou um sucesso do dia para a noite”, comentou Silbermann na entrevista, embora muitos atualmente tenham tal impressão.

A palavra do mentor

Brian Cohen não apenas acolheu a ideia inicial do app Tote, como participou de forma decisiva no pivot do aplicativo que culminaria no Pinterest. Em entrevista para a americana Mashable, Cohen detalha um pouco da história, bem como lições a serem aprendidas a partir do sucesso da rede.

  • Eles ouviam”. Segundo Cohen, a dupla de fundadores sempre mostrou abertura a segundas opiniões e sugestões, mesmo quando isso ia de encontro aos conceitos iniciais por eles formulados;
  • Um pivot “de fato”. Apesar da mudança radical do Tote para o Pinterest, o primeiro aplicativo demonstrou que o público feminino marcava ofertas e itens do catálogo para posterior consulta e referência, o que se tornou um dos princípios do conceito de “pins” da startup;
  • Empolgação e motivação. A jornada não foi fácil, mas nas palavras de Cohen, a dupla de fundadores demonstrava um entusiasmo quase que “de criança” pela startup;
  • Custos enxutos. Os esforços titânicos dos fundadores e seus colegas para proliferação e popularização da rede economizaram muito do que seria investido em RP ou marketing;

Desafios

Após muitos entraves, o Pinterest chegou a um valuation superior a US$ 1 bilhão, tendo já levantado este ano investimento de US$ 100 milhões. Para muitos empreendedores, esse parece ser o objetivo final, mas tanto para o mercado quanto para seus próprios fundadores, a bem-sucedida startup ainda oferece muitos desafios.

A questão da geração de receita é tratada de forma delicada pela rede social. Não são poucos os exemplos de tentativas de monetização e inclusão de anúncios e publicidade na internet que acabaram por gerar alguma receita, mas ao custo da perda de usuários. O Pinterest tenta hoje focar seus esforços e estratégias de faturamento em grandes empresas, mas enfrenta também problemas e riscos em relação aos direitos das imagens veiculadas, em contrapartida.

Apesar dos questionamentos do mercado, o Pinterest possui diversas possibilidades de monetização em estudo, entre elas:

  • Links patrocinados e referral links;
  • Customização de pinboards para grandes marcas;
  • Inserção de pins e seções com cupons e promoções;
  • Inserção de painéis de e-commerce de terceiros;
  • Publicidade e anúncios tradicionais distribuídos em boards;
  • Inclusão de painéis para a venda direta de produtos.

As possibilidades são muitas, embora algumas delas possam gerar inquietação e abandono por parte de usuários e somente o plano de negócios do Pinterest poderá determinar o futuro dos negócios. Os desafios do Pinterest como startup podem ter acabado, mas apenas para ceder lugar a uma nova gama de desafios, que levarão a uma grande e duradoura empresa, ou apenas a um novo case “pontocom” que não deu certo. [Webinsider]

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* Carlos Matos é jornalista, fundador do Startupeando e diretor da República dos Escritores.

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André Teles é publicitário e consultor. Fundador da agência Mentes Digitais, do site de busca de imóveis Linkimob, co-idealizador do projeto iCities e Sócio da 4One Business Group.

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