Precisamos de uma estratégia nacional em TI

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Ninguém questiona que ao longo da última década o uso da TI evoluiu de forma muito significativa em nosso país. Seja pelo número de PCs em uso, pelo número de internautas, pelo número de websites, por qualquer indicador que analisarmos revelará um crescimento de fazer inveja a muitos outros países.

Ao mesmo tempo, temos em andamento um processo de consolidação de empresas (com risco de novos monopólios, segundo alguns), um uso significativo de software livre (que chama a atenção no mundo todo), um crescimento importante do número de profissionais de TI que trabalham para os vários níveis de governo, em contra­posição a um nível crescente de terceirização da área pelas grandes empresas privadas, etc.

Obviamente não é possível resumir o quadro todo apenas em um artigo. Meu objetivo aqui é alertar para uma questão que não está sendo debatida adequadamente: como país, quais são nossos objetivos com a TI? Há 15 anos que o Banco Mundial incentiva os países menos desenvolvidos a criar estratégias nacionais de TI como forma de encurtar a distância que os separa dos países desenvolvidos.

Ao fizermos esta pergunta simples: “qual o objetivo?” àqueles que são responsáveis pelas políticas nacionais na área, tipicamente encontramos dois tipos de respostas.

Existem aquelas que são bonitas, mas genéricas demais (p.ex. “queremos melhorar o grau de inclusão digital da população”), e existem ações cujos objetivos acabam sendo dispersos (p.ex. com a existência de programas de criação de telecentros ou assemelhados por parte de inúmeros níveis de governo, sem coordenação entre eles, sem avaliação, etc.).

Acredito que esteja na hora de trabalharmos para encontrar respostas “às perguntas que não querem calar”, mas que até agora foram formuladas apenas nos corredores, e não nas mesas onde as decisões são tomadas. Cito apenas algumas, a título de exemplo. Se você leitor quiser contribuir com outras, serão bem-vindas!

Qual é a vocação nacional, em termos de produção de bens e serviços de TI, seja para o mercado nacional, seja para exportação? Em quais deles somos competitivos no cenário global? Em quais deles ainda não somos, mas poderíamos ser competitivos globalmente (e deveriam, portanto, ser foco de subsídios, pesquisas aplicadas, etc.)?

Qual é o perfil dos profissionais de TI que precisaremos ter no mercado dentro de 10 a 15 anos? A modificação de curriculuns do ensino superior é lenta, como todos sabem. Mas se não soubermos o quê deve mudar, apenas manteremos a insatisfação das empresas com os formandos, destes com o mercado de trabalho, e dos professores com este.

Não deveríamos usar a TI para facilitar a vida de todos os cidadãos, inclusive para facilitar seu relacionamento com o estado? Apenas LAN houses e telecentros são suficientes para isto? Como deve evoluir o backbone de dados para que a banda larga seja universal e acessível (ou não queremos isto)?

Os questionamentos acima são apenas alguns exemplos dos que devem servir de base para planejarmos claramente o futuro para a TI como nação. Por meio de uma estratégia clara, de longo prazo, obteremos resultados muito melhores da aplicação dos recursos da sociedade (sejam do orçamento público, do tempo dos voluntários envolvidos, etc.).

É preciso deixar de operar apenas em reação aos problemas que surgem como pedras no caminho, para passar a sermos protagonistas da história. Somente assim as promessas da TI poderão render os frutos que desejamos para toda a sociedade. [Webinsider]

<strong>Roberto Carlos Mayer</strong> (rocmayer@mbi.com.br) é diretor da <strong><a href="http://www.mbi.com.br" rel="externo">MBI</a></strong> e presidente da Assespro São Paulo.

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4 respostas

  1. Olá Roberto… acho pertinentes suas colocações, que apesar de não apontarem soluções práticas (acredito que não tenha sido seu objetivo), levantou um tema interessante. O que tem sido feito em termos de inclusão digital são mais para arrecadar votos e poder falar bonito lá fora, do que efetivamente pensar na tecnologia a ponto de diminuir a grande diferença que temos com os países desenvolvidos e seus impactos na sociedade.

    O Brasil está repleto de pessoas altamente competentes na área de TI e repleto de projetos interessantes como a urna eletrônica e o uso de softwares livres no setor público. Aí perguntamos: por quê a India está virando, ou já é, uma potência em TI e nós não?

    A resposta vem de um investimento constante que eles fazem em cursos tecnológicos em redes, programação, suporte e tudo isso a um custo acessível a população de baixa renda. Gerando oportunidades de emprego a população em grandes industrias de software que chegam a 20 mil funcionários. A maioria dessas empresas vendem desenvolvimento para países como EUA, Inglaterra, etc.

    Então para concluir, eu diria que precisamos profissionalizar e organizar nosso setor de TI, tendo em vista a conquista de nosso espaço nessa área no mundo. Um pouco de vontade, iniciativa e investimentos do setor público e privado, teremos garantido esse espaço.

  2. Abrir o mercado e Reduzir os impostos dos PCs, uma coisa até meio óbvia e foi uma revolução em TI. Porque se o brasileiro tem a ferramenta, o resto ele vai atras.

    Outra é reduzir os impostos e abrir o mercado para os smartphones 3G que é a nova onda do software.

    A banda larga no Brasil é uma das mais caras do planeta. Falta vontade politica para liberar logo a 4G WIMAX.

  3. Esta matéria é interessante e apóio a idéia. Mas talvez o maior desafio não seja tecnológico e sim mudar a cultura política do país. Acredito que se a tecnologia crescer trará mais informação a população, e isso talvez não seja a estratégia dos nosso políticos!

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