Raspberry Pi

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Existe algo revolucionário acontecendo no mundo da tecnologia e isto é tão sutil, que não estamos conseguindo perceber. Por outro lado, está bem diante dos nossos olhos, como um belo nascer do Sol numa praia deserta.

Uma semana antes do lançamento do novo iPad, uma organização sem fins lucrativos chamada Raspberry Pi Foundation, lançava um “PC” básico, chamado de Raspberry Pi. Sim, ele não tem nada de um “PC” tradicional, é somente uma placa de circuito impresso, simples, bem pequena, mas que faz exatamente tudo que um PC faz, com uma diferença: custa entre US$ 25,00 a US$ 35,00.

Semelhante ao bom e velho Arduíno, a fundação tem como alvo as escolas, que poderão comprar e ensinar computação para seus alunos.

Evidentemente que o alcance do pequeno notável é bem maior do que isso. Uma pausa.

No dia 7 de março, Tim Cook, CEO da Apple, lançou o novo iPad. Um milhão de pixels a mais de resolução (agora com 2048×1536), processador duas core A5X, acesso a rede Wi-Fi 4G, com um valor de saída de US$ 499,00 e claro, o design mais desejado do planeta.

Ao que parece os dois equipamentos são iniciativas completamente diferentes, mas este é o ponto chave. Esta oposição, esta polarização do hardware marca uma nova era na história da computação.

Afinal ambos os equipamentos possuem as características básicas que fundamentaram a computação pessoal: processamento, conectividade, programação e interface (uma ressalva aqui para interface do Raspberry Pi, a qual é rudimentar, baseado em código, mas não deixa de ser uma interface).

Polarização

Esta era pós-PC, que podemos chamar de a “era da polarização”, será marcada por duas plataformas de hardware muito distintas. Uma totalmente aberta, programável, livre de restrições mercadológicas e bem acessível para toda a população e outra para elite, com poder aquisitivo suficiente para experimentar o que existe de melhor e mais sofisticado em termos de aplicativos, games, e-learning e produtividade.

Para aquecer ainda mais nossa discussão, e fundamentar a polarização computacional, segundo o Internet World Stats, somente 32.7% da população mundial possui acesso à internet. Não tenho dúvidas que estamos passando por um momento decisivo, questionando a forma como temos alfabetizados nossos jovens.

Alfabetizar para o futuro significa dar aos jovens não somente o conhecimento das disciplinas clássicas, mas adicionar no curriculum atual uma formação em alguma área computacional. Sem algum tipo de hardware, para dar sustentabilidade a este tipo de ensino, isto é impossível.

O Raspberry Pi tem uma nobre missão pela frente: a de diminuir o abismo que existe no planeta quando o assunto é acesso à internet e conhecimento computacional. Não quero polemizar, mas seria bem interessante se parte do dinheiro que a Apple está ganhando com a venda do novo iPad fosse direcionado para programas de aquisição de Raspberry Pis para comunidades de todo planeta.

Historicamente, Steve Jobs e Steve Wozniak quando começaram a Apple numa garagem, construíram “mais ou menos” um Raspberry Pi. Fico feliz em pensar que na área de ciências da computação este tipo de “milagre digital” é possível.

Fico feliz em pensar que em alguma comunidade distante da África do Sul ou do Rio de Janeiro, dois jovens estão debruçados sobre um Raspberry Pi, criando a próxima revolução digital. Resta saber qual será o nome da companhia. Framboesa e maçã já estão tomados. [Webinsider]

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Ricardo Murer é graduado em Ciências da Computação (USP) e mestre em Comunicação (USP). Especialista em estratégia digital e novas tecnologias. Mantém o Twitter @rdmurer.

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2 respostas

  1. Acho a polarização na verdade seria assim, de um lado um hardware bem rudimentar pronto para ser adaptado e aberto para criar novas possibilidades e do outro um hardware avançado que traz a possibilidades de diversas aplicações e está atrelado a um ecosistema baseado em nuvem que a cada dia se integra e produz novas funcionalidades, juntando desktop e mobile. Dizer que “bem acessível para toda a população e outra para elite” é discriminatório e não corresponde a realidade.

  2. Não entendi pq o Raspberry é tão importante assim se o arduino tá aí há anos fazendo o mesmo. Só não pertence a uma instituição sem fins lucrativos, mas os preços das placas são quase os mesmo.

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