Salas de cinema versus home theater

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Nos últimos meses deste ano eu me vi às voltas com um projeto que me permitisse fazer um upgrade no meu home theater e com isso me afastei quase que por completo das salas de cinema.

Aconteceu de que dias atrás o Thomas Hauerslev, com cujo site (in70mm.com) eu colaboro eventualmente, me pergunta se eu achava viável exibir o último filme do diretor Quentin Tarantino, rodado em 70 mm e que será exibido como tal em território americano e em outras partes do planeta. E foi complicado explicar ao Thomas a expulsão literal dos projetores de película das nossas salas, sem falar na bitola de 70 mm, que já foi embora há muito tempo! Aliás, o Orion Jardim de Faria, pioneiro do 70 mm no país, já havia me ligado anos atrás dizendo que a retirada dos projetores de películas das cabines de cinema era inevitável, como de fato o foi!

Existem sim projetores de 70 mm por aí, mas muitos deles despojados dos debitadores (rodas dentadas que puxam o filme) de 70 e/ou das cabeças magnéticas, tornando inexequível qualquer tentativa de se fazer algo a este respeito. Não faz tanto tempo que eu me aventurei na cabine do antigo Cinema Pathé, para mostrar dois projetores Incol 70/35 ainda recuperáveis, mas em mau estado de conservação. Embora seja tecnicamente possível recuperar um sistema de projeção 70 mm moderno (com som DTS), o esforço para se conseguir isso parece longe de um dia ser concretizado nas nossas salas, e eu bem que gostaria de estar enganado a este respeito!

A verdade é que depois da troca dos projetores de película pelos digitais as salas de exibição se aproximaram perigosamente do status de uma televisão de tamanho gigante. Se o leitor parar para pensar, verá que a ideia de assistir uma projeção digital nos cinemas não difere em nada da experiência em se ter um home theater moderno. E na realidade este último ganha pontos em qualidade, por conta da alta resolução da tela e da alta resolução do som que se consegue hoje com certa facilidade.

Cinema em casa sempre existiu, mas nunca atrapalhou nada!

Em tempos remotos o filme 16 mm, cópia dos sucessos do cinema, era colocado para aluguel em várias distribuidoras. O custo operacional sempre foi alto. Era preciso comprar ou alugar um projetor, aprender a opera-lo e depois ir à distribuidora escolher um filme, carregando uma caixa pesada com dois ou três rolos de filme. A película em 16 mm chegou a ter cópias em CinemaScope, mas a lente era cara, e as pessoas alugavam uma para projetar em casa, aumentando assim o custo.

Comprar uma cópia em 16 mm? Para a grande maioria nem pensar. Até hoje, eu só conheci uma pessoa que tinha em casa uma cópia do filme “A Noviça Rebelde”, que eu não quis nem perguntar quantos rolos tinha.

Eu aprendi a projetar ainda menino, com cerca de uns 5 a 8 anos de idade. Passei pelo projetor mudo, indo ao sonoro, de várias marcas e tipos. Sei o trabalho que dava montar o projetor, cabear e passar o filme por todas as engrenagens sem erro, projetar o filme e no final guardar tudo de volta. Meus pais não tinham grana para este tipo de vício, mas um dos meus vizinhos que era abastado alugava filmes em 16 mm constantemente. E quando o filho mais velho do casal não estava próximo para operar o projetor, que era quase sempre, eles ligavam lá para casa, e eu, é claro, ia todo feliz “passar o filme”, como se dizia na época. Um tempo atrás o Milton lá do Planetário, que eu conheci pesquisando cabines, me disse “nós éramos todos passadores de filme”, se referindo aos operadores profissionais de sua época, e eu então me lembrei da minha infância.

As reviravoltas em Hollywood

Hollywood passou décadas farta de grandes estúdios e grandes lucros, com ocasional volume de grandes perdas também. Enfrentou o crescimento da televisão aperfeiçoando a forma de apresentar os filmes no cinema. Criou o chamado “Roadshow”, espetáculos com reserva de assentos, de filmes com produção mais cara. Tornou a sessão de projeção em um espetáculo sacralizante, com fechamento das cortinas e abertura musical (semelhante às dos teatros), abertura das cortinas até o enquadramento da película, intervalo, entreato com música somente, música de saída (espaço hoje ocupado pelos créditos do fim do filme) e finalmente fechamento das cortinas até a próxima sessão. Durante anos, vários cinemas usaram um gongo elétrico para anunciar o início da sessão, e os melhores cinemas tinham sempre o popularmente chamado “lanterninha”, pessoa que guiava com sua luz o espectador que chegara atrasado e tinha dificuldade de encontrar uma poltrona vazia no escuro.

Tudo isso Hollywood fez, com direito a script de como os operadores deviam fazer e tudo, na América e pelo mundo afora (aqui no Rio eu vi isso dezenas de vezes), de maneira a valorizar o espetáculo cinematográfico. Com o lançamento dos filmes em 70 mm ocorreu uma super valorização da qualidade da imagem e do som.

Com a decadência de público nos grandes cinemas, Hollywood resolveu se reinventar de novo, só que agora era suprir o público de filmes cuja chance de ver outra vez nas salas de cinema era muito pequena. Hollywood não se rendeu à televisão, ela apenas utilizou a mídia para compensar a perda de receita, e assim continuar a produzir filmes para o cinema, e não “filmes para televisão”. Sobre isso, ao lançar agora um filme em 70 mm, Quentin Tarantino afirma que se ele quisesse fazer “filmes de televisão” ele iria trabalhar lá. Muito justo.

O Home Theater moderno

A decadência do uso da película se fez sentir também no mercado de filmes em 16 mm, que como já tentamos mostrar acima, era uma bitola que nunca foi prática e/ou ao alcance da maioria dos usuários.

O home theater moderno começa no exato momento em que os filmes de catálogo são telecinados, convertidos para vídeo e colocados à disposição em um veículo de transporte adequado. O primeiro deles foi o vídeo disco da Philips (Disco Vision), com leitura a raio laser, ainda na década de 1970. Pouca gente teve acesso a eles. A seguir, mais adiante, o processo se repetiu na introdução do Betamax, agora com a possibilidade de permitir ao usuário gravar conteúdo cinematográfico oriundo das transmissões de televisão. Inicialmente, Hollywood chiou e processou a Sony. O caso ficou conhecido na corte norte-americana como “o caso Betamax”. Os estúdios perderam no Supremo. Mas, se adaptaram a isso, colocando algo que as emissoras de televisão ainda não tinham: o som surround estereofônico!

A grande “descoberta” que permitiu tudo isso foi que as trilhas Dolby Stereo eram matriciais, ou seja, quatro canais (três na frente e um surround), encarcerados em uma trilha sonora de dois canais apenas. Introduziu-se o decodificador “Dolby Surround”, e pronto: quatro canais dentro de casa, tal como nos cinemas da época.

Uma luta que não para até hoje

Afinal, quem fica na dianteira deste processo? Os cinemas encolheram as suas salas, outras foram destruídas, removeram tudo que lembrava os antigos roadshows e agora montaram projetores digitais, de tal forma que o que a gente que vai ao cinema vê é uma gigantesca tela de TV.

Pensando bem, o objetivo do home theater não deveria ser competir com as salas de cinemas. Ele é uma forma de se salvaguardar a obra cinematográfica em casa, coloca-la à disposição do usuário final, de maneira a ser revisitada ou até estudada.

O fã de cinema guarda na memória os melhores momentos que ele passou assistindo filmes nas salas de exibição. Um home theater lhe permite resgatar isso! Muita gente chega a montar uma sala de cinema em casa, usando receivers e mídia de disco, na tentativa de trazer de volta aqueles momentos vividos fora de casa.

No entanto, Hollywood e as indústrias de material eletrônico estão correndo uma atrás da outra, senão vejamos:

O Dolby Stereo foi desenvolvido para o cinema, mas acabou impulsionando as instalações domésticas.

Dolby Digital e DTS saíram primeiro nas salas de exibição, mas ambos forçaram a indústria de chipsets e os próprios desenvolvedores dos codecs a desenvolver uma versão doméstica rapidamente.

Trilhas 6.1 e 7.1 foram lançadas para os cinemas, mas a maior parte das salas continuou com o padrão 5.1 anterior ou até 4.0 (Dolby Spectral Recording, nada diferente do Dolby Stereo antigo, apenas com maior redução de ruído). Por causa disso, este tipo de trilha expandida passou a ter enorme aplicação na instalação de um home theater. E o que é “pior”: obrigou os fabricantes de chips integrados a aperfeiçoá-los em um escala sem precedentes!

Mesma coisa agora com Auro 3D e Dolby Atmos: poucas salas se aventuram na instalação de um equipamento capaz de reproduzir os novos codecs. A partir de 2014, novos receivers tornaram este projeto factível dentro de casa!

Façamos as contas: claramente uma boa instalação de home theater dispensa uma ida às salas de cinema, e isto, a meu ver, está conceitualmente errado.

A reversão de expectativas no projeto de Quentin Tarantino

Em debate recente, Tarantino afirmou o seguinte: “eu quero trazer de volta o público aos cinemas”!

Para conseguir tal intento o cineasta foi à Panavision, inspecionou o acervo de lentes e se convenceu de que a única forma de fazer isso seria voltar aos alfarrábios, literalmente.

Nas dependências da Panavision, Tarantino encontrou lentes de processos 70 mm antigos, que haviam sido usadas para produções como a de Ben Hur, O Grande Motim, e tantos outros filmes épicos do passado.

Com essas lentes, e usando uma câmera Panavision 70 mm moderna, ele rodou “The Hateful Eight” (no Brasil, “Os Oito Odiados”), em Ultra Panavison 70. A última vez que um filme Ultra Panavision foi rodado foi na produção do excelente drama de guerra “Khartoum”, de 1966.

O processo Ultra Panavision trabalha com lentes anamórficas, gerando uma imagem ultra larga em 2.76:1 (2.75:1 nominais) no negativo de 65 mm. Para ser projetado como tal ele precisaria de uma tela especial. Mas, o processo se adapta também ao que se chamava de Super Cinerama 70, e foi apresentado como tal na década de 70 no antigo Cinema Roxy de Copacabana, Rio de Janeiro. O cinema abriu com “Uma Batalha No Inferno”, rodado neste formato. Tempos depois, exibiu “Nas Trilhas da Aventura”, o último western em Ultra Panavision que eu assisti.

O filme de Tarantino, que abre mundialmente no Natal de 2015, também é um western. O diretor, que admite não ter nenhuma experiência no gênero, decidiu por este tipo de filme na esperança de ver retornar as pessoas às salas de exibição.

O clipe a seguir explica os detalhes e os motivos que cercaram esta produção:

 

 

O Ultra Panavision permite que se obtenham cópias em película em diversas relações de aspecto. Em 70 mm poderia ser em 2.20:1 e em 35 mm em 2.35:1, o Panavision tradicional.

No caso do filme de Tarantino, a expectativa é a distribuição de cópias tanto em 2.76:1 quanto 2.20:1, nos cinemas que têm projetor 70 mm equipados com leitor de timecode DTS (Datasat). Para as exibições em Ultra Panavision serão usadas lentes anamórficas, cujos detalhes podem ser vistos nesta página do site in70mm.

Segundo o diretor, existem cerca de 120 potenciais salas equipadas só na América do Norte, para onde estas cópias se destinam, dentro do possível. Infelizmente, nada se pode dizer sobre a América Latina, até o momento.

Para a exibição do “roadshow” estão previstos 182 min de duração, com a inserção de 12 min de filme sem imagem (o projetor continuará rodando) para o intervalo, ao final do qual será tocada a música do entreato, com duração de 45 seg. Cópias de um rolo único, para pratos e um único projetor serão enviadas já montadas para as cabines.

Seria bom e saudável ressuscitar as salas de cinema

No marasmo que estão, e com filmes com motivação repetitiva, está ficando cada vez mais chato ir ao cinema, algo impensável por todos nós que nos envolvemos com este tipo de entretenimento a vida toda.

Quando eu converso com os amigos cinéfilos, eles invariavelmente se queixam do excesso de filmes com temas tipo “o Batman quando ainda era criança, o Super Homem quando ainda não tinha saído de Krypton”, ou então os super heróis dos quadrinhos migrados em sequência de franquias intermináveis para as telas dos cinemas.

Idealmente, as salas de rua que ainda sobraram por aí e viraram igrejas evangélicas bem que poderiam ser retomadas e recolocadas à disposição do público, desde que, evidentemente, suportadas por condições econômicas sustentáveis e com filmes que fujam à rotina de chatices que assolam os demais cinemas.

Como tudo isto é praticamente inviável no momento, o que eu espero é que a iniciativa de Tarantino tenha tanto sucesso que estimule estúdios e exibidores a mudar o atual status quo e nos convide a voltar para as salas que um dia frequentamos. [Webinsider]

Leia também:

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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10 respostas

  1. Aos leitores,

    Um amigo meu acaba de me escrever, dizendo que está em Orlando e que viu Os Oito Odiados em 70 mm. Eu só vou saber detalhes depois. Mas, aqui no Brasil já sei que isso não vai acontecer, e na verdade a versão digital é mais curta do que a de película, então perdemos em duração e tela! Ridículo…

  2. Pois é, Fabio, eu conheço muita gente que simplesmente parou de ir ao cinema por conta dessas questões que você coloca em seu comentário.

    Mas, eu também acredito, e tenho sido enfático na minha coluna a este respeito, que grande parte da magia do ambiente do cinema ficava por conta do espetáculo em si, incluindo cortinas e outros detalhes. Os exibidores jogaram tudo isso fora!

    Existe por aí agora uma cantilena falando em salas com tela gigante, som “potente”, e outros adjetivos. Eu ainda não entrei em nenhuma delas, mas estou curioso para saber o que foi “trazido de volta”, porque nós tínhamos tudo isso em vários dos ditos cinemas de rua, que desapareceram da face da terra.

  3. Paulo, mais um artigo excelente.

    Esse assunto é pertinente. Eu tenho em casa um sistema ultra-modesto (TV Panasonic plasma 42 Full HD + DVD Pioneer + BD Player Panasonic BD-30 + VK7 Panasonic NV-415 + Receiver Denon AVR-1500 + Cj Caixas Yamaha c/ Sub Ativo), mas foi o que a fraca capacidade de investimento permitiu. Associado a ele tenho uma coleção de aproximadamente 1300 filmes (150 VHS + 800 DVDs + 350 BDs) e o objetivo é tentar reproduzir uma experiência que de alguma forma se aproxime da que eu COSTUMAVA ter no cinema, essa insubstituível. Mas tenho preferido a experiência caseira, porque mesmo que distante da experiência sensorial da sala de projeção, tem outras vantagens. Acontece que o cinema tem sido uma experiência cada vez mais frustrante/irritante. Primeiro, tem a qualidade dos filmes, em queda livre faz tempo. Uma pálida luz nesse breu de remakes, adaptações de quadrinhos, continuações, novas versões e preguiça criativa geral que assola Hollywood são as sessões de Clássicos Cinemark (nos últimos tempos pude assistir em tela grande Blade Runner, Casablanca, Rastros de Ódio, Psicose, Se Meu Apartamento Falasse, O Exorcista, entre outros). Mas em geral as opções no cinema são fracas. A isso, associa-se o fator preço. O cinema já foi uma atividade barata, mas hoje com as opções restritas à shoppings, a entrada subiu vertiginosamente e ainda tem o acréscimo do estacionamento. Cineminha pra dois mais pipoca e refri não sai por menos de R$70. Superadas essas dificuldades, chegamos ao momento de assistir o filme. Aí sou obrigado a conviver com gente passando na frente toda hora, conversas, risadas, telefones tocando e as irritantes luzes de celular do pessoal que não consegue ficar 2hs longe do Facebook e do Whatsapp. Impressionante como uma grande contingente de pessoas tem enorme dificuldade para sentar o traseiro quieto e assistir o filme por 2hs sem encher o saco dos demais. As pessoas simplesmente não conseguem. No Cinemark a novidade agora é que as luzes tem sido apagadas já com 5 minutos de filme rolando e são acesas uns 5 minutos antes do filme acabar. Aí é dose. Ou, como diria o Tim Maia, aí são várias doses, pq uma só não alivia… Ao passo que em casa, além da variedade de filmes que amo, desfruto de silêncio, assisto aos extras depois do filme, ninguém me aporrinha passando na frente (só os gatos, mas até eles respeitam mais o espectador do que o pessoal do cinema tem respeitado) e acabo tendo uma experiência mais gostosa.

  4. Caríssimo,

    Escreverei sim, pode deixar.
    Ainda por esses dias me comprometo de entrar em contato com o amigo deixando-o a par da atual situação.

    Exatamente! Num comparação grotesca eu diria que a mesma coisa aconteceu com o refrigerante, quando lançaram as latas de metal/alumínio não deixaram de produzir às de vidro! Correto?! Um pode viver em harmonia com o outro sem problemas…

    Agora, dizer que com o digital a qualidade da imagem melhorou significativamente, que a projeção ficou mais isso ou aquilo, é uma grande injustiça com o 35mm. Afinal de contas, a grande maioria dos cinema utilizava projetores com mais de 50 anos de trabalho, e nem sempre estavam com a manutenção em dia, trabalhavam com lâmpadas velhas, que deveriam ter sido substituídas há meses… Ou seja, assim não se pode comparar com o digital. Faça uma comparação com um projetor novo, todo calibrado com lâmpada nova, lentes adequadas etc!

    O mercado é complicado, assim como as próprias pessoas envolvidas…

    Abraços.

  5. Olá, Eder,

    Nunca mais tive notícias suas e do seu projeto.Quando puder escreva, para colocarmos tudo em dia.

    Ora, veja como são as coisas: o meu sobrinho achou uma matéria e me mandou o link (http://cinema.uol.com.br/noticias/redacao/2015/12/08/mais-antigo-do-pais-em-atividade-cinema-olympia-tenta-renascer-pela-5-vez.htm), contando a batalha de uma comunidade para não deixar um cinema antigo fechar.

    E no entanto as cidades como Rio de Janeiro e possivelmente outros centros do país estão inchadas, com uma super população insana e nem assim os antigos cinemas de rua conseguiram sobreviver. E eu ainda não consigo entender completamente o por que. Não adianta levantar teorias a respeito de desgaste, eu já tentei e não consegui nada.

    Por outro lado, acho que a projeção digital não deveria eliminar a analógica, e é isto, em última análise, o que este projeto do Tarantino quer fazer. A projeção digital é um formato comercial e deve ser visto como tal exclusivamente. A película é o cinema por excelência, a sua base e fundamentos. Nada impede que ambos permaneçam em atividade, assiste um dos dois quem quiser.

  6. Saudações Dr. Paulo!

    É com enorme prazer que volto aos seus artigos sobre este assunto que tanto gostamos e, também, muito nos decepcionamos…

    Parabéns mais uma vez, o conteúdo e as informações são sensacionais.

    Faço minha as suas considerações finais e torço pelo mesmo êxito de que o diretor seja feliz e vitorioso nessa corajosa empreitada cinematográfica!

    Quanto ao mérito, ou não, da projeção digital, dos atuais cinemas etc, vale lembrar que ainda hoje, principalmente no Brasil, muita gente ainda não sabe nem o que é uma sala de cinema… Algo próximo dos 90%!!! É um absurdo, mas é a verdade. Com tanta tecnologia à disposição e nem acesso as salas convencionais essas pessoas possuem…

    Então acredito que ainda temos que vencer esse desafio da inclusão antes de pensar em qualquer outra coisa.

    Falaremo-nos em breve.

    Um abraço fraternal,

  7. A cópia de Ben-Hur que eu assisti estava em 2.20:1, ao contrário do que pretende agora o Tarantino.

    Naquela época foi possível constatar a presença mínima de público no cinema onde eu estava.

    Já era difícil imaginar o porque da falta de interesse do público, ainda mais que a cópia do filme era novinha. Em épocas anteriores Ben-Hur enchia os cinemas Metro, até mesmo em reprises.

    Concordo com o Felipe. Eu hoje assisto Ben-Hur em casa, muito bem preservado, mas não passa nem perto da minha experiência no cinema. Pena que muita gente não viu, inclusive naquela época.

  8. Acho que já falei isso, nunca esquecerei as projeções que vi de Ben-Hur e 2001 em 70mm. Se há algo parecido deve ser imax e olhe lá. Uma pena pois essa geração não sabe o que foi cinema, com a expectativa de entrar na sala, tendo lido prospectos distribuídos sobre o filme antes da sessão, etc, um verdadeiro ritual quase sagrado. Hoje prefiro um projetor em casa.

  9. Oi, Nolan,

    Então, o objetivo do texto é justamente trazer evidências de que a projeção digital no final nivelou tudo, e não nos permite ter mais a sensação de “estar no cinema”.

  10. Olá Paulo:
    Já conversamos sobre isto antes.Recentemente dei uma chance ao “Cinema-fora-de-casa” e fui assistir no Cinemark Botafogo-sala 6…ao filme de animação (adoro)Transilvania 2….
    O filme é excelente,o cinema um horror! O encosto da cabeça era muito protuberante,desconfortável,as pessoas falavam,a sala era fedorenta e a imagem….me desculpe,Paulo,mas muito inferior ao que temos em casa.Pior é que enfrentei fila e paguei por isso. Tortura pura!Ora,com NETFLIX e YTS,creio que talvez em 2020 eu ouse entrar em um cinema de novo.Sinto muito!

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