Técnicas de entrevista online

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Estou entrevistando para o blog duas pessoas com práticas relevantes na internet. Não vou falar sobre isso agora, mas sobre a maneira como estou conversando com cada uma.

A primeira tem 14 anos. Perguntei à irmã dela – que nos apresentou – se ela usava e-mail. A resposta me deixou pensativo: “ela acha que sabe”.

É que, para esse grupo, o e-mail é uma espécie de comprovante de residência virtual, um instrumento com função apenas burocrática que serve quase exclusivamente para a inscrição em serviços online.

É interessante considerar o que há de diferente entre o e-mail e o Facebook, que é a central de comunicação para adolescentes conectados.

Ambos são ferramentas sociais de comunicação, mas o e-mail privilegia o contato de um para um. Ele cobra um custo alto de atenção porque as mensagens tendem a ser escritas individualmente para serem lidas apenas pelo interlocutor em questão.

O Facebook inverte essa lógica. É possível conversar individualmente com alguém lá dentro, mas esse não é o atrativo principal da ferramenta e sim as mensagens genéricas que demandam pouca ou nenhuma atenção. Como a mensagem não é para ninguém em específico, há menor expectativa de resposta.

Sinto a diferença do efeito das duas ferramentas no resultado das conversas que estou tendo.

Na entrevista por e-mail, posso mandar várias perguntas porque a minha interlocutora dará, quando puder, atenção integral à tarefa de me responder. Trocamos mensagens relativamente longas.

A minha outra entrevistada responde às minhas perguntas ao mesmo tempo em que faz muitas outras coisas. Comenta, cutuca, compartilha. O resultado é que estou me condicionando a mandar uma pergunta por vez para não pedir demais de sua atenção inquieta.

Em breve, publicarei o resultado das entrevistas e vamos ver como o uso de plataformas diferentes implicará em diferenças na participação de cada uma. [Webinsider]

Juliano Spyer (www.julianospyer.com.br) é mestre pelo programa de antropologia digital da University College London e atua como consultor, pesquisador e palestrante. É autor de Conectado (Zahar, 2007), primeiro livro brasileiro sobre mídia social.

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2 respostas

  1. Pingback: Aaron Swartz | Webinsider
  2. Muito boa a comparação pois fiz uma pesquisa usando o Facebook e usei o bate-papo para entrevistas. Aconteceu muito isso que vc falou e até mesmo para fazer uma análise de conteúdo em cima dos relatos pode ser distorcida. Legal seria comparar faixas etárias interagindo nesse bate-papo no ato da entrevista.

    Depois manda o resultado.

    Abs

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