Uma web 3D para um mundo tridimensional

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Sem querer contradizer Thomas Friedman, no seu ?O Mundo é Plano?, mas o mundo em que vivemos é tridimensional e tudo que experimentamos está preso a este universo. Já, nas interfaces que encontramos na internet, aí sim, a regra é planificar o mundo. É como se o conteúdo de um site estivesse preso ao topo de uma mesa e nós, usuários, navegássemos nele, arrastando e soltando papeis e fotos com seu dedo/cursor.

É claro que existem exceções, mas ainda estamos falando de uma imensa maioria de conteúdos planos apresentados de forma plana. Não me entenda mal, uma interface plana não é algo ruim, mas também não é algo necessariamente bom.

Quando um software insere funcionalidades em 3D, elas viram chamariz na sua comunicação. Vide o ?Windows Flip 3D? no Windows Vista (o bom e velho ALT + Tab em esteróides 3D – no Vista, tecle Janela + Tab). E não é só conversa de vendedor, a possibilidade de apresentar informações com uma dimensão extra à disposição, facilita a visualização e a leitura.

Claro, facilita apenas quando o 3D for bem utilizado. Quem cria páginas confusas em duas dimensões, vai conseguir fazê-lo com ainda mais facilidade em 3D.

É claro que existe 3D interativo na internet, não faltará quem me lembre do Second Life, ou o World of Warcraft. Mas, por mais que o Second Life ou o WOW sejam internet, eles não são web, não são www. E para a web, as iniciativas em 3D sempre foram mais restritas.

Nos primórdios da web, lá por volta de 1995, já existiam formas de se experimentar um universo tridimensional dentro de um navegador. À época usávamos o VRML (Virtual Reality Mark-up Language). Que seria, grosso modo, o HTML do 3D. Naquele tempo a web era muito lenta. Carregar um site de texto demorava. Imagine um ambiente em 3D interativo. Além de pesar na banda, as máquinas ?engasgavam? ao renderizar as páginas. E, convenhamos, não tinha muita graça interagir com cubos e esferas voando no espaço. Basicamente, o que permitia a tecnologia de então.

Isso mudou, quase todos os PCs tem placas aceleradoras 3D, dispositivos especializados em tratar estes gráficos. Até mesmo alguns celulares, como o iPhone, tem aceleradoras 3D. Ou seja, estamos preparados para experimentar elementos tridimensionais em nossas telas, pelo menos em termos de hardware, software e banda.

O lado do software pode ser resolvido através do uso de engines 3D. Engines 3D são softwares especializados que habilitam seu computador a tratar elementos 3D de forma interativa e em tempo real. Essa solução permite que se criem ambientes e objetos sofisticadíssimos com alto grau de realismo (muito superior ao visual estilo Second Life). O problema é a barreira cultural e técnica de demanda da instalação de plug-ins.

Outra saída é optar por soluções que aproveitam os plug-ins já instalados pela maior parte dos usuários, como o Java, o Flash e o novíssimo SilverLight da Microsoft. Estas soluções podem não oferecer a melhor qualidade gráfica para o usuário, mas, sem complicação, oferecem uma nova dimensão para a web, literalmente.

Diferente do que se poderia se imaginar, não existem tantas restrições para que tenhamos experiências mais ricas na web hoje. Como toda novidade, o uso do 3D necessita de aprendizado, tanto do usuário quanto do desenvolvedor. Aliás, muito mais do desenvolvedor. Uma vez que criar ambientes 3D para web está muito mais próximo do desenvolvimento de games em 3D, do que sites, propriamente ditos. Isso vem forçando os players atuais a desenvolverem a competência internamente, um trabalho árduo e demorado, ou aliarem-se a parceiros externos.

Dentro de pouco tempo o domínio do 3D será mais difundido e teremos ferramentas capazes de simplificar a forma de criar e interagir neste universo. Até lá, veremos uma busca muito grande por empresas e profissionais que dominem mais essa disciplina que migra para web.

Nada de novo, afinal, o Mosaic, primeiro browser, nasceu apenas renderizando páginas de texto e imagens, depois áudios, aplicações, animações e mais recentemente vídeos foram inseridos no rol de ferramentas disponíveis. A web, área pródiga por ser multidisciplinar, continua a arregimentar novas tecnologias e demandar empresas e profissionais que, ao mesmo tempo em que se especializam, mantêm alta capacidade generalista que os permite prosperar em áreas tão díspares.

Veremos cada vez mais projetos em 3D interativo na internet. Sites que, para contar uma história, para criar uma experiência realmente imersiva, estão ajudando a criar uma nova linguagem. Uma linguagem que terá de descobrir e definir seus próprios paradigmas. Assim como estamos familiarizados a navegação na web 2D, com menus no canto superior esquerdo, conteúdo diagramado no centro, mais ou menos como os livros e revistas, a web tridimensional poderá oferecer experiências mais próximas às que temos com os demais objetos que nos rodeiam.

Muita coisa ruim e mal feita virá, muitos menus confusos e conteúdo ilegível serão produzidos até que cheguemos a padrões universalmente aceitos de interação. Assim como muita coisa boa também surgirá, formas ainda impensadas de interagir com o ambiente digital passarão a fazer parte do nosso dia-a-dia.

Novos paradigmas de menus, novas formas de organizar informação, novos modelos de interface e navegação. A web e seus desenvolvedores evoluirão e o usuário aprenderá com naturalidade a navegar e a utilizar essas novas ferramentas, assim como um dia aprendeu o que faz um duplo-clique de mouse. [Webinsider]

<strong>Leonardo Dias</strong> (leonardo@edgy.com.br) é diretor da <strong><a href="http://www.edgy.com.br/" rel="externo">Edgy</a></strong> e mantém o blog <strong><a href="http://www.edgy.com.br/" rel="externo">Over the Edgy</a></strong>

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12 respostas

  1. eu vejo voces falarem demais sobre esse assunto mais se fosse depender da internet e de voces para aprender algo tava ferrado vocês não explicam nada sobre o assunto em que a pessoa esta interessado eu tava kerendo ver algumas manhas e codigos uteis nao vi nada.

  2. Interessante o artigo. E isso ja vem acontecendo há algum tempo. Um exemplo disso é o PaperVision(pluggin para flash).
    Parabéns pelo artigo.
    valeu!

  3. Oi Leonardo,
    Gostei muito do seu artigo, vi tbem seu site e e uma bela amostra do potencial do 3D. Como desenvolvedor achei tudo muito legal e inovador, sempre pensando como ele fez isso como fez aquilo, mas como usuario ja senti o oposto, muito lento, dificil de chegar onde quero, sem contar os problemas que qualquer standarista (nao é o meu caso ) poderia apontar.

    Penso que o 3d na web ainda tá numa fase experimental e de descobertas, e o tempo dirá qual é a melhor forma de usá -lo, como foi com o video e o youtube.

    Acho que isso é o inicio para provavelmente uma nova plataforma de games, que possa se conectar a, flickr, gmail, google maps, facebook e o que mais vc conseguir imaginar num provável social game network.

    E com certeza como vc já comentou aqui uma forma de interagir com produtos reais no mundo virtual com mais profundidade com coisas test-drive virtual.

    De qualquer forma legal ver brasileiros no edge 😉

    Parabéns pelo artigo

  4. Concordo com o Leonardo Dias pois a internet 3D mudara nosso conceito de internet para melhor, trazendo com ela maior interatividade, precisão e apreciação.
    Imagino que uma boa forma de organizar a internet 3d em sua representação seria o usuário visualizar um túnel do tempo, e que a proporção que percorra por ele, em seu teto, paredes e chão, relacione os assuntos correspondentes e que surjam lacunas ou janelas que uma vez seguido por elas o Túnel direcione para conteúdos especifícos, com propagandas em efeitos surpresas, impressionando o usuário e usando a tecnica de profundidade que o 3d proporciona para facilitar a seleção de artigos preferidos, bem como de musicas, jogos, videos e fotos e outros.

  5. Achei bastante interessante este arquivo por colocar o universo 3D em palta, assunto que vem me seduzindo desde quando comecei a interagir com o Strata[3D] nos meus projetos.

    Mas me pareceu de certo pretensioso as previsões do nosso amigo Leonardo. De certo discursões serão debatidas até que cheguemos a um experimento que nos proporcione uma forma original de interação na web. E acho, assim como os colegas Fábio e Marcio, que isso dependerá com certeza de um maquinário exclusivo e distinto do que usamos hoje em dia.

    Mesmo com o contra-argumento de que o uso de aplicações em 3D serviria como uma ferramenta de auxilio de navegação e de visualização de conteúdo, não sei ao certo se isso seria uma inovação ou apenas uma reinvenção da roda, que teria que ser usada com bastante cautela.

  6. Márcio, também penso que nossa interface bidimensional é limitada, mas de forma alguma limita as iniciativas em 3d. Talvez num futuro próximo novos dispositivos serão criados para promover uma utilização melhor da tecnologia 3d, mas eles apenas serão criados para atender uma demanda. Enquanto não houver demanda e ambientes 3d bastante desenvolvidos, iremos utilizar esta janela inadequada para comunicar o mundo real com o virtual.

  7. Caro Márcio, é claro que pode se argumentar que as telas de computador são planas e que a 3ª dimensão, na verdade não é experimentada num monitor. No entanto se essa explicação fosse 100% convincente, teríamos de aceitar que o mundo que enxergamos também é planificado bidimensionalmente em nossas retinas! Afinal, nossos olhos não enxergam em três dimensões. A profundidade é inferida pela interpretação que o nosso cérebro faz das imagens. Mas, enfim esse assunto eu deixo para outro artigo, queria aqui falar de interfaces 3D.
    Equipamentos de realidade virtual ajudam sim. Mas é possível oferecer conteúdos que se aproveitam do 3D para demonstrar um produto, por exemplo. Algo bem melhor do que um videozinho de um carro em 360 graus, é poder manipulá-lo em 3D. E isso a gente já faz sem problemas na web.

    Caro Fabio, quando falo em 3D, não quero cair na analogia que sempre se sai de replicarmos o mundo real no computador. Trabalho com internet há quase dez anos e no início, foram incontáveis as vezes que recebi briefings onde o cliente queria que seu site, ou sua loja online tivesse a cara de uma loja de verdade, com prateleiras e balcões, que no fundo houvesse um vendedor virtual, que clicando no telefone ele acionasse a página de contato. Isso é o 2nd Life. E essas experiências ?suck?. Quando se tenta importar um paradigma pra dentro de outro, como o que mencionei, a gente fica com todas as limitações do mundo real e suas analogias multiplicadas por todas as limitações do mundo virtual/3D.
    Não é o que escrevi no artigo. Não é tornar a web um mundo virtual em 3D replicando o nosso real. O que sugiro é o 3D auxiliando como ferramenta de visualização de conteúdo, como instrumento navegacional, como forma de criar experiências ricas na internet. Ainda não estamos com capacidade técnica para trazer um Gran Turismo 5 para a web. E, sinceramente, não vejo esse objetivo como a maior das vantagens do uso do 3D.

    Abs e valeu

  8. Interessante a discussão, mas o que é uma dimensão extra? Um menu em 3d não é capaz reproduzir mais de duas dimensões efetivas, apenas a sensação de tridimensionalidade. Acho que há uma discussão semânitica sobre isso. A menos que utilizemos algum equipamento de realidade virtual/holografia que realmente ofereça uma experiência tridimensional, abandonando a superfície plana da tela, as interfaces continuarão a pertencer ao mundo plano, a uma versão simplificada do mundo real, que é esse 3d a que vc se refere. Nesse sentido concordo com o Jacob Nielsen ? interface plana para dispositivos bidimensionais (tela/mouse), interface 3d para o mundo real (ou realidade virtual).

  9. Se estivéssemos nos anos 90 e o Second Life não tivesse acontecido eu até poderia pensar em concordar, mas não é o caso. Enquanto não existir uma interface decente para navegar em 3d – o que significa um tipo completamente diferente de computador do que nós temos agora – nenhum projeto desse tipo vai dar certo.

    Você argumentar que funciona em jogos, mas jogos têm objetivos bem definidos – mesmo os mais open-ended como GTA4. Navegar em 3d para buscar informações é tedioso e cansativo, como o Second Life demonstra bem. O hype durou pouco, mas deu tempo para váras empresas apressadinhas perderem dinheiro fazendo árvores de natal virtuais que se mantiveram desertas o tempo todo (minto, tinha um bot com a cara do Homer Simpson lá, o que tornava tudo ainda mais ridículo).

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