Unindo povos diferentes: desenvolver ou criar?

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Chega a grande notícia. O cliente anuncia pessoalmente que ganhamos a concorrência daquela conta tão desejada. A festa para comemorar reúne todos na empresa. Alegria e descontração completam a sensação de vitória, o clima de que somos os melhores, entre os comes e bebes o entrosamento é total. Um novo projeto está por vir e com ele todos os problemas de relacionamento interno entre as equipes.

Por mais provocativo que o título desse artigo possa parecer, existe uma questão importante que devemos discutir juntos – pessoal de desenvolvimento e de criação – na tentativa de oferecermos melhores serviços para nossos clientes.

Uma coisa que podemos perceber é que estes dois povos – desenvolvimento e criação – são ainda hoje de mundos muito diferentes, ligados agora por um forte elo chamado internet. Antes dela, era cada um na sua, trabalhando em suas respectivas áreas, mas que de repente começaram a ter que se falar, cada um com a sua língua, cada um com a sua cultura.

A própria palavra “desenvolvimento” difere da palavra “criação” em sua etimologia. Resumidamente e focando dentro do nosso contexto, a primeira se refere a dar continuidade ou evoluir de algo previamente estabelecido. A segunda, trazer a existência algo inexistente, algo novo, que nunca havia sido conhecido ou pensado.

Deixando as definições aurelianas de lado, e indo para a realidade prática, o pessoal de criação fica, normalmente, responsável por entender as necessidades do cliente e seus usuários para gerar as soluções criativas de layout, textos, arquitetura da informação e funcionalidades que farão parte do projeto. Podemos incluir aí também a participação na estratégia de marketing e de promoção do site após o seu lançamento.

É um trabalho de entender o problema do cliente, entender como o site pode resolver estes problemas, montar uma bela apresentação com propostas criativas e voltar no cliente para dar o show. Claro que isso não é tão simples quanto parece e nem todos que trabalham com criação em projetos web o fazem assim. Sejamos realistas.

Mas uma diferença que vejo aí é que nas diversas metodologias fabulosas de desenvolvimento, o trabalho propriamente dito começa por entender os requisitos do usuário ou caso de uso. Do tipo: “o usuário tem que efetuar uma busca assim assado e ensopado…”. Ou seja, conforme a definição no “pai dos burros”, algo tem que estar estabelecido como ponto de partida. E é desse ponto que começam minhas observações.

As metodologias de desenvolvimento atuais empregadas em projetos web se originam no desenvolvimento de software e pouco servem para este novo tipo de projeto. É importante que o pessoal de desenvolvimento entenda que estamos usando a tecnologia para construirmos canais de comunicação – que contém funcionalidades de interação com usuário e tarefas a serem cumpridas, sim – mas que no âmbito geral estão fortemente ligadas à necessidade das empresas se relacionarem com seu público, seja na internet ou numa intranet.

Isto muda radicalmente a forma de desenvolvedores encararem um projeto web. Não existe mais espaço para ficar esperando os “casos de uso”. O momento agora é de, junto com a criação, pensar em soluções inovadoras que surpreendam os clientes.

Uma coisa que quebra totalmente essa idéia de “caso de uso” é que na maioria das vezes, o próprio cliente não sabe o que o usuário final quer fazer no seu site, ou ainda, ele não faz a mínima idéia do que é melhor para ele. Quando isso é cobrado do cliente, ele na dúvida, fala qualquer coisa e os projetos saem qualquer coisa.

A internet abriu uma janela para uma massa de audiência quase que incontrolável. Levantar “casos de uso” que reflitam a realidade fica bem mais complicado neste novo cenário. Esse entendimento tem que ser construído ao longo do tempo, com os mecanismos de relacionamento, medição de audiência, análise de comportamento etc etc etc.

Nós, desenvolvimento e criação, devemos demonstrar maturidade e entendimento do meio internet para os clientes e sugerir como ela pode ajudar na solução de problemas de negócio de suas empresas.

Isso é criar. Partir de um problema para dar a solução. Independente de ser de criação ou de desenvolvimento. Essa deve ser a mentalidade do profissional web.

Já foi escrito aqui pelo Vicente algo sobre isso, que quem trabalha nessa área tem que saber de tudo um pouco. É verdade. A única ressalva que faço é que tem muito mais gente de criação com noções de desenvolvimento do que gente de desenvolvimento com noções de criação.

Não me refiro a um saber fazer o trabalho do outro, mas apenas entender suas aplicações, conceitos, necessidades e dificuldades, respeitando suas diferenças, mas trabalhando como uma só equipe. [Webinsider]



Igor Broseghini (igorbros@facemedia.com.br) é diretor da Facemedia Marketing Digital e professor.

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