A venda de música por download até outro dia era um fracasso absoluto sem saída à vista. O homem certo no lugar certo pode transformar o impasse em capa da revista Fortune.
Tudo indica que o mercado da música vai sair do seu atual impasse. Estamos falando da disputa entre as gravadoras e a pirataria, que, por incrível que pareça, caminha para uma solução.
A solução em si, aliás, não parece mirabolante, mas tem todo o jeito de ser “para o bem de todos” – de sorte que os executivos da indústria fonográfica prometem ser menos gananciosos; os consumidores, mais conscienciosos; e os artistas, menos irascíveis. Pelo discurso reinante, todo mundo sai ganhando, mas é preciso conhecer os detalhes.
Resumindo a ópera, a história é a seguinte: com a digitalização generalizada, a música caiu na internet, os gravadores de CD se popularizaram e a máfia se organizou. Então, metade da venda de compact discs passou para a mão de atravessadores (esses são os dados apenas do Brasil), ameaçando a hegemonia e mesmo a sobrevivência das “majors”.
Acontece que a distribuição de arquivos sonoros na Grande Rede veio para ficar; a “queima” de CDs, em ambiente doméstico, também. E os piratas, obviamente, não querem largar o osso.
O que a indústria fez? Primeiro, massacrou o Napster (principal programa que permitia o compartilhamento de faixas na Web). Não adiantou: surgiram substitutos, como o Kazaa. Então a indústria resolveu criar a sua própria versão da coisa, cobrando diretamente o usuário pelo download. Surgiram: Pressplay (Universal+Sony) e MusicNet (AOL Time Warner+Bertelsmann+EMI+RealNetworks).
Apesar da competição entre os dois modelos, houve até alguma aceitação por parte da audiência – mas ainda não foi dessa vez. Qual o próximo passo? Conseguir um nome “neutro”, para arbitrar a disputa entre as gravadoras, os consumidores e os artistas.
Mobilizar, em seguida, a mídia em torno dessa figura, de modo que a sua solução não seja exatamente a “invenção da roda”, mas que seja vista, por todos os envolvidos, “com bons olhos”.
Foi o que aconteceu com a entrada, na jogada, de Steve Jobs, o fundador da Apple: o gênio da computação, com respeitabilidade e cacife suficientes para mediar os conflitos e impor um acordo. Pela primeira vez nessa história, os executivos, os músicos e os fãs estão satisfeitos e praticamente “fechados” em torno de uma proposta.
Trata–se do iTunes, que por enquanto só existe para o Mac, e que vai cobrar 99 cents por faixa baixada no formato AAC. O usuário pode ouvir no seu micro, no seu iPod (o walkman de Jobs) e até gravar CDs.
Mas não consegue converter em MP3, nem distribuir de volta na internet, muito menos aumentar a produção em escala. Vai funcionar? Ninguém sabe, mas a Fortune desta semana decidiu investigar – e preparou a melhor reportagem sobre o assunto até agora. O “auê” já promete – e em termos de showbiz, às vezes, é o que mais importa. [Webinsider]
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