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Desde pequeno, a gente é sempre ensinado a funcionar dentro de um mesmo padrão. Estude, se supere, tire seus diplomas e sua recompensa virá. Algum grande ‘pai’ irá te pinçar no meio da multidão. Te dará um cargo, uma cadeira, uma função e um salário pingará magicamente na sua conta corrente a cada fim de mês. E a vida será simples.

Com o dinheiro, você compra uma casa, seu carro, tem seus filhos e pronto. Tudo isso em recompensa à sua maravilhosa performance acadêmica, puro reconhecimento pelo seu esforço. Uma perfeita meritocracia.

Já ouvi dizer que isso um dia funcionou. Em alguma época não muito distante do nosso tempo. A escola preparava a sociedade para alimentar as posições das empresas criadas pelos…

Perai. Se a gente entra na escola, estuda e um dia alguém dá um emprego pra gente, quem é que dá o emprego pra quem deu o emprego pra gente? A pergunta é quase aquela do ‘se Deus criou tudo, quem criou Deus’?

Complicado né?

Seria curioso não perceber o quanto isso tem impacto no mundo em que a gente vive hoje: um lugar praticamente tomado por gente que foi treinada pra procurar emprego, mas não pra criar empregos. Um mundo onde sobra gente procurando e falta gente fazendo, inventando, criando, fora da formato tradicional que nos ensinaram na escola. Porque na escola a gente aprende montes sobre trigonometria, biologia, afluentes do rio Amazonas, mas não tem uma aula sequer sobre como montar uma empresa, se posicionar no mercado, administração, nada.

Encarando a realidade de hoje vemos: não tem emprego. E o que é pior, não dá nem pra botar a culpa na ‘crise’. Porque com crise ou sem crise, o modelo de funcionamento do mundo está mudando. Os sistemas se automatizando, a tecnologia permitindo o trabalho descentralizado, relacionamentos a distância, tudo modular. E o pior, tem muito mais gente procurando do que inventando emprego.

Cada vez mais, cada um precisa ser dono do seu próprio emprego, inventar o seu próprio negócio, encontrar o seu único caminho, compreender sua função na cadeia de serviços e fazer com que os outros percebam a sua relevância no sistema.

Quase sem perceber e mesmo sem querer, me vi de volta na posição de praticar a “incrível arte de produzir salários”. Transformar os dias de prospecção, negociação, orçamentos, atendimento, posicionamento, planejamento, produção e cobrança em um fluxo constante e (se Deus quiser) ininterrupto de salários depositados todo final de mês, nas contas da turma que ajuda a fazer o negócio acontecer.

Fazer isso simplesmente, sem deixar transparecer pra todos, o que é que realmente acontece do lado de cá, seria repetir o ‘erro’ que nos ensinam na escola: de acreditar que o salário é mágico e parte de uma recompensa pela nossa excelência.

É fundamental que a gente tenha nosso dindim ali depositado magicamente no final do mês, principalmente enquanto estamos crescendo profissionalmente e ganhando bagagem. Mas é imprescindível compreender que não há mágica, não há recompensa, não há pai. Somos todos parte integrante de um sistema que precisa funcionar.

E acima de tudo, precisamos entender como é que funciona esse sistema pra gente saber se posicionar e quem sabe, aumentar a turma dos “magos produtores de salário”, diminuindo a fila da procura e ajudando a empregar e ensinar a turma nova que vem por ai.

Complicado, né? [Webinsider]

Avatar de Michel Lent Schwartzman

Michel Lent Schwartzman (michel@lent.com.br) é um empreendedor serial e especialista em marcas e negócios digitais, com sólida experiência em acompanhar carreiras e aconselhar empresas. Pioneiro na indústria digital, é formado em Desenho Industrial pela PUC-Rio e mestre pela New York University. Ao longo de quase 30 anos, fundou e dirigiu agências e atuou como CMO em grandes fintechs, além de prestar consultoria para diversas empresas globais

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9 respostas

  1. Concordo! Como, entretanto, incentivar empreendedores, em face de toda a carga tributária (pesadíssima) que temos?

  2. Gostei muito do artigo, principalmente com respeito ao fato de que está em falta pessoas qualificadas que saibam criar salários.

  3. Muito complicado… Nosso sistema de ensino se resume em Estudar para passar no vestibular. Tenho 20 anos mas por várias vezes escutava minha avó dizer: antigamente meu filho as escolas ensinavam a bordar, fazer tapetes, crochê era muito bom fiz todo o meu enxoval de casamento assim essas atividades, para a época eram muito importantes, o mundo mudou precisamos de atividades que nos façam pensar, refletir sobre o hoje, mercado de trabalho, nosso futuro além do tão esperado, tão desejado: Passar no vestibular.

  4. Michel, lembro do dia que esse artigo estava estampado e fresquinho na cara do Webinsider. Sempre tive lembranças recorrentes e espaçadas sobre o assunto. Hoje eu voltei aqui pelo fato da lembrança ter ganho periodicidade mensal. É uma arte mesmo.

  5. Muito interessante este artigo!

    Acredito que um (entre vários outros) dos motivos para a falta de capacidade inovadora da população é a baixa qualidade do ensino lá nos primeiros anos do ensino fundamental. É nesta fase que as crianças preparam o cérebro para as atitudes inovadoras e criativas do futuro.

    Boa matéria.

  6. Gostei do artigo. Acho imprescindível que os mágicos em geração de salários mantenham um diálogo aberto com seus funcionários a fim de que todos entendam como fazem parte dessa mágica.

    Como a Elisa comentou, também achei que faltou apenas alongar um pouco mais o texto com informações didáticas àqueles que gostariam de aprender esta mágica…

    Parabéns pelo artigo.

  7. Poxa vida, quando eu pensei que o artigo ia começar, ele acabou! Rs…
    Sinceramente, gostaria de conhecer esse lado obscuro dos empresários. Nunca havia pensado dessa maneira, mais geradores de emprego para acabar com o desemprego e tem fundamento. Mas talvez não seja tão simples assim. Aqui onde eu moro, a cada dia aparece mais uma, duas agências. A concorrência cresce, os preços caem, e conseqüentimente os salários caem junto. (Ou pior, demitem o cara de 5 anos de casa, e colocam no lugar dois estagiários, que somando, não recebem nem metade do que o demitido recebia)
    Enfim, tenho minhas dúvidas se o aumento de empresários diminuiria o desemprego.
    Porém uma coisa eu concordo: Falta ensinar pro povo o que acontece por baixo dos panos. E eu achei que ia ler isso aqui! 😀

  8. Concordo com gênero, número e grau. No Brasil, dificilmente se ensina a pescar. O peixe é dado na boca do brasileiro, que se acostuma e pedi-lo. O espírito empreendedor é uma virtude de poucos.

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