Quanto deve custar uma faixa de música? A indústria fonográfica considera que R$ 15 é um preço justo. Já o consumidor, acha que isso é caro.
Algumas empresas inovadoras já oferecem cada uma a preços que variam de R$ 1 a R$ 3. É uma queda de braço mundial e já ganha contornos de filme policial classe B.
Vejam as seqüências:
Cena 1 – Rio de Janeiro, agosto de 2003. Um homem entra em um cibercafé, baixa alguns arquivos em MP3, os copia em CD, pede a nota fiscal e vai embora. Dois dias depois, a polícia especializada em pirataria invade o lugar e leva a máquina. O homem é advogado a serviço de uma gravadora. Criou a armadilha contra o dono do estabelecimento e entregou às autoridades as “provas” de ilegalidade.
Cena 2 – Nova York, setembro de 2003. Uma adolescente americana de 12 anos passa as tardes falando no ICQ, escrevendo e–mails, pesquisando na internet e baixando músicas. Sabe, pela televisão, que está sendo processada pela indústria fonográfica por usar software do tipo Kazaa.
A indústria dos CDs contra–ataca com sangue na boca. Querem, inutilmente, tapar o sol da tecnologia com a peneira dos tribunais.
Alguns fenômenos sociais são quase impossíveis de serem combatidos quando os ditos infratores não consideram crime o que fazem.
Deixa de ser a luta contra uma quadrilha organizada e passa a movimento político de desobediência civil, mesmo que desorganizado.
Estamos no século no qual se escolhe no balcão o tempero do prato de lazanha, o restaurante a quilo oferece da picanha ao sushi e as prateleiras do supermercado o café forte, fraco, com ou sem cafeína.
O consumo é de massa, mas pretende atender a individualidade de cada um. É a revolução digital que levanta a bandeira: comodidade, opção de escolha e preços compatíveis.
Não existe nada menos século 21 do que um CD com 15 faixas, das quais você quer escutar apenas duas, a um custo que beira os R$ 30. Ou seja, R$ 15 cada uma delas.
A lógica não desce pelos cabos dos modems dos usuários e desperta o espírito empreendedor de algumas empresas.
Vejam o caso da Apple que oferece 200 mil canções para serem baixadas no iTunes a R$ 3 cada. Ou a brasileira iMusica, com faixas por R$ 0,99.
O que já ocorre, independentemente dos processos em curso na Justiça, é uma nova forma de comercialização de música com mil variantes.
A ditadura do CD sem opção de escolher as faixas será apenas uma das alternativas e será cada vez menos utilizada. Surge, assim, a nova geração do MP3, como nunca, eclética no gosto musical e pronta para o consumo maciço de um produto que ainda será criado.
Não se defende que não se pague nada, até por que a qualidade do que você baixa da rede e o trabalho que dá tornar tudo comodamente audível realmente não compensam para uma larga faixa de consumidores.
Processam, assim, os futuros clientes e perseguem os próprios canais de divulgação. Miram para todos os lados, mas só conseguem acertar nos próprios pés. Deve ser um desconhecido tipo de marketing. [Webinsider]
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