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O ataque da música online – parece até título daquelas fitas de filmes B de décadas passadas, mas o propósito é esse mesmo. Enquanto o assunto for MP3, grandes gravadoras ou música online, deveremos assistir durante alguns anos a algo que se assemelhe a um épico de ação ou ficção cujo final ninguém saberá mesmo decidir, se é que haverá decisão.

Particularmente, acho que não. Mas, bem que poderia ser melhor a situação. As boas idéias por trás dos softwares P2P, as ações dos usuários em busca de canções novas e novidades para suas coleções, de graça, e as lojas virtuais montadas por grandes corporações para delimitar e lucrar nesse segmento são os protagonistas de uma batalha infinita à primeira vista.

Recentemente, a onipotente Recording Industry Association of America (RIAA), que reúne nos Estados Unidos as maiores gravadoras do planeta (as tais majors), entrou na justiça contra centenas de usuários, que seriam acusados de compartilhar centenas de canções pela internet sem copyright. Ou seja, sem permissão, tal como fazemos aqui no Brasil e como é feito em qualquer parte do globo.

A ignorância, nesse caso, é que a tal associação, famigerada por acabar com os milhares de internautas ávidos por música que baixam milhões de arquivos em MP3 por minuto nas redes de compartilhamento P2P, como o Kazaa e o Grokster, nem percebe que poderia usar sua inteligência de mercado e tentar descobrir os gostos e anseios de quem passa boa parte de seu tempo conectado, fazendo downloads.

É um desperdício de informação, uma opção pelo eterno desejo de descobrir novas formas de aumentar os aparatos de proteção antipirataria, de evitar que a música vá para a web e de impedir que seja, enfim, trocada.

Perde–se um tempo impassível, sem qualquer iniciativa para analisar as informações de maneira que sejam aproveitadas em novas oportunidades de negócio, melhores campanhas de marketing e menos artifícios, como faixas secretas, dvds–bônus e cd–rom.

Ainda assim, manchetes edificantes como “a International Federation of the Phonographic Industry (IFPI) diz que sua campanha sobre a troca ilegal de música online está funcionando” ou “a Côrte americana diz que os métodos da indústria da música para encontrar quem faz trocas de arquivos não são permitidos por lei” são comuns na imprensa americana e na Europa. Puro nonsense. A sensação, no fundo, é a de que nada mudará tão cedo no cenário da música digital e do mp3 de forma geral enquanto as práticas mercantilistas dos grandes grupos culturais–musicais do mundo se mantiverem em primeiro plano, em detrimento à inteligência e ao entendimento desse novo momento por que passa a humanidade.

Para ir mais longe, não mudará mesmo enquanto esses mesmos grupos derem as regras de mercado, permanecerem com o poder que têm e ampliarem seus tentáculos sobre todas as áreas de interesse cultural que existem – tv, rádio, jornal, revista, cinema e internet. Para entender mais, basta começar a “ler o rótulo”, literalmente, de tudo o que consumimos. Está lá, em pequenas letras. Trágico e verdadeiro.

No entanto, é possível que haja luz nesse imenso buraco negro digital que é a música pela web. Justificando a fama de inovadora, a Apple é a responsável pela melhor criação e estratégia nesse setor, com os gadgets iPod e, a reboque, a loja virtual iTunes. Inteligente, Steve Jobs, o CEO da empresa, entendeu que, embora haja pirataria nesse nicho musical, o melhor é não confrontar, mas sim criar.

Assim, se você tem um iPod, por que não acessar a loja de venda de músicas iTunes e comprar umas canções para recheá–lo? De quebra, haja merchandising – como o atual rapper da moda 50 Cent aparecendo no clip de uma de suas canções com um aparelhinho na mão – e relacionamento com o consumidor, possivelmente a receita simples para o crescimento do negócio, hoje já com cerca de 70% do mercado legalizado de música online e milhões em vendas. Enquanto isso, nas redes do Kazaa, a coisa também vai muito bem, já que o programa tem mais 17 milhões de usuários só nos EUA e Europa, deixando nas entrelinhas a mensagem dos excluídos e perseguidos: music for free!

Enfim, a escalada da música, legal ou não, via web está apenas começando, como demonstram os novos players nesse mercado de imenso potencial e lucros. Os nomes são de velhos e conhecidos “mamutes” em suas áreas de atuação que decidiram fazer da nova empreitada um fortalecimento de suas marcas e uma forma de comunicação com o público esclarecido (e endinheirado) da internet. Atenção para a chamada: Amazon, Dell, Hewlett–Packard, Wal–Mart, Pepsi e Coca–Cola. É desta última uma das criações mais interessantes dentre as novas, com o site MyCokeMusic.com, que oferece mais de 250.000 músicas e começou há pouco na Inglaterra. O pulo do gato é unir promoções na embalagem do refrigerante com os downloads legalizados sob a mesma marca.

Se tudo isso sobreviverá ao aumento de invenções de programadores dispostos a deixar tudo como está atualmente, gratuito e liberado em redes de compartilhamento, como, além dos já citados Kazaa e Grokster, eDonkey, Emule, Blubster, WinMX e Soulseek, só o tempo poderá dizer. Todos estão a postos e talvez a única certeza seja apenas uma: a guerra continua! [Webinsider]

Avatar de Alexandre Bobeda

Alexandre Bobeda (@dezbloqueio) é redator, professor, designer instrucional, autor publicado. Criou o dezbloqueio conteúdo & ideias.

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