Solução da Unicast vai testar o vídeo spam

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Ricardo Cavallini

Na última semana, um novo formato de publicidade na web foi divulgado em várias publicações especializadas como Meio & Mensagem e caderno Propaganda & Marketing. Apesar do meu desejo por uma solução que permita utilizar o vídeo como ferramenta de marketing, é decepcionante como o tema vem sendo tratado pela mídia, através da tradicional transcrição de press releases cheio de erros.

Antes mesmo dos erros técnicos, um ponto me incomoda muito – o fato de clientes e agências que estão participando desta iniciativa continuarem sem entender a internet e empurrarem o que produziram para a mídia tradicional achando que isso vai funcionar.

Não é só o fato de entender que comerciais de televisão ou anúncios impressos não funcionam para a web, mas aprender que o internauta não é passivo e não se comporta da mesma maneira que se comportaria na frente de uma televisão.

Empurrar um vídeo para o usuário sem que ele tenha pedido por este download é uma prática arriscada. Este download não será bem recebido, pois vai concorrer com qualquer outro download que o usuário esteja fazendo (como a própria navegação em outros sites ou download de um mp3 por exemplo).

Resumindo, em linha discada isso vai fazer muita diferença e em banda larga também, visto que agora a maioria dos provedores de acesso de banda larga cobra por tráfego. Como é muito difícil barrar o vídeo, se este formato realmente pegar ele será tratado pelos internautas com o mesmo asco e ódio que o spam e aqueles malditos spywares que se instalam em seu computador sem o seu consentimento (como o já famoso e odiado Gator).

Mas deixando de lado as questões conceituais, vamos aos erros que foram divulgados nas matérias publicadas:

1. É um formato novo. Errado. Tirando o fato de carregar em background, que também não é bem uma novidade, o vídeo utilizado pelo Unicast está no formato Windows Media Player, que já está na versão 9 e que já tem concorrentes há mais tempo no mercado, como o Real e o QuickTime, da Apple.

2. Os filmes online hoje utilizam a tecnologia Flash. Errado. Os vídeos online hoje utilizam várias tecnologias, entre elas o Macromedia Flash e o próprio Windows Media Player, produzido pela Microsoft e usado na solução da Unicast.

3. Você não precisa baixar nenhum software adicional. Errado, você precisa do Java Virtual Machine e do Windows Media Player. É verdade que ambos já estão instalados em muitos computadores, mas muitos não estão com a versão atualizada e precisam de instalação. O cenário é exatamente igual ao Flash, com a diferença que o Flash está presente em mais equipamentos que o Windows Media Player.

4. Outros formatos não comportam maior resolução. Errado. Os outros formatos aceitam resoluções maiores sim, tanto no sentido de largura e altura como no sentido de quantidade de quadros por segundo. Outros formatos também proporcionam a opção de download total do vídeo antes do play ou de tocar via streaming.

5. A qualidade é a mesma ou parecida com a da TV pois tem a mesma largura e altura e mesma quantidade de quadros por segundo. Errado, o vídeo pode ter tudo isso e continuar com a qualidade degradante da maioria dos vídeos que assistimos na web, e infelizmente este é o caso do formato Unicast.

Outra coisa, existem muitas empresas com ótimos recursos de profissionais e investimento financeiro há muitos anos trabalhando na evolução de compressão e distribuição de vídeo, entre elas gigantes como Apple e Microsoft. Seria praticamente um milagre a Unicast conseguir trazer um salto nesta evolução, mesmo porque, se isso acontecesse, não seria necessário abrir uma empresa para vender propaganda, visto que tal tecnologia seria útil para um enorme número de empresas e serviços.

Entenda mais sobre a compressão de vídeo

Explicando melhor esta questão, quando utilizamos o termo qualidade de vídeo, na verdade estamos falando do resultado de uma soma de fatores como largura e altura da imagem (geralmente medido em pixel ou em linhas), quantidade de quadros por segundo (a TV tem 30), quantidade e fidelidade de cores e – por último mas não menos importante –, a quantidade de informação ou detalhes contidos no vídeo. A combinação de largura e altura com a quantidade de informação também é conhecida como resolução.

E por que vídeo sempre foi um problema na internet? Para entender basta comparar um vídeo a uma fotografia. Se o vídeo tem 30 quadros por segundo e dura 10 segundos, significa que, na prática, ele tem 300 (30×10) imagens em seqüência, que aos olhos do observador dão a impressão de movimento, assim como acontece com a película do cinema. Neste caso, o vídeo ocuparia um espaço 300 vezes maior que a fotografia de mesma largura e altura.

Esta diferença faz com que o arquivo do vídeo seja maior, o que causa demora no tempo de download, ocupa mais espaço no disco rígido do computador e até mesmo requer mais processamento de vídeo do computador, que precisa mostrar (neste caso) 30 imagens em um segundo de maneira suave para não incomodar o espectador.

E por que não usamos um programa como o Winzip? Muito utilizado para comprimir arquivos para download, ele é um método de compressão sem perda, ou seja, você pode comprimir e descomprimir um arquivo que o resultado final será exatamente igual ao original, não existe perda de informações e consequentemente perda de qualidade. Mas métodos de compressão sem perda não têm velocidade para comprimir e descomprimir o vídeo em tempo real.

É por isso que surgiram os métodos de compressão com perda de qualidade. Cada método de compressão e descompressão utiliza uma fórmula diferente, mas o objetivo de todos é fazer com que a perda de informação seja menos perceptível para o espectador.

Graças a esta perda de informação na prática você pode ter uma imagem do tamanho da TV (640×480 pixels), com a mesma quantidade de quadros por segundo (30), mas ter uma péssima qualidade de imagem.

Isso não vale somente para a web. Basta assistir canais da TV a cabo Net para perceber que em algum momento eles utilizam compressão com perda. Veja o canal Sony em vídeos com muito vermelho e cenas de ação rápidas e você vai perceber a queda de qualidade.

Quem trabalha com mídia impressa já aprendeu isso muito bem. Todos sabem que uma imagem que está grande na tela do computador pode não ter a resolução (quantidade de informação) necessária para imprimir um impresso do mesmo tamanho em largura e altura.

Algumas compressões são indicados para determinados tipos de vídeo, da mesma maneira que o JPEG é mais efetivo para fotografias e o formato GIF é mais indicado para imagens com cores chapadas. Por exemplo, uma compressão feita para vídeos com pouco movimento (como um apresentador falando direto para a câmera) seria bem menos efetiva no caso de um vídeo com cenas rápidas de ação.

Enfim, traduzir press releases é fácil, mas este não é o papel dos jornalistas de verdade. [Webinsider].

Artigos de autores diversos.

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