O telefone toca e é um querido cliente, chamando a gente para um novo e eletrizante desafio: uma campanha online!
O que vem na cabeça de imediato é aquela sensação gostosa: fazer campanha online é um barato, um enorme desafio. A gente lembra de todas as peças legais que já fez, do retorno que isso pode trazer para o cliente, das fronteiras para explorar, imagina, até em prêmio dá pra pensar.
Entendemos o briefing e fazemos um primeiro levantamento de formatos. Queremos alguma coisa diferente, sempre melhor. Tem novidades tecnológicas todo dia!
A possibilidade de canais e segmentação é extraordinária. Podemos determinar não somente quando, como e onde, mas quantas vezes mostrar a peça para que tipo de pessoal. Dá para gerar banner personalizado com o nome da pessoa, relatórios super detalhados, saber quem viu, quem clicou, que se interessou, quem comprou. Um mundo de coisas legais e diferentes que o anunciante só consegue ter na internet.
Montamos o plano de mídia, definimos as exposições e os canais, detalhamos investimento. Desenvolvemos o conceito criativo, os complementos e desdobramentos de campanhas de outras mídias, o diferencial do meio online, ‘Houston, we’re go to go’.
É hora de montar a planilha de produção determinando a finalização das peças para cada canal.
Trabalhando com uns quatro veículos, média de três canais por veículo, começa o nosso calvário. Cada um dos 12 canais poderá ter uma especificação diferente. Cada uma das 12 peças, sendo adaptada, reproduzida e reprogramada para atender as diferenças dos canais e dos veículos.
O que deveria ser um simples banner, rápido de se produzir, testar, substituir, acaba entrando em um processo de produção e finalização, demorado, custoso e, muitas vezes incompreensível para o cliente.
Para uma simples criação, praticamente 12 finalizações!? Medidas, duração, peso, clicktags, versões em GIF, Como pode um banner dar tanto trabalho!?
Ok. É o preço do pioneirismo. Vamos lá.
Para se finalizar corretamente cada peça são necessárias instruções. Onde estão? Impossível de se encontrar no site, muitas vezes impossível de se fazer um contato telefônico ou por e–mail para falar com alguém do veículo. Muitas vezes está online, mas seguimos o que está escrito e o veículo manda de volta a peça, depois de finalizada, por que está errada. Como está errada? O site está desatualizado! Ok, mandem o manual pelo e–mail. Seguimos as instruções que vem pelo e–mail. O script do clicktag está errado no manual!
Ok, então, depois de algumas semanas em produção, a gente acaba montando nossa própria biblioteca de manuais CORRETOS (o que só vale até a próxima campanha, quando os veículos certamente vão mudar alguma coisa sem avisar) e conseguimos, com muita dedicação, evitar ao máximo problemas de finalização.
A campanha no ar, é hora de fazer a aferição dos resultados. Recebemos as senhas para os adservers de cada veículo. OY VEY! Aqui vamos nós outra vez. Cada relatório em um formato, nomenclatura diferente, links que não funcionam, criações que não aparecem, sistemas que não exportam informação para um formato planilhável, fazendo com que a gente tenha que gastar ainda mais tempo, tentando dar um padrão para aquilo que deveria ser online e em ‘realtime’ ficar apresentável e consistente para o cliente.
AAAARRRRGGGGGHHHHHHHHHHHH! Gente, pára tudo, peloamordedeus!
Nosso principal modelo de receita para veículos na internet ainda é a receita publicitária. Para as agências e produtoras interativas, desenvolver campanhas é ótimo, portanto. Muitos clientes acreditam na internet e em seu potencial. Mas o que estamos oferecemos em troca?!
Sem entrar na discussão dos pesos permitidos e do que se pode fazer com isso (este é um desafio para o criativo), quando finalmente conseguimos trazer mais um novo anunciante para testar o online, nossa vida se transforma em um inferno para conseguir fazer com que a simples campanha do simples banner não traumatize nosso cliente para sempre.
Sim, é tudo muito novo, cada veículo procura oferecer o melhor para seu anunciante, cada adserver procura ser uma melhor solução de informação, cada formato novo procura oferecer mais atratividade, mas o que parece é que estamos caminhando sem rumo feito barata–tonta e isso é terrível para quem anuncia, quem cria e quem produz.
É FUNDAMENTAL que a gente se organize e caminhe junto para uma maior padronização em todos os aspectos da ‘atividade’ de se anunciar online. Precisamos de padronização de formatos sim, mas mais do que isso, precisamos de formatos de finalização únicos e simplificados, relatórios de campanha padronizados, manuais técnicos para finalização online, atualizados de fácil acesso.
É FUNDAMENTAL que veículos, agências e produtoras se aproximem mais e se ajudem mais.
É FUNDAMENTAL receber de braços abertos toda e qualquer intenção de anunciar online. Esta experiência precisa ser prazerosa e principalmente proveitosa, para todos os envolvidos.
Está tudo ai: veículos querendo anunciantes, clientes querendo anunciar, agências e produtoras querendo anunciar. Temos até a AMI de mangas arregaçadas para ajudar na organização.
Vamos? [Webinsider]
Michel Lent Schwartzman
Michel Lent Schwartzman (michel@lent.com.br) é um empreendedor serial e especialista em marcas e negócios digitais, com sólida experiência em acompanhar carreiras e aconselhar empresas. Pioneiro na indústria digital, é formado em Desenho Industrial pela PUC-Rio e mestre pela New York University. Ao longo de quase 30 anos, fundou e dirigiu agências e atuou como CMO em grandes fintechs, além de prestar consultoria para diversas empresas globais
2 respostas
legal
Veja bem, artigo de 2004.
Passaram-se 4 anos e nada mudou, não há a padronização, as campanhas só cresceram, o número de anunciantes só aumentou e não é só a criação que continua a sofrer com tudo isso.
Nós, da área de operações, somos, sem dúvida nenhuma, quem mais sofre com essa bagunça, infelizmente é algo que não vejo ter fim, dezenas de Adservres, dezenas de modelos de Clicktag, Centenas de Reports, um caos.
Mas uma frase, de um grande amigo meu pode resumir toda essa história: Não faça de seu atraso a minha urgência! Planeje-se!
Abraços.