Formigas
Um formigueiro é composto por milhões de unidades, leia–se formigas, porém cada uma com uma capacidade bastante limitada de realizar tarefas. Uma formiga não possui muitas capacidades, executando um número restrito de ações de orientação, alimentação, defesa, etc. Apesar de “processar” poucas informações, as formigas trocam dados sobre suas tarefas com suas vizinhas, formando uma grande rede. Esta interação de milhões de unidades, resulta no entanto em uma sistema ágil, eficiente e inteligente, que faz do formigueiro como um todo um sistema sofisticado, com alta capacidade de reprodução, modificação e sobrevivência – apesar da simplicidade de cada formiga individualmente.
A idéia
Agora imagine um pequeno computador, do tamanho de um grão, com capacidade de processamento limitada, mas o suficiente para realizar apenas umas duas ou três tarefas, como por exemplo detectar temperatura, movimento e localização. Agora imagine dezenas, centenas ou mesmo milhares destes minúsculos computadores se comunicando de forma wireless (sem fios), passando informação a seus vizinhos, todos entre si formando uma rede. Ao mesmo tempo um centro de controle, com um poderoso e sofisticado computador fora daquele espaço, monitorando a interação desta rede, colhendo suas informações e chegando a conclusões e ações relevantes – que gerem decisões inteligentes.
Este conceito tem sido chamado de “redes sensoriais” e, apesar de estar ainda em fases iniciais, não tem nada de ficção científica. As redes sensoriais têm aplicações altamente práticas e já estão sendo testadas ou usadas por empresas de diversos setores – e mesmo por militares.
Na real
A revolução dos sensores está começando com por exemplo, redes de varejo usando minúsculas placas na embalagem de seus produtos nos centros de distribuição (depósitos). Estas pequeninas placas são uma evolução do famoso “código da barra”, e que agora respondem a freqüências de rádio, num sistema chamado de RFID (Radio Frequency Identification). Assim, o inventório e logística do estoque pode ser controlado em tempo real, tanto nos CDs (Centros de distribuição) como no deslocamento dos produtos até os pontos de venda. Mais que isso, o produto pode ser monitorado durante e após a compra, revelando informações preciosas sobre os hábitos do consumidor. Um sistema como esse não só pode prover informações de marketing de varejo valiosas, como aumentar a eficiência do controle de estoque ao mesmo tempo reduzindo custos significativamente.
A prova pragmática desses benefícios é que o Wal-Mart, a maior empresa e rede de varejo do planeta, anunciou recentemente que seus fornecedores deverão estar compatíveis com o sistema RFID até 2005.
Tudo leva a crer que esta sinalização da Wal-Mart ao mercado é o começo da proliferação massiva de pelo menos uma das aplicações das redes sensoriais. Qualquer empresa que lide com estoque pode usar o sistema, e mesmo animais vivos podem ser controlados via sensores com RFID (pecuária, granjas etc.).
Se os sensores forem ligeiramente mais capazes em software e com uma pequena força computacional, as aplicações das redes sensoriais são ainda mais promissoras. Podemos ter prédios controlados por sensores distribuídos por sua estrutura, monitorando temperatura, sistema hidraúlico, circulações etc.
Áreas inteiras podem ser monitoradas através de sensores espalhados pela geografia, permitindo uma coleção e monitoramento da informação com fins de, por exemplo, um saudável controle do ecosistema – ou mesmo para fins militares, para controle dos movimentos de tropas e veículos.
Desafios
As redes sensoriais despontam naturalmente questões conceituais, como a invasão da privacidade, e questões técnicas, como suprimento de energia para os sensores (baterias que devem durar anos) e software e hardware em escala micro. A Intel tem um projeto junto a Universidade da Califórnia em Berkley para o desenvolvimento de um sistema operacional que funciona com menos de 8kbytes de memória.
Nas ultimas décadas toda a correria competitiva tem sido por alguns computadores mais e mais sofisticados e poderosos. Nos próximos anos, a competição também será por computadores extremamente simples e minúsculos – e reproduzidos aos bilhões.
As redes sensoriais prometem uma expansão da internet em proporções impensáveis. A rede pode em última instância cobrir todos os ambientes do planeta com simples porém minúsculos computadores que recebem, processam e transmitem dados. Quando pensamos que estamos atingindo alguma maturidade, percebemos que estamos apenas engatinhando…
[Webinsider]
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Marcello Póvoa
Marcello Póvoa (mpovoa@mppinterativa.com) é fundador e diretor executivo da MPP Interativa.
Uma resposta
O Sr é um profeta, agora em 2010 acontece exatamente isso que foi escrito, estão criando um algoritmo que leva em consideração a carga da bateria de cada sensor, na hora de transmitir uma informação. Parabens.