Não é novidade que as mulheres vêm tomando cada vez mais espaço em diversas áreas até pouco tempo exclusivamente masculinas, como tecnologia e informática, construção civil e administração de (grandes) empresas e multinacionais.

Em conversa com uma jornalista amiga minha, concluímos que isso se deve ao passado histórico da mulher. Sempre fomos instruídas e criadas não somente para cuidar, mas cuidar de muitas coisas e todas ao mesmo tempo, em diversos tipos de coisas. Desde cuidarmos de nós mesmas em problemas tipicamente femininos, até cuidar da casa, filhos, marido (esses dois cada vez menos, por sinal), despensa, orçamento doméstico…

Tudo isso ao mesmo tempo, durante séculos, fez com que desenvolvêssemos naturalmente uma qualidade tipicamente feminina: sermos multitarefa, igual ao Windows! E essa característica de assumir muitas coisas ao mesmo tempo faz toda a diferença no mercado de trabalho atual, em que as empresas contam com uma estrutura cada vez mais enxuta.

Mas voltando aos bifes, essa característica de planejar e executar muitas tarefas ao mesmo tempo, além de fazer muita diferença no mercado de trabalho atual, ainda determina o tipo de jogos que as mulheres preferem. Não, não estou falando de joguinhos como falar do relacionamento – isso seria legal ficar com os homens na verdade, pois já temos tarefas demais para cumprir – mas sim dos jogos de computador e de consoles como Playstation ou X–Box. Enquanto os homens adoram jogos de dirigir ou metralhar alguma coisa, as mulheres têm preferência pelos jogos de estratégia e inteligência.

Não que os jogos de tiro e velocidade não necessitem de estratégias e inteligência, só que nesses casos elas são determinadas pela velocidade das ações em jogo, como quando atirar ou quando fazer a curva. Como aprendi na aula de psicologia, deve ser a tal racionalidade masculina. Nada que precise ser tão planejado como os jogos preferidos pelas mulheres. Jogos em que a quantidade de erros deve ser minimizada ou todo o jogo pode ficar comprometido – algo em comum com a vida real.

Tenho poucas amigas jogadoras, mas sei que a porcentagem mundial de mulheres que jogam em computadores chega a quase 50%, somando desde o prosaico jogo de paciência (que temos de monte) do Windows até o recente Age of Mithology, passando pelo Civilization (onde se conta com toda a diplomacia feminina para jogar) e The Sims – o primeiro jogo de computador que comprei, após passar até 16 horas por dia jogando o de um amigo. Hoje tenho a coleção completa do jogo e espero ansiosamente pelo The Sims 2.

O interessante é que estes jogos não foram desenvolvidos exclusivamente para o público feminino – muitos homens o jogam, aliás -, mas é interessante perceber esse perfil de jogo como favorito, para o desenvolvimento de novos jogos e aplicativos voltados para as mulheres, algo que acredito ser um mercado ainda pouco explorado. Talvez pela falta de informação, já que as estatísticas mostram que as mulheres jogam. Literalmente. [Webinsider]

Maira Costa

Maira Costa (maira.costa@thinktwice.com.br) é Diretora de Planejamento da Thinktwice Marketing de Inovação.