Inquestionavelmente, a internet despontou como o maior canal de distribuição para mercadorias, serviços e trabalho e tem mudado profundamente estruturas econômicas e industriais, assim como produtos, serviços, empregos e pessoas.
A edição de 2004 da pesquisa FGV–EAESP de comércio eletrônico no mercado brasileiro identificou que a consolidação do comércio eletrônico nas empresas já pode ser considerado bastante avançada.
Dick Morris, no livro Jogos de Poder, explica como grandes políticos do mundo moderno utilizaram novas tecnologias para potencializar seus objetivos. Exemplos de sucesso são Roosevelt com o rádio e Kennedy com a televisão. Entretanto, usar o canal não é o bastante. É necessário entender o canal.
Conceitos e classificações
E–business, ou negócio eletrônico é uma definição mais ampla de comércio eletrônico que inclui a compra e venda de produtos pela internet, atendimento a clientes, colaboração com parceiros de negócio e a coordenação de transações comerciais organizacionais internas. Contudo, quanto à interação, e–business pode ser classificado em:
B2c(business to consumer): transações caracterizadas pela compra de produtos a partir de lojas virtuais. Compras de livros e CDs são exemplos tradicionais.
B2B (business to business): é caracterizado por transações efetuadas diretamente entre empresas. Um exemplo seria o disparo de um pedido de compra diretamente no fornecedor, feito pela empresa cliente.
B2B2C (business to business to consumer): consiste em ter um atacadista que vente para o distribuidor, que por sinal vende para o consumidor final, naturalmente no meio digital.
C2B (Consumer to business): Indivíduos usam a internet para vender seus próprios serviços. Um exemplo seria uma pessoa física em busca de uma nova oportunidade de trabalho, enviando seu currículo para diversas organizações.
m–commerce: caracterizado por negócios eletrônicos gerados a partir de dispositivos móveis, como o telefone celular. Ingressos para filmes, entradas para teatro já estão disponíveis. Com a chegada dos aparelhos coloridos com suporte a vídeo, o usuário passa a possuir outras opções de compra de serviços que não sejam jogos e ringtones. Vídeos, papéis de parede e outras formas de entretenimento também são vendidas para estes aparelhos.
C2C (consumer to consumer): os clientes compram e vendem diretamente de outros clientes, por meio de um espaço comum. Sites de leilão eletrônico são exemplos desta natureza.
B2E (business to employee): as organizações podem utilizar a internet como canal direto com seus próprios empregados. Portais departamentais e intranets são exemplos de iniciativas deste tipo.
e–learning: é a utilização do ciberespaço para ampliação do conhecimento ou a realização de treinamentos formais virtuais. Têm sido uma área em expansão no Brasil.
e–governement: o governo, enquanto entidade, compra produtos e serviços eletronicamente.
Diante destas classificações, a equipe responsável por estes projetos enfrenta uma série de desafios, que são determinantes para o sucesso da aplicação.
Desafios
Toda equipe envolvida em um projeto de e–business deve estar atenta para os fatores críticos proporcionados por esta abordagem. Os desafios neste ambiente dinâmico podem ser classificados em cinco categorias:
Estratégico: os desafios devem ser observados em um horizonte de tempo de médio ou longo prazo. Assim, o cuidado com a tecnologia é fundamental, assim com esclarecer a missão, os objetivos, e o método utilizado pelo projeto. Um plano de negócio é o melhor instrumento para reunir todas as preocupações relacionadas a este problema e esclarecer qual será o modelo de negócio adotado.
Gerencial: reunir a equipe com as pessoas certas é, em dúvida, o maior desafio gerencial. Além de ter que vender a idéia para a alta direção, o gerente de projeto deve dedicar atenção específica na formação da sua equipe. Pessoas de marketing, ciência da computação, psicologia (para análise do comportamento), administração, finanças e economia são indispensáveis em qualquer equipe.
Marketing: divulgar o produto é essencial e hoje os mecanismos de busca se tornaram a porta de entrada para os usuários. O Google domina 41% das buscas na internet, seguido pelo Yahoo e pelo MSN. Aparecer nas primeiras posições por buscas por seu produto, seja ele mercadoria ou serviço, é essencial.
Tecnológico: escolher qual a tecnologia a ser utilizada pauta a necessidade de recursos para a manutenção. A equipe deve sempre considerar soluções já existentes, de preferência de código aberto, e trabalhar em adaptações para o seu ambiente.
Financeiro: como medir o risco envolvido em um projeto de e–business? Pessoas, tempo e tecnologia são exemplos importantes de fatores de risco. Os modelos financeiros disponíveis como o CAPM e APV quase sempre se demonstram ineficientes. O mais indicado seria o uso de redes neurais, da inteligência artificial. Para tanto, além de conhecimento matemático, é necessário ter a disposição uma série histórica de indicadores de projetos similares, usados na “calibragem” a rede.
Tendências
Modelos de negócio baseados em propaganda já entraram em colapso há algum tempo. Entretanto, atrair a audiência é uma estratégia interessante, principalmente para as empresas de serviço, e o conteúdo é o ponto chave.
Com a atual geração de mecanismos de busca, quase todo o conteúdo de um site é indexado, e a importância deste site (o pagerank no Google) determina se a empresa vai aparecer “bem” ou “mal” em mecanismos de busca. Pesquisas recentes apontam que mais de 90% das pessoas não passam das dez primeiras opções recuperadas pelos mecanismos de busca em uma consulta. Empresas especializadas em marketing em máquinas de busca estão surgindo rapidamente.
Para as empresas que vendem produtos físicos, a estruturação dos dados na internet é uma ameaça.
Atualmente é necessário um grande esforço por parte de um agente inteligente (e, conseqüentemente, do programador deste) para recuperar um preço em uma página web, a fim de fazer comparações com outros sites. Entretanto, com a web semântica e o aumento do uso de xml, haverá uma explosão de agentes, ou robôs, varrendo sites na web e comparando preços, (no que diz respeito ao setor comercial) ou extraindo informações de sites jurídicos ou do Diário Oficial (no que diz respeito ao setor de serviços). [Webinsider]
Referências
Rezende, Bruno. Marketing em máquina de busca (Search Engine Optimization).
Efraim Turban, David King. Electronic commerce 2004: a managerial perspective. 3. e. New York: Prentice Hall, 2004.
FGV / EAESP. Comércio eletrônico no mercado brasileiro (documento PDF do site da fundação).
Fernando Parreiras
<strong>Fernando Parreiras</strong> é mestrando em Ciência da Informação pela ECI/UFMG e membro fundador do NETIC (Núcleo de Estudos em Tecnologias para Informação e Conhecimento). Mantém um <strong><a href="http://www.fernando.parreiras.nom.br" rel="externo">site</a></strong>.