Garimpando informações abandonadas na web

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Alexandre Bobeda

Recentemente, no trabalho, fiz uma pesquisa na internet, usando o Google, com as palavras–chaves “e–learning classroom”. Pesquisava para uma tarefa que precisava ser feita e era algo normal. Entre outras coisas, encontrei um ambiente virtual de educação a distância, o chamado LMS (de Learning Management System), completamente aberto, desprotegido, para quem quisesse acessar. Todas as ferramentas do ambiente disponíveis; toda a forma de interação e planejamento de um curso online ao alcance de um estranho.



Uma grande surpresa para mim e, ao mesmo tempo, uma bela porta de entrada para hackers e outros seres mal–intencionados que circulam pelo mundo virtual. Além disso, um trabalho entregue de bandeja aos competidores do mercado.



Essa facilidade em conseguir pela internet, com um simples site de busca (não por acaso, muito usado pelos departamentos de inteligência de mercado) informações privadas me lembrou outro episódio curioso, ocorrido durante o início do MBA que fiz, em 2002.



Pesquisando no mesmo Google por técnicas de marketing, encontrei todo o plano de treinamento e endomarketing da rede de supermercados Zona Sul, do Rio de Janeiro. O material era completo, inclusive com cenas e comentários dos vídeos de motivação.



Imagine a maravilha que seria esse link para a concorrência! O professor da disciplina e a turma toda, na época, ficaram impressionados com o nível das informações encontradas. Poderia acontecer com qualquer empresa, até mesmo com as deles.



Coisas desse tipo parecem ficção, mas acontecem todos os dias, com muitas empresas – grandes ou pequenas. O mais grave é que os funcionários e nossos próprios colegas de trabalho, de forma geral, se mostram bem despreocupados com a forma de lidar com informações dentro das organizações.



Do modo como acontece hoje em dia, quase não se necessita de planos de inteligência competitiva minimamente elaborados ou mesmo de espionagem industrial em larga escala. As informações, não apenas os dados, estão por aí, para todos, em todos os momentos, em qualquer lugar. Basta saber a forma de encontrá–las. Para desespero dos super–competentes e esforçados, aqueles que realmente fazem, é um cenário perverso e cruel, cuja vantagem vai sempre para o mais habilidoso, em detrimento do “melhor” ou do “mais capaz”.



Igualmente preocupante é a forma como as pessoas ainda hoje, em um mundo tão esclarecido, lidam com as informações corporativas, descumprindo procedimentos básicos de segurança, como a escolha das senhas, ou deixando que terceiros compartilhem de acessos e permissões de perfis gerenciais – seja para completar uma tarefa ou para resolver pequenos problemas.



Com todos esses detalhes de (falta de) segurança conhecidos atualmente, é possível imaginar o pavor de um usuário de redes wi–fi, sem fio nem padrão definido, dentro de poucos anos, caso estas se tornem ainda mais populares.



Em um exercício livre de reflexão e uma boa dose de imaginação, cheguei à conclusão que a internet já deve estar começando a se tornar, em parte, um grande armazém virtual de “lixo corporativo”, no sentido de informação “descartável”, “não reutilizável”, como a plataforma de E–Learning que encontrei por acaso ou textos e materiais deixados online.



Parece que a procura e a mineração de informações divulgadas pela web e abandonadas pelas corporações, se tornará insumo que servirá de inspiração para novos projetos de novos players ou para crimes digitais cada vez mais sensacionais e fáceis de ser cometidos.



Provavelmente, em um futuro próximo, quando todas as defesas possíveis estiverem ativadas e o cerco ao roubo de dados ou aos furos tecnológicos forem minimizados, o maior diferencial poderá ser a educação, a ética e o compromisso, características inerentes ao fator humano.



Entender de que maneira lidar com informações confidenciais e compreender com exatidão o risco de deixá–las, mesmo que por descuido, à disposição dos concorrentes, deverá ser algo tão trivial quanto ligar e usar o computador. Ter consciência da coexistência intrínseca entre o mundo real e o virtual que nos rodeia será essencial. Afinal, saber em quem confiar e como fazê–lo talvez seja uma das maiores vantagens competitivas em um universo cada vez mais high–tech e ultra–sofisticado, com inversão de papéis e de protagonistas num piscar de olhos. [Webinsider]



Artigos de autores diversos.

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