Qualquer um que participe ativamente de criação e desenvolvimento de projetos de comunicação interativa, principalmente nos últimos dois anos, já deu de cara mais de uma vez com outdoors e busdoors com as famosas chamadas do tipo “Seja Webdesigner. Faça o curso X.” ou “Você também pode ser webdesigner na Y.”

Ao ver propagandas deste tipo, sempre solto um comentário metade indignado, metade irônico. Por que não “Seja médico, advogado ou engenheiro em poucas semanas”?

Nunca vemos coisas deste tipo deste tipo porque médicos, engenheiros e advogados – como designers e outras tantas profissões – são profissionais especializados, que dedicaram pelo menos cinco anos de estudo e outros não sei quantos de estágio, até se tornarem completos.

Obviamente todo esse tempo não garante a competência de nenhum deles, mas sem dúvida fornece a capacidade técnica de exercer a profissão. É interessante observar que de alguns anos para cá, a promessa de tornar–se webdesigner é tão corriqueira e banal que chega a ser vendida como propaganda de refrigerante. E as pessoas compram.

Talvez aí esteja a razão principal para que 95% do que vemos na internet hoje sejam projetos de comunicação completamente incomunicáveis (tomando emprestado o termo do meu colega Igor).

Em última análise, fazer webdesign (que termo desgastado!) é fazer design, o que não é possível sem conhecimento de história da arte, arte aplicada e estética. Em minha humilde opinião de designer e diretor de arte há anos na web, fazer webdesign é fazer comunicação na mais pura acepção do termo: é fazer entender.

E, se todos se lembram, o princípio básico da comunicação é a sinergia entre comunicador, mensagem, canal e receptor. Se um destes falha, não há resultado.

O webdesigner então tem um papel fundamental neste processo: ele é o responsável pela interface gráfica que vai possibilitar – na cabeça do usuário o fluxo das informações, da mensagem, através de imagens, símbolos, cores, tons, tipologia etc.

Ou seja, o webdesign – como o design – existe sempre como solução, como veículo de comunicação. Um meio, e não um fim em si próprio. Da mesma forma como é impossível conhecer e acertar o receptor da mensagem sem levar em conta tecnologia (a forma de viabilizar o projeto tecnicamente), marketing (a estratégia), planejamento (o método) e negócios (a viabilidade comercial).

Portanto, ao contrário do que muito se diz (equivocadamente), a eficácia ou a ineficácia de um projeto de comunicação interativa passa também pela qualidade – entenda aqui criatividade e funcionalidade – do projeto gráfico, da interface que o compõe.

Tudo isto vem antes do webdesign e com certeza é trabalho para especialistas. [Webinsider]

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André Xavier

<strong>André Xavier</strong> (andrexavier@verveinterativa.com.br) é designer.