Estou fazendo uma oficina de contos e tivemos uma discussão interessante na última aula.
Parte da turma considera que a profusão de novos autores na rede, com páginas pessoais, blogs e similares é positiva, pois da quantidade pode sair algo. Outros acham que estamos perdendo qualidade.
Fiquei a pensar sobre o tema.
A web, sem duvida, marca a democratização dos meios de produção.
Hoje, gratuitamente, qualquer um tem uma páina na rede, para apresentar idéias, fotos, contos, poemas, bobagens.
Ou seja, a palavra publicar deixou de ser sinônimo de “colocar no papel”, mas recuperou o sentido original. Publicar = tornar público (pela rede principalmente).
Mas, se por um lado, há a primavera virtual de idéias, na qual passamos a ter direito de florescer, por outro, os meios de divulgação continuam centralizados.
Tem–se espaço, mas ninguém sabe. Na real: existem muitas publicações, para poucos leitores!
Assim, os sem–jornais da década passada, passam a sem–público na atual. Desse novo fenômeno, temos, assim um grande esforço para transformar a página perdida em encontrada.
E, por mais que o autor tenha um relativo sucesso, muito raramente os sem–públicos atingirão a universalidade, a nacionalidade ou mesmo a regionalidade e, quando conseguem, é por um rápido instante. (Vide alguns blogs durante o 11 de setembro nos Estados Unidos, por exemplo).
Assim, os que publicam de forma alternativa na web são aqueles que resistem ao tempo, não se desiludem, constróem e se contentam com um pequeno publico, que pode ser apenas o marido ou esposa. Ou amigos, parentes, entre outros, principalmente, os vizinhos virtuais.
Assim, estamos entrando na cultura das micro tribos. Eis o lema: tenho 10 leitores, logo, publico!
O fenômeno já sai do âmbito da rede e chega também ao livro de papel.
Agora, no dia 8 de novembro, estarei lançando meu segundo livro de poesia. Vou imprimir apenas 50 exemplares para os meus convidados na noite de autógrafos.
Quem quiser mais um, imprime na mesma hora, serviço do Armazém Digital.
No meu primeiro livro de poesia, produção alternativa, ano passado, rodei 250 cópias, vendi metade disso. Gastei cerca de R$ 2.500.00, recuperei R$ 1.500,00.
Agora, no segundo, se vender os 50 livros ao preço de R$ 18, no lançamento, pago tudo e ainda ganho para pagar o saxofonista, que vou levar para ajudar no clima.
Mais em conta, sem dúvida. Ecologicamente correto, pela economia de papel, e culturamente uma discussão pra lá de interessante.
Em função disso, titulei o livro “Poemas para 50 leitores” para marcar essa nova fase. E chamar a atenção para o fenômeno.
O baixo custo e a flexibilidade vão estimular muita gente a lançar livros, teses, contos, romances.
Se temos todo esse lado positivo, por outro, além das páginas pessoais estamos entrando também na fase da multiplicação dos livros.
Arrisco a sentença: você ainda vai ser convidado para o lançamento de algum parente!
E a discussão retorna. Afinal, vamos perder a qualidade? Como achá–la no meio de tudo isso?
Eu arrisco dizer que as tribos virtuais (listas de discussão) já ajudam e vão nos ajudar bem mais, através de indicações do que é bom e o que não é. É o QIV – Quem Indica Virtual. Mas isso é um assunto para outro artigo. [Webinsider]
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Para os meus 50 leitores que quiserem comparecer:
Lançamento do livro:
Poemas para 50 leitores – face A
O Binóculo Russo (contos) – face B
De Carlos Nepomuceno
Dia 08 de novembro de 2004, 19 horas, no Armazém Digital.
Rio Plaza Shopping – Botafogo – Rio de Janeiro
O livro estará também disponível para compra na internet com entrega em casa.
Webinsider
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