Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Sérgio F. Lima

Em discussões religiosas básicas entre geeks, sempre se argumenta que a plataforma A é melhor que a B para um PDA, pois em A é possível fazer tudo que se faz no desktop, do mesmo modo.

Evidentemente que adotando este paradigma, a evolução da plataforma caminha para uma “miniaturização” do hardware, para que, enfim, você possa instalar seu sistema operacional preferido no seu PDA.

Uma pergunta a fazer é: seria isso realmente sensato? Nas próximas linhas vou tentar convencer o leitor que é preciso voltar ao estado nascente da computação portátil num PDA.

Se já temos no desktop e no notebook um bom poder de processamento e armazenamento, seria realmente sensato duplicarmos isso para termos um outro equipamento com quase o mesmo poder de processamento e armazenamento, só que com maior portabilidade/mobilidade?

Penso que seria mais sensato deixarmos o processamento pesado e o armazenamento completo de todos os dados que consideramos vitais para a nossa vida para o desktop ou notebook. Quando necessário acessar uma informação, ela é levada para o nosso dispositivo móvel, em um formato mais leve, de modo que não seja necessário nem muito processamento nem muita memória!

Ainda que você precise editar estas informações no PDA, o processo inverso também é possível, com a conversão sendo feita no desktop. O foco aqui, como quis demonstrar, é que não há inconveniente em fazer conversões no desktop, que em 98% dos casos tem capacidade de processamento ociosa, deixando o mínimo de processamento no PDA.

Com isso você pode ter PDAs com processadores mais simples com menos demanda de energia e consequentemente maior autonomia do equipamento, que, convenhamos, é um grande limitador dos dispositivos móveis.

O leitor, amigo da onça, poderia argumentar que, com tanta necessidade de trocas de informações entre o PDA e o desktop, perderíamos em mobilidade. O argumento é cada dia menos verdadeiro. Na medida que a comunicação sem fio se torna cada vez mais abundante, estável e acessível em termos de preço, o acesso às informações, em tempo real, é tarefa relativamente simples.

Mas e se eu precisar mostrar ao meu cliente como ficou aquele projeto? Aquela apresentação, aquele vídeo, onde a aparência é realmente mais importante que o conteúdo? Ora, a menos que o seu cliente esteja no meio do caminho entre a Lua e a Terra, sempre haverá um desktop por perto. E, se realmente isto é necessário, então você precisa de um notebook e não de um PDA!

Talvez seja uma pretensão de quem vos escreve fazer a seguinte afirmação: na grande maioria dos casos o importante é o conteúdo que queremos disponível no nosso PDA.

Por isso, a forma de apresentação é que deve ser adequar ao equipamento e não o contrário. Ou, como diriam os engenheiros, o foco é na solução e não no problema.

Isso é válido para vídeo, música e documentos com dados, com maior ou menor adequação. Não parece razoável que alguém queira levar toda sua dvdoteca com centenas de horas de vídeo no PDA. Ou levar a sua coleção completa de cânticos gregorianos no PDA. Com o aumento cada vez mais rápido das taxas de transmissão de dados, você poderá levar consigo o básico e baixar do seu repositório virtual sob demanda aquilo que necessitar.

Um exemplo hipotético de aplicação do paradigma

Vamos fazer um exemplo hipotético de um profissional que necessita escrever documentos técnicos ou profissionais, em viagem, usando o paradigma aqui defendido. No paradigma antigo ele desejaria ter um editor que, no PDA, produzisse um texto com a mesma aparência que teria se produzido no desktop. Tanto quanto possível, que este editor fosse uma réplica do que ele tem no desktop. Como ele vai precisar se concentrar no conteúdo e na aparência, sua produtividade diminui e ele precisa de um software mais sofisticado, consequentemente de uma máquina com mais poder de processamento.

Se ao invés disto ele considerasse que quem tem que processar o texto é o seu desktop, ele usaria no PDA um editor de texto puro, simples, com algumas marcações simples para estilo (bold, itálico etc.) e deixaria para o desktop a função de converter seu conteúdo para os mais variados formatos (web, impressão etc.).

Para tornar o exemplo mais realista, durante a viagem ele receba a informação de última hora de sua empresa: precisa produzir uma proposta para um cliente, onde a apresentação impressa é fundamental (o cliente é um gerente que acha marketing mais importante que aspectos técnicos, digamos).

Então na viagem ele escreve o conteúdo da proposta. Ao chegar ao aeroporto envia, via wi–fi, para seu desktop da empresa, com um parâmetro que faz com que seu script no desktop converta seu texto para pdf, com todos os embelezadores e aparência profissional.

Ao chegar ao escritório do cliente, ele baixa a proposta e caso não haja discordância a imprime para o seu cliente.

Se você acha que isso é ficção, a solução acima é possível, no PalmOS, por exemplo, usando txt2tags no desktop, com um script para ler um e–mail, enviar o arquivo para o programa (txt2tags) e finalmente enviar o arquivo de saída para um disco virtual. Tudo isso de modo automático e com o nível de segurança que se desejar.

No PDA você usa o memo (se o arquivo tem no máximo 4Kb) ou um editor de palmdoc simples (para arquivos com mais de 4Kb), que existem às dezenas para esta plataforma. O script pode ser feito em shell–script se o desktop usa Linux, ou em outra linguagem de script se o desktop usa Windows (python, PHP, etc.).

Conclusão

Talvez a indústria do hardware prefira o bi–processamento máximo, por motivos óbvios. Profissionais de visão, talvez prefiram uma computação móvel mais sensata. A escolha do paradigma vai definir a escolha de plataforma no seu PDA. [Webinsider]

…………………………………………………………………………….

Nota de Copyleft. CopyLeft Sérgio F. Lima 2003 2004 – Este documento está licenciado sob os termos da FDL (Free Documentation License) publicada pela Free Software Foundation.

Avatar de Sérgio Lima

<strong>Sérgio F. Lima</strong> (oigreslima@gmail.com) é professor de física no ensino médio, usa um PDA (com Palm OS) e usa a web 2.0 também como ferramenta de produtividade.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

6 respostas

  1. Pingback: Sergio Blog 2.4
  2. Pingback: Techbits
  3. Por uma computação móvel sensata
    A sua opinião é correta e muito bem apresentada. Cada equipamento e cada soft têm a sua finalidade e, para mobilidade, o correto são os PDAs, por todas razões que o professor enumera.
    Agora, se é para armazenar ou para processamento, existem os PCs, notebooks etc.
    Parabéns.

  4. Pingback: Techbits

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *