Clóvis La Pastina
À querida Casa do Trovão.
Janeiro de 2005. Este texto expõe o fim da Thunder House, uma das agências de internet mais criativas que o Brasil já teve.
Ela morreu silenciosamente, agonizante, esquecida, como se fosse uma atriz dos velhos tempos, reclusa, que prefere desaparecer no anonimato do que mostrar, a público, a perda da sua juventude que um dia ela julgara ser eterna.
Morreu como nasceu. Sem alarde. Nos anos de 1999 a 2001 viveu o mais intensamente possível. Ganhou o mundo. Viveu a fama. Recebeu prêmios.
Reuniu sob o seu teto alguns dos melhores profissionais do mercado. Mais do que fazer parte da história, fez a história em si. Foi objeto de desejo. Foi ilustre. Foi genial. Brilhante. Subiu aos céus. Fez escola. Inventou moda. Reinventou estilos. Provou que era possível trabalhar com imenso prazer e responsabilidade.
Trouxe uma lufada de ar fresco e juventude para o ambiente sóbrio da McCann. Derrubou paredes. Ganhou espaço. Projeção. Ganhou méritos e invejas.
Também ninguém sofreu como ela. Os reveses foram breves, porém intensos. As indiferenças foram mais doídas. Machucaram. Deixaram cicatrizes feias.
Ela surgiu do sonho e da mente do Bob Gebara. Seu criador. E nasceu com a cara do pai. Se fosse gente, a Thunder seria gente boa. De espírito livre, convicções claras, posições objetivas e uma energia contagiante. Como diz a moçadinha, por aí, hoje em dia, a Thunder era “tudo de bom”.
E como “tudo de bom” que se vai, deixa saudades. Deixa fãs. Deixa histórias e deixa filhos.
Ninguém a nega. Ninguém a renega. Todo mundo que lá esteve, traz um certo orgulho no peito.
Quem não tem orgulho da sua mãe? Ou da sua professora? Neste momento eu só posso dizer: “Descanse em paz, Thundy”.
Você não merecia. Mas já que aconteceu, descanse em paz. [Webinsider]
Webinsider
Artigos de autores diversos.
Uma resposta
Bom, procurando por um contato que levasse ao Bob Gebara me deparei com este texto do Clovis. E graças a Deus eu vivi aquela época e pude conhecer alguns dos que fizeram a Thunder. Confesso que este texto me fez arrepiar ao lembrar a época e os projetos.
Realmente deixou saudade.