Para começar uma discussão sobre criatividade vamos entender o que as pessoas comuns, de uma forma geral, pensam sobre o assunto.
No senso comum tem–se criatividade como um “dom inato” do indivíduo. Um dom que pode aflorar naturalmente desde que este indivíduo criativo seja livre para criar. Esta concepção inatista de criatividade separa as pessoas criativas das não criativas (acredita que o ser humano já nasce pronto e que pouco será influenciado pelo ambiente). Além disso, neste campo de definição a criatividade é relacionada à arte na maioria das vezes.
Um primeiro passo para confrontarmos esta definição é afirmar que todos as pessoas nascem com um potencial criativo (Experimentar, errar, imaginar e sonhar, veja ao lado). Mas esta afirmativa ainda se encaixa na concepção inatista de criatividade e não explica como as pessoas desenvolvem este potencial criativo..
Segundo Vygotski (1990), não podemos analisar uma criação individual sem levar em consideração as relações que o indivíduo criativo estabelece com outros sujeitos, relações estas mediadas pelas possibilidades e limites sociais impostos pelo momento histórico em que vivem.
Além de Vygotski, outros estudiosos como Eysenck e Gardner também sugerem que a atividade criadora não seria possível sem um contexto que envolve fatores cognitivos (tais como conhecimento e habilidade técnica) e de personalidade de quem cria, além de fatores ambientais (cultura, política e economia).
Portanto, não podemos definir a criatividade como um dom inato, pois a capacidade de criar é resultado de um aprendizado que pode ocorrer ao longo da vida de cada pessoa, desde as primeiras soluções inovadoras enquanto criança (como subir em uma caixa para pegar biscoitos no alto da mesa sem conhecer este tipo de solução) até soluções inéditas e práticas para problemas específicos na idade adulta.
Pensando desta maneira, as circunstâncias podem elevar ou tolher o potencial criativo do sujeito, independente de sua iniciativa. Quando uma mãe impõe uma regra limitadora a uma criança sem explicar o porquê ou o ambiente de trabalho é claustrofóbico e ditador, a criatividade dos envolvidos não encontra terreno fértil.
Com isso em mente, cabe ao profissional refletir sobre seu papel perante a sociedade e as relações que estabelece em seu ambiente de trabalho e em sua vida pessoal.
Assim poderá enxergar além do imediatismo da vida cotidiana e chegar a soluções realmente criativas e substanciais que solucionem efetivamente os problemas confrontados.
Imaginem se nossos políticos pensassem dessa maneira? [Webinsider]
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Guilherme Bova
Guilherme Bova (grb@port.folios.nom.br) é designer da agência Tritone e integrante do grupo responsável pelo projeto Portfolio?s
3 respostas
inatismo
não podemos nos prender apenas a uma concepção do desenvolvimento humano para esplicar a criatividade
mt massa…
foi mt util p um trabalho de psicologia da educação!
valew
e continuem publicando
;*