A convite do jornal Ohmynews, estivemos na Coréia do Sul para participar de um congresso sobre jornalismo comunitário, também conhecido como jornalismo open source (de código aberto) ou jornalismo cidadão.
O alicerce deste “novo” tipo de jornalismo é simples: todo cidadão também é um repórter, o que não anula a participação e mediação de jornalistas profissionais. Se a grande imprensa não consegue – ou não quer – dar o interesse devido aos problemas do seu bairro, da sua comunidade ou da sua cidade, coloque a mão na massa você mesmo e escreva sua reportagem. O tema já foi abordado aqui mesmo no Webinsider, em outras matérias. Veja ao lado.
No Brasil, o conceito de jornalismo comunitário é quase uma ilusão, perdida entre confusões de diplomas e sindicatos, mas na Ásia funciona há pelo menos cinco anos. A Coréia do Sul foi a pioneira mundial, ao lançar um jornal com reportagens escritas pela própria comunidade.
Foi uma aposta arriscada, há cinco anos, mas que em pouco tempo revelou–se uma fórmula de sucesso a ser copiada por Japão, Estados Unidos, Alemanha, França, Itália e até países como Vietnã, Tailândia, Índia e Cingapura. Todos já possuem seus jornais comunitários, com forte presença na internet e nas bancas, seguindo a fórmula do OhmyNews, que há menos de dois anos estreou a versão internacional (em inglês) do jornal.
Na capital Seul, o jornal impresso do OhmyNews já vende mais do que os “grandes”. Um fato a ser levado em consideração. Para os empresários e jornalistas profissionais presentes na Coréia, a ênfase neste tipo de jornalismo é tão otimista a ponto de decretarem, simbolicamente, o “fim do jornalismo do século XX” e o início de um novo tipo de imprensa, aquele onde jornalistas e sociedade civil fazem as matérias em conjunto.
O debate é acirrado, porém, mais interessante é observar como as discussões são pragmaticamente divergentes. Enquanto no Ocidente se discute se esse tipo de jornalismo vai dar certo, no Oriente se discute quando irá se sobrepor aos jornais tradicionais e fechados, no sentido corporativista da palavra.
Bom, mas o Oriente é muito longe e estamos no Brasil. Então, voltemos a discutir diploma e campanha salarial… e a perguntar, já sabendo a resposta, o por quê de os jornais estarem com a credibilidade tão baixa e as vendas caindo cada vez mais. [Webinsider]
.
Paulo Rebêlo
Paulo Rebêlo é diretor da Paradox Zero e editor na Editora Paradoxum. Consultor em tecnologia, estratégias digitais, gestão e políticas públicas.
Uma resposta
Certamente, é uma estratégia muito válida, quando o assunto é o descaso das comunidades de informação (jornais impressos, revistas, jornais web, rádio…), mas não devemos nos esquecer que no Brasil, todo o tipo de buxixo ganha proporções enormes sem ser checada. Não serve fazer uma coisa assim num mundo podre, por mais que tenha gente interessada, nem tudo são flores.
Exemplo disso são os diggs, só parar pra ler um pouco que percebemos que no Brasil principalmente,essa idéia de jornal físico comunitário por enquanto é inaplicável.
Mas, como solução é fabulosamente fantástica. Envolver a comunidade em algo de tamanha magnitude é sem dúvida a mais bela e perfeita noção do paraíso.
Que eles sejam felizes e que nós um dia ainda cheguemos lá!