Por empresas brasileiras de TI mais fortes

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Ricardo Kurtz

Estamos vivendo um momento no qual temos a percepção de que existe grande potencial e condições necessárias para que o Brasil inicie um novo ciclo de desenvolvimento econômico, tendo como protagonista o setor de tecnologia da informação (TI).

Isso pode ocorrer de duas formas: primeiro pela geração de emprego e renda, proporcionada pelas próprias empresas de TI. Trata–se de uma indústria limpa, que utiliza mão–de–obra em larga escala, remunera acima da média dos outros segmentos econômicos e tem produtos e serviços que geram alto valor agregado.

A outra forma é pelo ganho de produtividade que toda a economia do País terá. Isso porque a TI é o único setor que, através do seu trabalho consegue elevar a qualidade e produtividade de todos os outros segmentos.

Muito bem, isso é o que podemos vir a ser. Agora, quais os fatores e condições que nos permitem projetar isso?

Temos cada vez mais empresas do setor aprimorando seus processos e estabelecendo políticas comerciais mais agressivas e profissionais, fortemente apoiadas e incentivadas pelas suas entidades empresariais.

Contamos com vários parques tecnológicos que produzem e exportam tecnologia de ponta, com grandes empresas internacionais e nacionais como âncoras e ainda micro, pequenas e médias empresas orbitando em torno desses complexos.

Dispomos de uma mão–de–obra qualificada (embora tendendo a uma escassez preocupante no momento), com um padrão de vida mais elevado que o de nossos concorrentes diretos, Índia e Rússia, além de uma cultura muito mais próxima e identificada com os Estados Unidos e, fundamentalmente, a Europa.

Além disso, pela primeira vez vemos o Governo incluir a tecnologia da informação nas políticas prioritárias de desenvolvimento industrial. Nunca se falou tanto em software, exportação de serviços e produtos de TI, padrões, protocolos e outros termos relativos.

Tudo isso passou a fazer parte do dia–a–dia das mais diversas áreas e órgãos municipais, estaduais e federais, alem de estar no pensamento de nossos governantes.

Assistimos boquiabertos ao ineditismo da criação de uma medida provisória que traz incentivos à produção de computadores e exportação de software. Isso, apesar de ter sido feito de uma forma que acaba beneficiando fundamentalmente grandes empresas internacionais, já é uma ação positiva.

No entanto, o Governo tem que qualificar as ações para que possam convergir com suas intenções. Nossas pequenas e médias empresas nacionais continuam sendo penalizadas com a mais alta carga tributária da economia, pesadíssimos encargos trabalhistas e travas retrógradas que impedem a terceirização.

Essas dificuldades não existem para nossos concorrentes no mercado global, como Índia, Rússia, Irlanda e Israel, o que praticamente ceifa nossa expansão como exportadores e traz uma competição desigual para nosso mercado interno.

Uma pequena mostra disso é que apenas 17% do mercado brasileiro de TI – que é de 10 bilhões de dólares – correspondem às nossas empresas nacionais. Sem prevalecer em nosso terreno, jamais poderemos almejar conquistar outros espaços.

É necessária a criação de uma política de Estado, e não uma política de Governo, com ações isoladas. Devemos fazer o mesmo que nossos competidores diretos já implementaram há 15 anos atrás: um planejamento em longo prazo.

Só que não temos todo esse tempo para esperar. Precisamos urgentemente de ações imediatas que permitam começar logo um caminho de aumento do mercado de nossas empresas.

Um regime tributário simplificado mais justo e um forte incentivo à qualificação profissional e de gestão já seriam uma excelente e necessária forma de prepararmos o início desta jornada.

Nossos governantes podem ter a certeza de que vão contar com o apoio e trabalho determinado de todo os empreendedores e das associações empresariais do setor de TI, para que juntos posamos estruturar e construir as bases para o início de um novo ciclo de desenvolvimento econômico para nossa nação. [Webinsider]


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