Pouco antes do Natal a AMI realizou um evento com os diretores comerciais de Globo.com, Google, MSN, Terra, UOL e Yahoo, que falaram para mais de 100 pessoas no auditório do Grupo de Mídia de São Paulo. O objetivo foi fazer um balanço de 2005 e falar das perspectivas para 2006.
Gostaria de compartilhar as questões mais interessantes que foram levantadas.
Formatos publicitários
Um anunciante queixou-se da falta de flexibilidade dos sites em relação aos formatos disponíveis. Citou o caso de uma peça super-criativa desenvolvida por sua agência, mas que não pôde ser veiculada porque tinha um tamanho superior ao aceito pelo portal, (que aliás estava na mesa debatedora).
Para mim esse questionamento pode ser respondido de forma muito simples: pergunte a uma emissora de TV se ela aceita um comercial de 33 segundos para veiculação, no lugar dos 30 segundos que são padrão de mercado. Ou ainda se a editora Abril aceita um anúncio para Veja que tenha 21cm por 30cm, e não os 21cm por 28cm, que é o tamanho da página da publicação.
Tendências
Sem dúvida a comunicação móvel deve ser o próximo passo. É impossível não levar em conta os mais de 80 milhões de celulares no Brasil, sendo que 65% deles estão aptos para acessar a internet.
Os desafios, no meu ponto de vista, são dois: primeiro como comunicar sem invadir a privacidade; as pessoas reclamam muito – com razão – de spam nos e–mails, mas quem nunca recebeu uma ligação oferecendo planos e descontos para que você troque de aparelho e operadora? É spam! Em segundo lugar, a maioria dos celulares ainda são pré–pagos ou seja, será que as pessoas estarão dispostas a gastar créditos com publicidade? A palavra–chave para o dilema é “relevância”.
Formas de remuneração
Esse é um tema que gerou uma discussão acalorada. Como bem disseram alguns debatedores “o veículo não é sócio nem da agência ou do anunciante”. Salvo o modelo de links patrocinados, onde paga-se pelo clique, de forma geral ficou claro o repúdio às campanhas baseadas em desempenho. E, como sempre, mais uma analogia para ajudar: você conhece alguma emissora de TV que venda publicidade por desempenho em sua programação? Ou uma empresa de mídia exterior que faça o mesmo com outdoor?
Investimentos em mídia interativa
Foi consenso que 2005 foi mais um excelente ano para todos. Os investimentos cresceram e novos anunciantes veicularam campanhas online. Alguns inclusive mencionaram estar com o inventário completamente vendido nesse final de ano. Porém, também foi consenso que, pelo número de usuários que possui, os anunciantes ainda investem muito pouco em mídia interativa. Segundo dados apresentados pelo Ibope antes do debate, já são mais de 30 milhões de brasileiros online. Mesmo assim, como bem lembrou Maurício Palermo, do Terra, somente com a venda das cotas de patrocínio para a Copa do Mundo, a TV Globo faturou mais do que a totalidade dos investimentos publicitários em internet durante um ano.
Como mudar essa situação, como valorizar a internet frente às agências e aos anunciantes? Esse é o grande desafio que continua à mesa para uma mídia que parece ter nascido com culpa. Sim, pois estamos a todo momento tentando nos justificar: “invista em internet que a gente pode medir tudo, você pode mudar a campanha em tempo real” e por aí afora. O enfoque tem de ser outro: você tem que investir porque a audiência é qualificada e porque dá resultado. Ponto final. [Webinsider]
Marcelo Sant'Iago
Marcelo Sant'Iago (mbreak@gmail.com) é colunista do Webinsider desde 2003. No Twitter é @msant_iago.