O que seria mesmo um sapatênis?
Pois é, procurei no meu dicionário e não achei, mas me arrisco a dizer que é um produto consagrado que une o conforto do tênis com uma apresentação mais sofisticada dos sapatos, muito conveniente para o uso em ambientes mais informais.
Se falássemos tecnologicamente, poderíamos dizer que o sapatênis é um exemplo de convergência entre o produto tênis e o produto sapato!
Chato, né?
Pois é, também acho, do mesmo jeito que acho chato essa onda convergencionista que faz parte de todas as rodas de discussão sobre novas tecnologias.
O papo é mais ou menos assim: os games vão para a internet, que vai para a televisão, que vai para o IPod, que vai para o celular, que vai para o Palm, que pode ir para a geladeira, tudo lindo, fácil de operar e interativo!
Puxa, será que tudo vai acabar num sapatênis com uma telinha de cristal líquido no bico?
Claro que não!
Tecnologias não convergem, tecnologias divergem e dão origem a novos produtos. Tem sido assim ao longo da história da tecnologia da informação e da humanidade.
Essa é uma entre outras teses defendidas por Al Ries, no seu último livro “The Origin of Brands”, onde Ries se apropria do conceito da divergência de Darwin – o segundo princípio da origem das espécies, o primeiro é a evolução gradual – para justificar a origem de novos produtos e de novas marcas.
O PC é uma divergência dos minicomputadores, os notebooks são uma divergência dos PCs desktops e os handhelds (computadores de mão) são uma divergência dos notebooks. Os celulares divergem da telefonia fixa e o iPod dos CDs–player. Ou seja, muita divergência e nenhuma convergência.
Tenho um amigo, convergionista confesso, que adora falar em convergências de tecnologia e tem entre outros brinquedos de adulto um Palm Tungsten T5, um PSP da Sony, um celular da Nokia, um notebook da Dell e um iPod 60 Gb!?!?!
Na prática, ele fala de convergência e gasta dinheiro em divergências.
Então por que será que o meu amigo adora os assuntos sobre convergência? Bom, além de adorar tecnologias, acho que pelo simples motivo de que a convergência sempre fez parte do ideário humano.
Sonhamos com sereias, entre nossos heróis infantis encontramos o homem–morcego, a mulher–gato, o homem–aranha, e a mitologia nos traz o centauro e o minotauro.
O sonho da convergência já fez, no século passado, a humanidade sonhar e gastar bilhões com doidices do tipo: carros que voam, carros anfíbios, aviões–helicóptero (esse bem recente: Bell–Boeing V–22 Osprey), televisões que imprimiriam jornais, televisores com videocassete (esse você lembra), videofones e outras tantas engenhocas.
Al Ries diz ainda que sempre haverá mercado para os sonhados produtos convergentes (alô, usuários do Treo!), mas em função da sua complexidade (excesso de funcionalidades) esse mercado é marginal e se baseia nos “early adopters” de tecnologia, que nunca sustentarão a escala de produção necessária, fazendo desses produtos soluções pouco funcionais e muito caras. Logo, inviáveis mercadologicamente no médio prazo.
Bom, e o nosso sapatênis? Sei lá do sapatênis. Isso foi só uma pegadinha de um articulista sacana, o que eu sei é que a Nike não está nem um pouco preocupada com ele e não tem nenhum receio de que os seus produtos sumam por conta desse híbrido fashion. E para quem adora mesmo convergências, lembro (depois de pensar um pouco) que ainda existem o sofá–cama, o lápis–borracha e o nosso campeão de vendas, o glorioso rádio–relógio! [Webinsider]
2 respostas
Interessante o texto!
Tiago Zouk
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http://www.geekle.com.br
Oi Cesar,
Agora saiu o mocatenis, ou seja, é um mocassim com solado de tenis.
Esperimentei um na Riachuelo e achei bastante confortavel.
Abraços,
Ricardo