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São raras as grandes empresas que não seguem os preceitos consagrados nas academias e que não formatam suas estratégias de negócios e modelos de operação baseadas em modelos clássicos.

A Apple Computer Inc é uma dessas raridades: não segue definitivamente um modelo tradicional, como bem apontou a revista Time, que dedicou a capa a Steve Jobs em outubro do ano passado.

O que mais causa surpresa é que enquanto todos os “big players” de tecnologia focam seu negócio em um ou, no máximo, dois setores, a Apple foca em todos.

A Apple produz seu próprio hardware (iMacs e iBooks), os sistemas operacionais que rodam nesses hardwares (Mac OS X), os programas aplicativos que rodam nos sistemas operacionais (iTunes, iMovies, etc.) e também fornece os acessórios e os serviços associados a esses equipamentos (iTunes Music Store), criando uma espécie de tecno–economia fechada e muito própria.

Que empresa é essa que tem todas as competências da Microsoft, da Dell e da Sony reunidas num único ambiente, mantendo inesgotável ousadia e criatividade para desenvolver idéias que funcionam?

Por que não seguir os clássicos modelos de sucesso de uma economia de mercado e escalar suas receitas, por exemplo, licenciando o OS X para uma empresa como a Dell?

Respondo: por que essa é a empresa de Steve Jobs!

Steve Jobs é um dos maiores inovadores de tecnologia do mundo (na minha opinião, o maior) e talvez o único que não tenha formação acadêmica, nunca estudou em Harvard ou cursou qualquer MBA. O líder da Apple abandonou o Reed College depois de cursar apenas um semestre e viveu sempre à margem do mundo acadêmico, de seus modelos e seus estudos de caso.

Hoje, Steve Jobs discursa e é ovacionado nas principais universidades do mundo como um grande mestre. Nada mais justo.

Além da óbvia paixão que tem por tudo que faz, são duas as lições principais que Steve Jobs ensina quando fala da Apple.

A primeira é o que Jobs chama de “Colaboração profunda” (deeply collaboration, no inglês); os produtos desenvolvidos pela Apple não passam de equipe para equipe, não existe um processo de desenvolvimento seqüencial, todo o desenvolvimento se estabelece de forma simultânea e orgânica. Os produtos são desenvolvidos em paralelo por todos os departamentos (design, hardware, software), com um número sem fim e permanente de revisões do projeto original!!!

A segunda lição é sobre o “Controle”. Jobs não abre mão do controle e vive a operação da Apple com a paixão de um adolescente. Discute todas as idéias, mas não delega a responsabilidade das principais decisões sobre produtos. Faz questão de mostrar em atitudes que está mais do que presente, está no controle de tudo.

A visão de Jobs e essa forma nada ortodoxa de desenvolver idéias nos deram, nos últimos 30 anos, três das principais inovações tecnológicas da era moderna: o Apple II, o Macintosh e o iPod. O iPod, último dos “brinquedos” da Apple, já vendeu quase 50 milhões de unidades e parece ter fôlego para se estabelecer como o padrão de mercado.

Isso seria impossível se a Apple não fosse a imagem e semelhança de seu empreendedor.

Durante os anos 90, Jobs teve suas orientações estratégicas questionadas, foi afastado por alguns anos do comando geral da empresa que criou, num conflito de visões com os outros sócios e o conselho de administração da empresa.

Anos sabáticos?

Nada disso! Tempo suficiente para empreender na criação de outras duas empresas: a NeXT e a Pixar Animation Studios.

A NeXT foi comprada pela própria Apple e, segundo o próprio Steve Jobs, é a base tecnológica do renascimento da empresa. A Pixar se tornou simplesmente o maior estúdio de filmes animados por computador do mundo.

Jobs voltou, em 1997 (tempos de internet) para uma Apple com terríveis problemas financeiros. Para surpresa dos mais incrédulos e, baseado nas práticas de “controle” e “colaboração profunda”, em poucos anos colocou a empresa novamente em céu de brigadeiro, com um valor de mercado próximo aos US$ 72 bilhões.

Recentemente, a Disney adquiriu o controle da Pixar por US$ 7,4 bilhões.

Constam do acordo: a independência da operação da Pixar, garantindo o “ambiente de liberdade criativa e colaboração profunda”, e a manutenção da equipe de Jobs no comando da empresa, além da participação individual de Jobs com 6% dos papéis da companhia — o que lhe confere a condição de maior acionista individual do Grupo Disney — e um dos assentos na diretoria do Grupo Disney. Nada mal.

Talvez só agora seja possível entender por que em 1995 Jobs definiu “Toy Story” (ele estava no “controle”) como tema para o primeiro longa–metragem completamente gerado por computador e produzido pela Pixar. “Toy Stories” são constantes na vida de Steve Jobs!

Eu já comprei meu iPod Nano, e você? [Webinsider]

Avatar de Cesar Paz

Cesar Paz (cesar@ag2.com.br) é Board President na AG2 Nurun.

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3 respostas

  1. A meus amigos e conhecidos desde 1996 tenho falado sobre Steve Jobs e a Apple sendo correspondido por descrença e as vezes por interesse .
    Nunca entendi a veneração de micreiros por Bill Gates como gênio da informática .
    Sem desmerecer o gênio administrativo e altamente competitivo de Gates , não é por acaso que está no topo .
    Mas ele nunca foi um criador na altura de Jobs .

    Steve Jobs sim , esse é o maior gênio criativo da informática . Das mãos e mente dele nasceram :

    >> O formato do PC . Monitor , CPU e periféricos .
    Apple II
    >> Sistema Operacional orientado por icones no Macintosh. Imagine um computador sem mouse ?
    >> Primeiro HandHeld – Ele criou o Newton muito antes dos Palm existirem .
    >> Criou a Pixar Animation.
    >> Mudou novamente o formato dos PC com o novo i-mac . Acabou com o gabinete .
    >> Viabilizou o mercado de músicas on-line na Internet com o i-pod e o i-tunes.

    E agora lança o i-phone .

    Eu só lamento o fato do Brasil cobrar impostos onerosos e abusivos para importação dos equipamento Apple bloqueando qualquer possibilidade de andarmos no topo da tecnologia.

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