O pensamento oriental e a gestão do conhecimento

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(com Francisco Antonio Pereira Fialho e Marcelo Macedo)

Vamos analisar alguns pressupostos do sucesso oriental, do ponto de vista econômico e social, considerando a cultura milenar e o sucesso advindo da gestão estratégica do conhecimento nas organizações governamentais e privadas.

Este método se baseia na inovação, criatividade, motivação e na educação formal/não–formal, através de práticas e condutas filosóficas apoiadas em pensadores antigos.

A Ásia foi o berço de estudos filosóficos importantes, esteio para a aplicação de preceitos atuais da gestão estratégica do conhecimento, como o famoso livro de Sun Tzu, escrito há 2.500 anos, ou os Analectos de Confúcio, de 500 a.C.

Na atualidade, temos os trabalhos de motivação humana, de Yoshio Kondo, na gestão da qualidade temos Ishikawa, Miyauchi dentre outros e, na gestão do conhecimento, Ikujiro Nonaka e Hirotaka Takecuchi.

O sucesso atual do Oriente na guerra de mercados com produtos de alta qualidade e preços baixos, além de produtos com alto valor agregado, reflete as bases plantadas no passado, que propiciaram o conhecimento tecnológico baseado na gestão estratégica do conhecimento.

Tentaremos aqui expor estas bases e pressupostos e relacioná–los com o sucesso atual do Oriente.

Introdução

Neste artigo, a referência ao Oriente está basicamente na China, no Japão e na Coréia do Sul, países, em conjunto com os chamados Tigres Asiáticos, que são emblemáticos no que se refere ao pensamento oriental. Não entraremos em detalhes geográficos, pois o artigo tenta fazer uma ponte entre as bases filosóficas passadas e o sucesso atual da Ásia no campo tecnológico e científico. Os limites territoriais e de fronteiras se modificaram durante os séculos e aqui estamos falando de civilizações de cerca de 5.000 anos, no caso chinês, e de 2.000 anos, no caso japonês.

Segundo Granet (1997), a China perturba o Ocidente ao mostrar a possibilidade de existir outro pensamento, diferente do nosso, dotado de alta capacidade civilizatória, sendo sua assimilação plena nada trivial, pois seus fundamentos culturais são diferentes da nossa filosofia ocidental judaico–cristã.

Ao Ocidente chegou até nós apenas um pequeno número de obras atribuídas à antiguidade do mundo oriental. Sua história é obscura, texto incerto e língua mal conhecida e interpretação tardia e tendenciosa. Aliás, quase nada conhecemos de positivo da história antiga oriental.

A tradição ortodoxa atribui a Confúcio a relação de um grande número de obras, quase todas clássicas (os analectos). Mas críticos admitem que resta de Confúcio (se tanto) uma coletânea de conversações. Não sabemos ao certo se esta coletânea foi obra dos primeiros discípulos, chegando até nós uma edição reformulada de cerca de 500 anos após a morte do mestre (Granet, 1997, p. 14). A escola fundada por Confúcio é tida como Ortodoxa, em relação à Taoísta, que é mais dogmática para nós ocidentais. O Tao, o Yin e o Yang evocam sinteticamente à ordenação que rege a vida e que, de certa forma, são idéias de ordem, totalidade e ritmo.

De interessante as idéias diretivas, principalmente da China antiga, ninguém pensa em definir o Tao. Talvez esta intrigante forma de não definir o que não se dispõe de fatos concretos de experimentação, causem em nós uma perplexidade, pois temos aqui a admiração pelas obras dos mestres e não de deidades. Pois mesmo nos aspectos religiosos, os orientais têm nas obras de seus mestres ensinamentos filosóficos e não a busca de uma deidade criadora (Buda era um mestre, um homem e não uma deidade). Talvez seja a grande diferença em relação à nossa cultura ocidental.

Tentaremos trazer à tona os pressupostos do sucesso atual dos países asiáticos que, baseados em uma cultura milenar, onde temos os bunjin japoneses do século XVIII (escola de literatos), onde a literatura e a estética da caligrafia estão em harmonia (conhecimento e beleza), bem como aqueles mestres já incitavam todos os senhores locais (feudais) a iniciar escolas para as crianças que estavam em seu domínio regional.

A “Educação”, o “Conhecimento” e a “Estética” estão no centro do fenômeno de desenvolvimento asiático da atualidade, principalmente o fenômeno japonês, atualmente a segunda potência econômica do planeta (Drucker, 1999).

No próximo texto abordamos o pensamento estratégico e a base educacional do Confucionismo. Veja no menu ao lado: Confúncio, Sun Tzu e a gestão do conhecimento.
[Webinsider]

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Referências bibliográficas

– Clavel, J. A Arte da Guerra – Sun Tzu. Rio de Janeiro: Record, 2000

– Drucker, P. Sociedade Pós–Capitalista. São Paulo: Pioneira, 1999

– Granet, M. O Pensamento Chinês. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997

– Nonaka, I.; Takeuchi, H. Criação de Conhecimento na Empresa. Rio de Janeiro: Elseiver, 1997)

– Kondo, Y. Motivação Humana. São Paulo: Editora Gente, 1994

– Fleury et al. Gestão Estratégica do Conhecimento. São Paulo: Atlas, 2001

– Sgarioni, M. et al. As Lições do Mestre – Super Interessante. São Paulo: Abril, 2004 (edição 208)

– Weinberg, M. 7 Liçoes da Coréia para o Brasil. São Paulo: Veja (número 1892), 2005.

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Tibério da Costa Mitidieri (architib@terra.com.br) é doutorando em gestão do conhecimento

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5 respostas

  1. Ótimo artigo, fazendo a relação das idéias e estudos de antigos filósofos com a nossa realidade, já atuei na área de qualidade e atualmente as grandes empresas aplicam conhecimentos de Ishikawa com a teoria da caisa-e-efeito ou mais conhecido como teoria de espinha de peixe, que nos faz encontrar os problemas relacionados a certar áreas expecíficas como a da qualidade.

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