Por uma metodologia de arquitetura de informação

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Se o processo para gerenciar o design de ambientes de informação não for explícito, as chances de falhas aumentam. Portanto, o gerenciamento do design de ambientes de informação é mais eficiente e efetivo quando segue um método. (Morrogh, 2003, pág. 117)

Todos concordam que seguir uma metodologia torna o trabalho de arquitetura de informação mais organizado e produtivo, diminuindo as chances de falhas nos projetos. Na verdade isso não vale só para arquitetura de informação e sim para qualquer outro trabalho.

Estabelecer uma metodologia é muito importante. Segundo Latham (2002), é um dos três componentes necessários para se legitimar uma profissão. Os outros dois são o desenvolvimento de uma teoria para suportar a metodologia e um sistema de educação para formar futuros profissionais.

Apesar de ser um campo bastante jovem, já existem várias propostas de metodologias de projetos de arquitetura de informação de websites. Algumas mais completas, como a do ?uso polar? (apelido do livro Information Architecture for the Word Wide Web de Rosenfeld & Morville, publicado pela O?Reilly em 1998, com 2º edição em 2002. A capa do livro é uma ilustração de um urso polar). Outras propostas são mais simples, escritas na forma de guias e tutoriais.

Mas qual é a essência de todas elas? O que uma metodologia de projetos de arquitetura de informação precisa ter?

Alguns princípios básicos são essenciais a uma metodologia de projetos de arquitetura de informação de websites. Talvez você leitor consiga ver outros, mas vamos ficar com esses, que já nos trarão uma boa discussão.

Um princípio é que os projetos de arquitetura de informação de websites têm a característica de serem processos de design. Na verdade o projeto de um site como um todo é um grande processo de design, e, como em um fractal, o projeto da sua arquitetura de informação também o é. A comparação que fazemos entre arquitetura de informação e a arquitetura (aquela que projeta casas, prédios, pontes, etc.) já sugere isso, como afirma Belton (2003).

Processos de design são, segundo Chiou (2003), processos criativos e de grande esforço intelectual onde se faz um balanceamento entre forma e função para criar um objeto útil e agradável aos usuários. Esses processos normalmente possuem quatro fases, que precisam estar presentes nas metodologias de projetos de arquitetura de informação. São elas:

? Análise, onde os usuários, suas necessidades e seu ambiente são estudados e é definido o problema a ser resolvido.

? Conceituação, onde são definidas as linhas gerais da solução, a famosa ?visão macro? do site.

? Representação, onde os conceitos são detalhados e documentados. É aqui que entra o sitegrama, os wireframes e todos os demais documentos que fazemos.

? Implementação, onde se constrói o objeto, que no caso é o site.

Um aspecto que chama a atenção nos processos de design é que eles comumente não possuem uma fase de análise de resultados. Segundo Friedman (2000) ?os designers frequentemente terminam seu envolvimento com o projeto antes que as falhas apareçam e os clientes normalmente não retornam ao designer original para reparar o trabalho?. Isso é claramente uma deficiencia nesses processos porque não permite que o designer aprenda com os seus erros.

Como estamos tratando de uma metodologia de projetos, é recomendado pelo próprio PMI avaliar os resultados dos projetos de forma a aperfeiçoar constantemente a qualidade e a técnica (as famosas reuniões de lessons learned no final dos projetos são uma forma de fazer isso). Assim, esse é mais um princípio que precisa estar presente nas metodologias de projetos de arquitetura de informação, caso contrário nunca saberemos o que dá certo e o que dá errado.

Outro princípio é que as metodologias de arquitetura de informação precisam seguir uma abordagem de design centrado no usuário. Afinal de contas, satisfazer as necessidades do usuário é o objetivo da arquitetura de informação e está explicitado na sua própria definição.

Existem duas disciplinas com abordagens de design centrado no usuário que podem ser aplicadas de forma complementar nas metodologias de arquitetura de informação. A primeira é a Ciência da Informação, cuja as abordagens explicitam a importância de se formar uma visão holística do usuário, de buscar uma compreensão global das situações de uso da informação e de analisar o que ocorre antes e depois das interações do usuário com o sistema de informação.

Essas abordagens empregam técnicas de pesquisa qualitativa e podem contribuir com a fase de análise no nosso processo de design, apontando o que pesquisar e como pesquisar.

A segunda disciplina é a Interação Humano-Computador, que prega uma abordagem baseada em três fundamentos: focalizar no usuário e nas suas tarefas desde o início do projeto, aplicar medidas empíricas de usabilidade (os famosos testes de usabilidade onde o projetista interage com o usuário) e utilizar um processo de design iterativo com refinamentos sucessivos (projeta uma parte, testa com usuários, volta para a prancheta e assim sucessivamente).

Essa abordagem contribui com teorias e técnicas para as fases de conceituação e representação, que são responsáveis por criar as especificações do produto final do projeto.

Sintetizando tudo isso, temos o que uma metodologia de projetos de arquitetura de informação de websites precisa:

? Ser um processo de design, ou seja, ser um processo criativo orientado a resolução de problemas com as etapas comuns aos processos desse tipo: análise, conceituação, representação e implementação.

? Preocupar-se em analisar os resultados dos projetos de forma a aperfeiçoar continuamente as suas técnicas.

? Buscar uma visão holística do usuário e uma compreensão global de suas necessidades e situações de uso da informação, incluindo o antes e o depois de suas interações com o website.

? Aplicar um processo de design iterativo e interativo, com etapas de definição, validação e refinamento da solução utilizando testes de usabilidade.

Convido você leitor a fazer uma análise da sua metodologia de arquitetura de informação. Faz sentido tudo isso? Você pratica tudo isso nos seus projetos? Deveria praticar? Reflita. Afinal, se queremos que nosso trabalho se torne uma profissão, precisamos de uma metodologia. [Webinsider]

Referências:

BELTON, K. A Design Foundation for Information Architecture. In: MORROGH,E. Information Architecture: An Emerging 21st Century Profession. New Jersey: Prentice Hall, 2003, cap. 22, p. 143-153

CHIOU, F. We are all connected: The Path from Architecture to Information Architecture. Boxes and Arrows, 2003.

FRIEDMAN, K. Creating design knowledge: from research into practice. IDATER, 2000.

LATHAM, D. Information Architecture: Notes Toward a New Curriculum. Journal of the American Society for Information Science and Technology, v. 53(10), p. 824-830, 2002.

MORROGH, E. Information Architecture: An Emerging 21st Century Profession, New Jersey:Prentice Hall, 2003.

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Guilhermo Reis tem um curso em CD-ROM sobre Arquitetura de Informação à venda na loja online da Jump Education.

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<strong>Guilhermo Reis</strong> (reis@guilhermo.com) produz o <strong><a href="http://www.guilhermo.com" rel="externo">Guilhermo.com</a></strong>, sobre AI, usabilidade e webdesign.

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Uma resposta

  1. Sou Analista de Sistemas e minha experiência sempre foi em desenvolvimento trabalhando com metodologia! Somente há três meses trabalho com Portal e achei esta reportagem fantástica que agregou um enorme conhecimento ao desenvolvimento e entendimento do meu trabalho.

    Luzinete / ECT – Portal Correios

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